Opinião: Corinthians colhe o que plantou num 2023 de muitos vexames
Opinião: Corinthians colhe o que plantou num 2023 de muitos vexames
Trocas de técnicos e erros na montagem do elenco custam caro ao Timão, que seguirá pagando essa conta em 2024.
Por Bruno Cassucci — Fortaleza, CE
A eliminação
na Copa Sul-Americana é o melancólico desfecho para o 2023 do Corinthians.
Foi um
vexame. Não a derrota para o Fortaleza, um clube de torcida apaixonada, que vem
se estruturando administrativamente e desportivamente ao longo das últimas
temporadas e que tem uma forma definida de jogar, com um técnico há dois anos e
meio no cargo.
O vexame foi
a administração do Corinthians, que colhe agora o que plantou nos últimos
meses.
Na derrota
por 2 a 0 no Castelão, o Timão teve seu quinto treinador diferente na
temporada, cada qual com peculiaridades táticas e também de relacionamento.
Quem poderia imaginar que daria errado?
Faltaram
convicção nas escolhas e pulso firme para dar tempo aos processos. Na ânsia de
levantar uma taça em seu último ano de mandato, Duilio Monteiro Alves se deixou
levar pelo clamores das redes sociais e de conselheiros do clube. O resultado
foi uma série de decisões atabalhoadas, como a escolha por Cuca e a tentativa
de negar a condenação sofrida pelo técnico no passado. Tudo isso em meio a
jogos importantes, como o clássico contra o maior rival, Palmeiras, e duelos da
Libertadores.
A cúpula alvinegra – que não tem um diretor de futebol desde março – poderia ter tirado Fernando Lázaro após o Paulistão, mas preferiu dar três semanas de treinamentos para ele. Depois de quatro jogos, porém, optou pela demissão. A falta de “timing” voltou a aparecer na queda de Vanderlei Luxemburgo, sacado do cargo duas semanas após uma data Fifa.
Ainda em
2022, já se sabia que esse elenco do Corinthians era envelhecido e
desequilibrado. Eram necessários reforços, mas a temporada começou com apenas
três contratações: Matheus Bidu, Romero e Chrystian Barletta, que nem está mais
no clube após cinco jogos.
Não foi por
acaso que a equipe caiu para o Ituano no Paulistão e na fase de grupos da
Libertadores. É fácil entender o motivo. Difícil é explicar como, com tantos
problemas, o Corinthians ainda avançou até duas semifinais – a da Copa do
Brasil, é bom lembrar, com três classificações nos pênaltis.
Além de não
se reforçar como precisava, o Timão ainda abriu mão de seu artilheiro e melhor
jogador na temporada, Róger Guedes. Também vendeu bons jovens com pouquíssima
rodagem no elenco profissional. Sempre com o discurso de que “é assim
mesmo”, e que “nada poderia ser feito diferente…”.
Na lista de
vexames alvinegros, não entra a derrota para o Fortaleza, independentemente da
diferença astronômica de faturamento entre os dois clubes. Vergonha mesmo foi a
forma como foi conduzida a situação do meia Luan, o que culminou com a agressão
ao profissional num motel, ou ainda a invasão ao centro de treinamento por
organizadas que seguem mantendo laços com a diretoria do clube.
As
trapalhadas administrativas custaram um preço alto ao Corinthians, que
continuará sendo pago em 2024, quando o Timão não disputará a Copa
Libertadores.
Esse cenário
de terra arrasada é ainda mais danoso em um ano eleitoral, por estimular
promessas fáceis de serem ditas, mas difíceis de serem cumpridas.
Depois de um ano de traumas para o torcedor, o Corinthians não precisa de um salvador, mas sim de um planejamento de futebol bem elaborado e executado. Algo que claramente faltou neste ano.