Operação policial na Baixada Santista já matou 26 pessoas em fevereiro
Operação policial na Baixada Santista já matou 26 pessoas em fevereiro
Ação desta sexta-feira resultou em três mortes.
Publicado por Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil - São Paulo
As ações da
Polícia Militar na Baixada Santista já mataram 26 pessoas desde o início de
fevereiro, segundo informações divulgadas pela Secretaria de Estado da
Segurança Pública de São Paulo (SSP). Nesta sexta-feira (16), policiais
entraram em um apartamento no bairro Santa Cruz dos Navegante, em uma operação
que resultou em três mortes.
Segundo a
SSP, um dos mortos nesta última ação era um líder de facção criminosa conhecido
como Danone. Ele e outros dois homens teriam entrado em confronto com policiais
do Comando e Operações Especiais e acabaram mortos. De acordo com a SSP, a
perícia foi acionada e o caso será investigado.
Desde o
início do ano, foram lançadas ações em diversas partes do estado como reação a
morte de policiais, chamadas de Operação Escudo, mesmo nome dado a intervenção
que levou a morte de 28 pessoas ao longo de 40 dias em 2023. Porém, nos últimos
dias, a ação passou a ser chamada pelo governo paulista de Operação Verão.
Número elevado de mortes
O elevado
número de mortes levou a Defensoria Pública de São Paulo a enviar um pedido
para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) para que a entidade
demande o fim da Operação Escudo no estado.
A solicitação também é assinada pela organização não governamental Conectas Direitos Humanos e o pelo Instituto Vladimir Herzog, sendo endereçada ainda ao Alto Comissário das Nações Unidas para Direitos Humanos na América do Sul. No documento, as organizações pedem que seja demanda a obrigatoriedade do uso de câmeras corporais pelos agentes de segurança pública.
Segundo
levantamento do Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle
Externo da Atividade Policial do Ministério Público de São Paulo, neste ano,
até o último dia 14 de fevereiro, 71 pessoas foram mortas por policiais
militares em serviço em todo o estado. Dessas, 14 mortes foram em Santos, nove
em Guarujá, sete em Cubatão e sete em São Vicente, municípios da Baixada
Santista.
Ao longo dos
meses de janeiro e fevereiro de 2023, os policiais militares em serviço foram
responsáveis 48 mortes.
Denúncias de execução
Durante o
Carnaval, uma comitiva formada pela Ouvidoria da Polícia de São Paulo,
Defensoria Pública e deputados estaduais esteve na Baixada Santista. O grupo
colheu relatos de moradores de bairros da periferia que denunciam a prática de
execuções, tortura e abordagens violentas por policiais militares da Operação
Escudo contra a população local e egressos do sistema prisional.
“A sociedade
e os territórios periféricos estão muito assustados, relatando abordagens
truculentas, violentas e aleatórias, busca de egressos do sistema prisional,
torturas e execuções. O que a gente está vendo aqui é um Estado de exceção. O
Estado autorizando a sua força policial a executar pessoas sem o devido
processo legal, sem mandado judicial, sem chance à ampla defesa”, disse a
deputada estadual (Psol) Mônica Seixas à Agência Brasil.
A Secretaria
de Estado da Segurança Pública de São Paulo afirma que as operações são uma
“iniciativa voltada ao combate à criminalidade e a garantia da segurança da
população”. Ainda de acordo com a pasta, durante a Operação Verão na Baixada
Santista, 634 criminosos foram presos, incluindo 236 procurados pela Justiça.
Edição:
Valéria Aguiar