Novos contingenciamentos dependerão de receitas do governo, diz Tebet
Novos contingenciamentos dependerão de receitas do governo, diz Tebet
Só haverá bloqueio em caso de frustração de receita nos próximos meses.
Publicado por Bruno Bocchini – Repórter da Agência Brasil - São Paulo
A ministra
do Planejamento, Simone Tebet, afirmou, nesta segunda-feira (25), que a
ocorrência de novos contingenciamentos no Orçamento Geral da União em 2023
dependerá do comportamento das receitas do governo. De acordo com a ministra,
caso as receitas não “se frustrem” nos próximos quatro meses, os bloqueios não
deverão ocorrer.
“Vamos ver
como que a receita vai reagir nos próximos quatro meses. Sem isso, não dá para
fazer uma avaliação. Vamos lembrar que o bloqueio não foi significativo nesse
quarto relatório bimestral, mas ele aconteceu justamente por conta da
frustração da receita. Se as receitas não nos frustrarem nos próximos dois
bimestres, nós podemos estar falando em não haver bloqueio”, disse Simone
Tebet, em entrevista na capital paulista.
Na
sexta-feira (22), o governo anunciou que fez o contingenciamento (bloqueio
temporário) de mais R$ 600 milhões do Orçamento Geral da União de 2023. Com
isso, o total bloqueado este ano subiu de R$ 3,2 bilhões para R$ 3,8 bilhões,
valor considerado baixo diante do total das despesas primárias, estimadas em R$
2,056 trilhões para 2023.
A ministra
ressaltou que, caso as receitas não sejam as esperadas, e o governo ainda tenha
que cumprir com o mínimo constitucional para saúde e educação, haverá impacto
em programas sociais importantes.
“Se ela [receita] vier frustrada, aliada a uma interpretação de aplicação do mínimo constitucional para saúde, aí nós podemos estar falando de um bloqueio significativo. Repito, vai impactar negativamente políticas públicas consideradas essenciais para o Brasil”, disse na entrevista, antes de fazer palestra na Fundação Getulio Vargas (FGV), na região da Avenida Paulista, em São Paulo.
O novo
arcabouço fiscal, em vigor desde 31 de agosto, restabeleceu a regra anterior,
que obrigava o governo a aplicar 15% da receita corrente líquida (RCL) em saúde
e educação, conforme determina a Constituição Federal.
O orçamento
de 2023, elaborado antes da aprovação do arcabouço, reservava R$ 168 bilhões para
a saúde. No entanto, o Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas,
divulgado na sexta-feira, atualizou as estimativas da RCL para cerca de R$ 1,26
trilhão, elevando o limite mínimo da saúde para R$ 189 bilhões, R$ 21 bilhões
acima do previsto.
“Qualquer
cenário que nos imponha os percentuais mínimos da Constituição, especialmente
na área da saúde, onde há uma margem maior para liberação de recursos, vai,
sim, impactar, e decisivamente, políticas públicas essenciais no Brasil”, disse
Tebet.
De acordo
com a ministra, o governo ainda não decidiu como enfrentar a questão. “Nós
ainda não sentamos para avaliar se vamos fazer a consulta via Tribunal de
Contas da União, ou se vamos aguardar, antes, a votação de um projeto que está
sendo apresentado no Congresso Nacional.”
Edição:
Nádia Franco