O que mostram primeiros resultados de referendo no Equador
O que mostram primeiros resultados de referendo no Equador
De acordo com os primeiros resultados, os eleitores equatorianos teriam aprovado a maioria das propostas do governo na consulta popular pedida pelo presidente Daniel Noboa.
Por BBC
As novas
medidas de segurança no Equador propostas pelo presidente Daniel Noboa
receberam o apoio dos cidadãos no referendo e consulta popular realizado no
domingo (21).
De acordo
com os primeiros resultados, as questões relacionadas à segurança receberam
maioria “sim”.
“Defendemos
o país, agora teremos mais ferramentas para combater o crime e restaurar a paz
às famílias equatorianas”, publicou o presidente Noboa em sua conta no
Facebook após conhecer os primeiros resultados.
A presidente
do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Diana Atamaint, disse em entrevista a um
canal de televisão local que nas próximas horas se confirmará se os resultados
são irreversíveis, embora a diferença em favor do “sim” seja tão
grande que parece pouco provável que o resultado final mude.
A votação
convocada por Noboa sobre as reformas na segurança, justiça, investimentos e
emprego foi concluída com uma participação de 72% dos 13,6 milhões de
equatorianos que foram chamados às urnas.
O nível de abstenção foi considerado como bastante elevado por Atamaint quando comparado com outros processos eleitorais.
De acordo
com os resultados preliminares, Noboa conseguiu vencer em 9 das 11 questões
contidas no plebiscito.
Os eleitores
apoiaram questões relacionadas ao domínio da segurança, como o papel das forças
armadas na luta contra o crime organizado, o aumento das penas para crimes
graves e a possível extradição de equatorianos exigida pelo sistema de justiça
de outros países.
No entanto,
os eleitores rejeitaram medidas econômicas que tinham provocado polêmica, como
a criação de contratos de trabalho por hora e a arbitragem internacional para
investimentos e questões comerciais.
O processo
tem sido visto por analistas como um “teste decisivo” para a gestão
de Noboa em seu curto mandato e a menos de um ano das novas eleições, nas quais
se espera que ele concorra à reeleição.
As próximas
eleições presidenciais e legislativas estão marcadas para fevereiro de 2025.
– Aprovar
que as Forças Armadas prestem apoio complementar à Polícia Nacional no combate
ao crime organizado.
– Permitir a
extradição de equatorianos.
– Criação de
magistrados especializados em questões constitucionais.
– Permitir
que as Forças Armadas realizem o controle de armas, munições, explosivos e
acessórios, permanentemente nas ruas.
– Aumentar
as penas para crimes de terrorismo e seu financiamento, produção e tráfico
ilícito de substâncias, crime organizado, homicídio, assassinato de aluguel,
tráfico de seres humanos, sequestro para resgate, tráfico de armas, lavagem de
dinheiro e atividade ilícita de recursos mineiros.
– Exigir que
as pessoas privadas de liberdade cumpram a totalidade da pena.
– Tipificar
o crime de posse ou porte de armas, munições ou componentes que sejam de uso
exclusivo das Forças Armadas ou da Polícia Nacional.
– Permitir
que as armas que foram instrumentos ou objetos materiais de um crime podem ser
destinadas ao uso imediato da Polícia Nacional ou das Forças Armadas.
– Permitir
que o Estado passe a ser titular (proprietário) de bens de origem ilícita ou
injustificada.
As 2
perguntas em que o ‘não’ venceu
Rejeição do
reconhecimento do Estado equatoriano da arbitragem internacional como método
para resolver disputas de investimento, contratuais ou comerciais.
Rejeição à
alteração da legislação para estabelecer contrato de trabalho com prazo fixo e
por hora, quando for celebrado pela primeira vez.
O dia da
votação transcorria normalmente até que o diretor de uma prisão foi
assassinado. Foi a terceira autoridade vítima de um ataque fatal nos últimos
dias. Nas vésperas do referendo, dois prefeitos de cidades onde há presença de
mineração também haviam sido mortos a tiros.
O Equador
está imerso num clima de insegurança há três anos, com um aumento recorde de
homicídios que elevou a taxa de mortes violentas para 40 por 100 mil
habitantes, uma das mais altas do continente, em 2023.
Sequestros,
agressões, extorsões e outros crimes também têm aumentado.
Como parte
da estratégia de combate à violência e ao crime organizado, o governo Noboa
declarou que o país se encontra em um conflito armado interno, ordenou o envio
das Forças Armadas às ruas e prisões do país e identificou como
“terroristas” gangues dedicadas ao tráfico de drogas.
A consulta
popular também foi realizada em meio a uma crise energética que nos últimos
dias provocou racionamento de energia elétrica por pelo menos seis horas
diárias. A situação ficou tão crítica que o governo suspendeu a jornada de
trabalho por dois dias.