Opinião: Stefani e Matos conquistam o maior título brasileiro no tênis desde o tri de Guga em Roland Garros

Opinião: Stefani e Matos conquistam o maior título brasileiro no tênis desde o tri de Guga em Roland Garros

Pela primeira vez na história uma dupla 100% brasileira venceu um Grand Slam.

Por Felipe Mussa — Rio de Janeiro 27/01/2023 09h44 - Atualizado há 2 horas

Os mineiros Bruno Soares e Marcelo Melo conquistaram Slams para o Brasil, mas sempre ao lado de um estrangeiro. E Melo chegou a ser o número um do mundo nas duplas. Mas a representatividade de uma parceira totalmente verde e amarela campeã de um dos quatro maiores torneios do tênis tem outro tamanho.

Reuters

O próprio Bruno Soares falou sobre a grandeza dessa conquista em entrevista para o site oficial do Australian Open.

– Alguns de nós ganhamos com parceiros não brasileiros, mas acho que há um significado muito, muito especial em vencer um Grand Slam com um time 100% brasileiro – disse o mineiro.

Mais que essa representatividade para o país, Rafael Matos e principalmente Luisa Stefani carregam um algo a mais. Uma aura de empolgação e motivação que só podem ser comparados aos grandes momentos do Brasil nesse esporte.

– Eles fazem as pessoas acreditarem, fazem as pessoas se apaixonarem pelo esporte, fazem as pessoas assistirem – definiu Bruno.

Mais do que simplesmente o título de um Grand Slam, a forma como ele foi conquistado também foi especial. A regra do ponto decisivo na dupla, quando está empatado em 40 iguais, deixa tudo ainda mais dramático. Ao todo foram seis igualdades no placar em que um ponto seria decisivo para qualquer uma das duplas vencer o game. Destaque para a quebra do 3 a 1 do segundo set, uma troca em altíssimo nível e que mostrou claramente o poder de decisão e coragem dessa parceria.

E parceria é com ela mesmo. Luisa não escolhe companhia, motiva e vence com a dupla do momento. Uma capacidade de se adaptar e orientar que faz qualquer parceiro ficar à vontade em quadra. Seja com a americana Hayley Carter, dupla com a qual chegou no top 100, seja com canadense Gabriela Dabrowski, com quem venceu o primeiro Masters 1000, ou mesmo com Laura Pigossi. Juntas, elas ganharam a histórica primeira medalha para o tênis brasileiro, o bronze nas Olimpíadas de Tóquio.

Agora Stefani conquistou seu primeiro Grand Slam, isso depois de uma cirurgia no joelho que custou um ano de recuperação. Uma conquista que enche ainda mais os brasileiros de esperança, já que foi ao lado de outra jovem potência do país no tênis. Rafael Matos, aos 27 anos, é hoje o melhor duplista brasileiro com a posição de número 29 do mundo. É sim, com 27 anos, Matos tem pelo menos mais 10 anos de competição em alto nível.

É claro que o ponto final tinha que ser dela. Assim como a paralela da vitória na semifinal, dessa vez foi na rede, onde ela se sente mais à vontade em quadra, que a paulista garantiu mais uma conquista inédita para o Brasil. Quem venham mais ineditismos, Luisa. Que seja só mais uma das grandes e novas conquistas que você vai trazer e inspirar ainda mais o país.

Luisa Stefani e Rafa Matos campeões do Australian Open — Foto: Jaimi Joy/Reuters

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