No Conselho de Segurança da ONU, Israel pede ‘todas as sanções’ contra o Irã, que afirma que agiu de forma legítima
No Conselho de Segurança da ONU, Israel pede 'todas as sanções' contra o Irã, que afirma que agiu de forma legítima
Israel convocou uma reunião de emergência após o ataque da noite de sábado. Israel quer que o Conselho de Segurança declare a Guarda Revolucionária do Irã uma organização terrorista.
Por g1
O Conselho
de Segurança da ONU se reuniu em caráter de urgência neste domingo (14), a
pedido de Israel, um dia depois de o Irã disparar mais de 300 drones e mísseis
para atacar Israel no sábado (13).
O
representante de Israel pediu para que o órgão aplique “todas as
sanções” contra o Irã, que respondeu dizendo que agiu de forma legitima ao
atacar o território israelense, direcionada apenas a alvos militares.
A ofensiva
do Irã foi uma retaliação ao ataque israelense contra a embaixada iraniana na
Síria. Rivais de longa data, Israel e Irã travam um duelo cuja intensidade
varia conforme o momento geopolítico.
O embaixador
israelense na ONU, Gilad Erdan, convocou uma reunião “imediata para
condenar de forma inequívoca o Irã por esta grave violação” e pediu ao
Conselho “que aja para designar como organização terrorista” a Guarda
Revolucionária, exército ideológico iraniano.
Na noite
deste sábado, o Irã disparou mais de 300 artefatos contra Israel em resposta a
um suposto ataque israelense contra seu consulado na cidade de Damasco, na
Síria.
O bombardeio
de 1º de abril destruiu o consulado iraniano em Damasco e matou dois altos
oficiais da Guarda Revolucionária.
O Irã
responsabilizou Israel pelo ataque à sede diplomática, mas Israel não
confirmou, nem desmentiu.
Fala do
representante de Israel
Gilad Erdan,
representante de Israel na ONU fez várias comparações entre o Irã e o regime
nazista:
Comparou o
regime do aiatolá ao 3º Reich, afirmando que o Irã não é diferente do regime
nazista e que o aiatolá não é diferente de Hitler.
Mencionou
que o regime do aiatolá age como o regime nazista ao buscar hegemonia e
exportar sua revolução.
Comparou
gritos de guerra do Irã (“morte a Israel, morte aos EUA”) ao
“Sig Heil” nazista.
O
representante de Israel na ONU afirmou que seu país tem o direito de retaliar o
Irã após o ataque sofrido. Ele destacou que Israel não é passivo diante de
ameaças e ataques: “Não somos sapos na água fervente, somos uma nação de
leões” (ele refere-se à ideia de que os sapos em água não percebem que a
temperatura está aumentando lentamente e não pulam para fora).
Ele pediu
ação do Conselho de Segurança da ONU para que imponha “todas as
sanções” contra o Irã e passe a considerar a Guarda Revolucionária uma
organização terrorista.
Resposta
do Irã
Logo depois,
o representante do Irã na ONU, Saeed Iravani, se pronunciou.
Ele afirmou
que o país realizou uma operação legítima, conforme as regras da ONU,
direcionada apenas a alvos militares.
Iravani
falou da proteção dada a Israel por países como EUA, Reino Unido e França na
Faixa de Gaza. Ele mencionou então o ataque contra as instalações do Irã em
Damasco, ressaltando que o Irã notificou a ONU e agiu dentro do direito
internacional ao responder.
Fala de
Guterres e do representante dos EUA
O
secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que o Oriente Médio
“está à beira do abismo” e que há um perigo de um conflito em larga
escala.
“É hora de reduzir e desescalar a situação e exercer o máximo de contenção”, dissse ele.
Ele fez um
breve relato dos acontecimentos desde o dia 1º de abril, quando o consulado do
Irã em Damasco foi atacado, e disse que criticou tanto esse ataque como a
resposta do Irã na noite de sábado (13).
“Pedi
um cessar imediato das hostilidades. É hora de recuar. Civis já estão pagando o
preço mais alto. Temos uma responsabilidade compartilhada de evitar uma nova
escalada. A paz e a segurança estão sendo minadas a cada hora. Não podemos
suportar outra guerra”, disse ele.
Robert Wood,
representante dos EUA no Conselho de Segurança, disse que o intuito do Irã era
causar dano e morte. Foi um risco para outros países na região. “O Conselho de
Segurança tem a obrigação de não permitir que tais ações fiquem sem resposta”.
Ele afirmou
também que se o Irã ou seus aliados tomarem ação contra os EUA, o Irã será
responsabilizado.
Vasily
Nebenzya, representante da Rússia na ONU, defendeu o Irã. Ele afirmou que o
Conselho de Segurança não condenou o ataque ao consulado do Irã em Damasco. “O
que aconteceu na noite de 13 de abril não foi no vácuo. O Irã agiu pela falta
de ação do Conselho de Segurança”.
Ele também
criticou países do Ocidente que não condenaram aquele ataque: “Hoje
testemunhamos uma mostra de hipocrisia e duplo padrão”.
Líderes
do G7
Os líderes
do G7, grupo dos sete países mais industrializados do mundo, condenaram o
ataque e disseram que trabalhariam para tentar estabilizar a situação no
Oriente Médio. A Itália, que ocupa a presidência rotativa do Grupo dos Sete,
agendou uma reunião virtual com os demais membros do grupo, que inclui EUA,
Canadá, França, Alemanha, Inglaterra e Japão.
Na
declaração, os líderes demonstraram preocupação com uma possível escalada de
tensões na região. Além disso, pediram cessar-fogo imediato em Gaza.
“Nós,
os líderes do G7, condenamos inequivocadamente e nos termos mais fortes o
ataque direto e sem precedentes do Irã contra Israel. O Irã disparou centenas
de drones e mísseis contra Israel […] Com as suas ações, o Irã aumentou o
risco de desestabilização da região e corre o risco de provocar uma escalada
regional incontrolável. Isto deve ser evitado”, disseram os líderes no
comunicado.
“Reforçaremos
também a nossa cooperação para pôr fim à crise em Gaza, trabalhando para um
cessar-fogo imediato e para a libertação de reféns pelo Hamas, e para aumentar
a assistência humanitária aos palestinos necessitados”.
Comissão
Europeia
A presidente
da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, afirmou que o ataque do Irã a
Israel pode provocar uma escalada de conflito na região e reiterou que isso
“deve ser evitado”.
“Ontem,
o Irã lançou um ataque massivo contra Israel, usando drones e mísseis. Um
ataque iraniano direto contra Israel não tem precedentes. Hoje, nós, os líderes
do G7, condenamos isso nos termos mais fortes. Expressamos a nossa
solidariedade e apoio ao povo de Israel e reafirmamos o nosso compromisso
inabalável com a sua segurança”, disse.
Von der
Leyen afirmou também que o grupo continuará a trabalhar para estabilizar a
situação. “Nós alertamos o Irã e seus aliados a cessar os ataques
completamente. Todas as partes devem exercer a máxima contenção.”
Estados
Unidos
No sábado,
Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, classificou o ataque do Irã contra
Israel como “descarado”. Neste domingo, Biden ao primeiro-ministro
israelense, Benjamin Netanyahu, que os Estados Unidos não participarão de
nenhum contra-ataque israelense contra o Irã.
Num
comunicado divulgado após os ataques, Biden afirmou ter dito a Netanyahu que
Israel “demonstrou uma capacidade notável para se defender e derrotar até mesmo
ataques sem precedentes”.
Biden não
disse no comunicado se ele e Netanyahu discutiram uma possível resposta
israelense ou um potencial envolvimento dos EUA. No entanto, John Kirby, o
principal porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, afirmou no domingo
(14) ao programa “This Week” da ABC que os Estados Unidos continuarão
a ajudar Israel a se defender, mas não querem a guerra com o Irã.
Israel
Em um
comunicado oficial, o membro do Gabinete de Guerra de Israel, Benny Gantz,
afirmou que o Irã pagará na hora certa pelo ataque feito ao país.
O porta-voz
da Diplomacia Pública de Israel, Avi Hyman, disse que o primeiro-ministro,
Benjamin Netanyahu ameaçou “ferir qualquer um” que tenha planos de
atacar Israel. “O Irã continua a desestabilizar o mundo e a trazer perigo
para a região […]. Nenhum país no mundo toleraria ameaças repetidas dessa
natureza”.
“Houve
um tempo que os judeus não tinham defesa e não tinham como se proteger. Hoje os
judeus têm Israel e nós vamos defender nosso direito de viver livremente na
nossa terra”, acrescentou.
Daniel
Hagari, porta-voz dos militares israelenses, disse que o país já aprovou
“planos operacionais para ações ofensivas e defensivas”.
Irã
O general
Mohammad Hossein Bagheri, chefe do Estado-Maior das forças armadas iranianas,
disse que a operação terminou, segundo a agência de notícias estatal IRNA. “Não
temos intenção de continuar a operação contra Israel”, afirmou. O Irã disse que
tinha como alvo instalações envolvidas no ataque a Damasco
Em um pronunciamento, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, disse que o país emitiu um alerta três dias antes do ataque contra Israel. Segundo ele, o país não defende “a escalada de tensões na região” e que as operações têm o objetivo de defesa legítima.