Nova carteira de identidade não terá campo ‘sexo’ nem distinção entre ‘nome’ e ‘nome social’, diz governo
Nova carteira de identidade não terá campo 'sexo' nem distinção entre 'nome' e 'nome social', diz governo
Definição foi anunciada pelo Ministério de Gestão e Inovação, que diz atender a pedido da pasta de Direitos Humanos. Nova regra deve ser publicada e implementada no fim de junho.
Por Lígia Vieira e Mateus Rodrigues, TV Globo e g1 — Brasília 19/05/2023 09h16 - Atualizado há 5 minutos
O Ministério
de Gestão e Inovação anunciou nesta sexta-feira (19) que a nova carteira de
identidade, que começou a ser implementada em 2022, passará a ser emitida com
duas mudanças em relação às normas definidas durante o governo do ex-presidente
Jair Bolsonaro:
a unificação
do campo “nome”, sem distinção entre o nome social e o nome de
registro civil;
a extinção
do campo “sexo”.
Os dois
campos não existiam no modelo antigo de identidade, emitido nas últimas décadas
em todo o país, mas foram estabelecidos após mudanças feitas na gestão anterior
do governo federal.
A volta da ausência dos dois campos na identidade atende a um pedido do Ministério dos Direitos Humanos e busca tornar o documento mais inclusivo. O governo do presidente Lula chegou a criar um grupo de trabalho para discutir as alterações. O modelo imposto por Bolsonaro recebeu críticas do Ministério Público Federal e de entidades LGBTQIA+
Essas novas
regras devem ser publicadas no “Diário Oficial da União” no fim de
junho e, então, passarão a valer de modo imediato. Os estados têm até 23 de
novembro para aderir à emissão do novo documento.
Nova
carteira de identidade
O novo
documento, que por enquanto é emitido apenas em 12 estados, vai substituir
gradualmente o RG. E, em vez de ter um número próprio, vai usar o próprio CPF
como identificação.
Hoje, cada
cidadão pode ter até 27 RGs diferentes, um por unidade da Federação. Com a
implementação da nova identidade, o brasileiro passa a adotar apenas o CPF como
número identificador.
O RG,
segundo o governo, deve cair gradualmente em desuso nos cadastros.
Segundo o
Ministério de Gestão, até abril, os estados tinham emitido mais de 460 mil
Carteiras de Identidade Nacional físicas e outras 330 mil tinham sido baixadas
em formato digital no aplicativo “gov.br”.
Críticas
aos campos sexo e nome social
O modelo
imposto no governo Bolsonaro com a inclusão de sexo e distinção do nome social
recebu críticas do Ministério Público Federal (MPF). A Procuradoria Federal dos
Direitos do Cidadão do órgão havia alegado que o novo modelo de RG, ao trazer
critérios sobre sexo e nome social, pode ser inconstitucional.
Para o
órgão, a utilização do nome de registro antes do nome social “configura
flagrante violação do direito à autoidentificação da pessoa trans” e abre
“perigoso precedente para a exposição vexatória de um nome que não
representa a pessoa que se deseja identificar”.
Em relação
ao campo “sexo”, a procuradoria considerou não haver necessidade
administrativa ou burocrática que justifique a inclusão desta informação. O MPF
também levou em consideração as pessoas intersexo, que possuem alguma variação
natural nas características do corpo em relação ao sexo biológico.
Entidades
ligadas aos direitos LGBTQIA+ também questionaram a inclusão do nome social em
campo separado – já que, na prática, travestis e transexuais continuariam tendo
que exibir o nome de registro, com o qual não se identificam.
Desde 2018,
transexuais e travestis também podem adotar o nome social no título de eleitor.
Assim como a nova identidade, o nome social substitui o nome de registro, em um
único campo.