O Cara da Copa: Messi se despede com Argentina entre as favoritas
O Cara da Copa: Messi se despede com Argentina entre as favoritas
Craque chega ao Mundial após bom início de temporada no PSG e com a seleção invicta há 35 jogos, confiante depois dos títulos da Copa América e da Finalíssima
Por Rodrigo Nunes Lois – Rio de Janeiro 10/11/2022 07h16 Atualizado há 1 hora
O tempo
passou, e Messi mudou. Assim como a Argentina. O craque de 35 anos chega à Copa
do Mundo de 2022, a última da sua carreira, após meses de recuperação no Paris
Saint-Germain e enfim com uma seleção sólida, capaz de levá-lo ao sonhado
título.
Essa é a
segunda reportagem sobre os três craques considerados pelo ge como os
principais candidatos ao posto de “O Cara da Copa” deste ano. O primeiro foi
Neymar, e o próximo será Benzema.
A Argentina
de Messi estreia no dia 22 de novembro, contra a Arábia Saudita, às 7h (de
Brasília).
CORAÇÃO
DA “SCALONETA”
Messi vai
disputar a sua quinta Copa do Mundo. A Argentina foi considerada favorita nas
edições de 2010 e 2014, muito por causa de seu principal jogador. Mas havia
sempre algum desequilíbrio.
O cenário
deste ano é diferente. A Argentina leva na bagagem para o Catar uma
invencibilidade de 35 jogos oficiais — a maior da história da seleção. A
campanha nas eliminatórias sul-americanas, com 11 vitórias em 17 partidas, foi
a segunda melhor da equipe em todos os tempos.
O ápice até agora da “Scaloneta”, apelido da equipe do técnico Lionel Scaloni, foi a conquista da Copa América de 2021, em cima do Brasil, título que encerrou uma seca de 28 anos. Messi foi o artilheiro do torneio, com quatro gols em sete jogos, e eleito o melhor jogador.
— A Copa do
Mundo é muito difícil. Mas vamos estar lá, somos um deles (favoritos). Estamos
bem, estamos confiantes. Queremos que essa conexão com as pessoas continue
assim, além dos resultados. Quando estamos unidos, a Argentina é difícil de ser
batida — afirmou Scaloni, durante o lançamento da plataforma digital “AFA
Studio”.
Essa foi a
primeira conquista de Messi com a seleção principal. A segunda foi o título da
Finalíssima, no confronto com a Itália (campeã da Eurocopa), em junho. Troféus
que injetaram confiança no grupo e, ao mesmo tempo, tiraram peso das costas do
craque.
A Argentina
de Scaloni teve mais de 74% de aproveitamento nos 49 jogos que disputou até
hoje. É o melhor índice entre todos os 11 técnicos da história do país com mais
de 25 partidas.
E neste
ciclo, Messi marcou 19 gols e deu 11 assistências, em 35 jogos. Ou seja, foi
responsável direta ou indiretamente de 32,2% dos gols.
A
classificação para o Mundial foi obtida com cinco rodadas de antecedência. Algo
totalmente diferente de quatro anos antes, quando o camisa 10 precisou salvar a
Argentina no apagar das eliminatórias.
Além do
desempenho ruim e da eliminação nas oitavas de final da Copa do Mundo de 2018,
houve problemas internos com o técnico Jorge Sampaoli e todo o contexto de
crise da federação.
Nas edições
de 2006 e 2010, a seleção foi eliminada nas quartas de final, ambas as vezes
para a Alemanha.
O melhor
momento de Messi no torneio foi em 2014, no Brasil, quando a Argentina ficou
com o vice-campeonato, perdendo a final para os alemães. O camisa 10 foi eleito
o craque da Copa.
VIDA
DIFÍCIL EM PARIS
O ótimo
ciclo de Messi com a seleção sob o comando de Scaloni contrastou por meses com
o desempenho muito abaixo das expectativas na primeira temporada no Paris
Saint-Germain.
O craque
argentino chegou em agosto do ano passado, após saída turbulenta do Barcelona.
Não era a intenção dele deixar a Catalunha. O clube francês ofereceu dinheiro,
estrutura e um elenco de alto nível.
— Messi
tinha jogado a vida toda no mesmo lugar. Por mais que seja o melhor jogador do
mundo, precisava de tempo de adaptação ao time, ao futebol francês. Agora já
está acostumado, e os colegas entenderam que esta pode ser a equipe também de
Messi — comentou o jornalista argentino Ariel Senosiain, autor do livro
“Messi: O gênio completo”.
A conquista
da Bola de Ouro 2021 se deu pelo rendimento no Barça. Em 2020/21, ele disputou
47 jogos pelo time espanhol, marcou 38 gols e deu 12 assistências. O único
título foi a Copa do Rei. Controversa, sua vitória fez a France Football mudar
o período de avaliação.
Messi ainda
ficaria em segundo lugar na disputa pelo título de melhor jogador do mundo da
Fifa, atrás de Robert Lewandowski. Mas a realidade é que ele não repetiu em
2021/22 o mesmo brilho de antes.
O atacante
fechou a temporada passada com 11 gols e 14 assistências em 34 jogos. Foi o
terceiro pior ano dele em número de gols na carreira.
ENFIM, EM
CASA
A vida de
Messi e de muitos dos talentos do PSG mudou com a saída de Mauricio Pochettino
e a chegada do técnico Christophe Galtier. O time lidera o Campeonato Francês
com folgas e vem bem na Champions.
O atacante
se tornou o primeiro jogador em toda a história a marcar em 18 edições
consecutivas do torneio europeu, e estabeleceu o recorde de gols em
adversários: 39 times diferentes.
— Me sinto
bem fisicamente. Tive uma boa pré-temporada este ano, o que não pude fazer no
ano anterior (quando ainda estava no processo de deixar o Barcelona e pós Copa
América). Foi fundamental começar melhor, como fiz, com muito foco mental e
vontade — disse Messi, em entrevista ao Star+ em outubro.