O que é o acordo Mercosul-UE e por que Brasil quer ajuda da Espanha
O que é o acordo Mercosul-UE e por que Brasil quer ajuda da Espanha
Maior tratado de livre comércio do mundo está fase de revisão e ainda há divergências.
Por Luís Barrucho, BBC 26/04/2023 08h30 - Atualizado há 2 horas
O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e sua comitiva permanecem pouco mais de 24 horas
em Madri, na Espanha, com um objetivo claro em mente: contar com o lobby do
governo espanhol para concluir, de uma vez por todas, o acordo Mercosul-União
Europeia.
Isso porque,
em julho, a Espanha assume a presidência do bloco comum europeu.
O acordo,
que o governo brasileiro já anunciou querer concluir até a metade deste ano,
foi assinado em 2019, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL),
após 20 anos de negociações.
Apesar
disso, ainda está em fase de revisão entre os países dos dois blocos e há
divergências.
Entre os
entraves, está a questão ambiental, liderada pela França.
Os franceses
insistem que o tratado não deve ser implementado sem garantias
“sólidas” sobre o cumprimento do Acordo de Paris, o tratado mundial
sobre as mudanças climáticas.
Mas nos
bastidores fontes afirmam se tratar de uma desculpa para o protecionismo
agrícola — como o Brasil é grande produtor de alimentos agrícolas, produtores
franceses temem concorrência desfavorável em um cenário de eliminação de
tarifas.
Se a isenção de tributos é, sem dúvida, um ponto de discórdia, também é o maior benefício do acordo — quando entrar em vigor, será o maior tratado de livre comércio do mundo, englobando 32 países, com 780 milhões de pessoas e um Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços) combinado de US$ 20 trilhões (R$ 100 triilhões).
Para entrar
em vigor o acordo de livre comércio tem que ser ratificado por todos os 27 países
membros da União Europeia.
Lula falou
sobre o acordo em encontro com empresários em Madri.
O petista
disse que “o Brasil e os outros países do Mercosul (Argentina, Paraguai e
Uruguai) estão engajados no diálogo para concluir as negociações com a União
Europeia e esperamos ter boas notícias ainda este ano. É um acordo muito
importante para todos e queremos que seja equilibrado e que contribua para a
industrialização do Brasil”.
Ucrânia
Apesar de o
acordo União Europeia-Mercosul ser o principal assunto na mesa de negociações,
a Ucrânia é o tema que vem sendo mais destacado pela imprensa espanhola, depois
das falas polêmicas de Lula.
O petista já
repetiu em Madri o que falou em Portugal: que condena a invasão russa da
Ucrânia, mas que busca uma solução pacífica para o conflito.
Em
editorial, o jornal espanhol La Vanguardia disse que Lula “deve tentar
atingir seus objetivos sem esquecer qual foi o país agressor e qual foi o país
atacado. Qualquer solução justa para a guerra depende do reconhecimento desses
fatos. E então por agir de acordo (…) Contra a guerra, a cumplicidade entre
os democratas é essencial.
Em Portugal,
Lula tentou amenizar as declarações que deu em Abu Dhabi, quando voltava de
viagem à China, equiparando Rússia e Ucrânia e acusando Estados Unidos e União
Europeia de contribuir para o prolongamento do conflito.
Lula na
Espanha
Após visita
de cinco dias a Portugal, Lula chegou a Madri, na Espanha, na tarde de
terça-feira (25/4).
Na capital
espanhola, ele participou do encerramento do Fórum Empresarial Brasil-Espanha,
ao lado da ministra de Assuntos Econômicos e de Transformação Digital
espanhola, Nadia Calviño.
Nesta
quarta-feira (26/4) pela manhã, Lula se encontra com Pedro Sánchez, presidente
do governo da Espanha (cargo equivalente ao de primeiro-ministro) no Palácio
Moncloa, sede da presidência do governo e residência oficial de Sánchez.
Na
sequência, almoça com o rei Felipe 6º no palácio real.
Seu retorno
ao Brasil está previsto para a noite desta quarta-feira.