Pagar dívidas, guardar ou gastar: dicas de como usar o 13º salário
Pagar dívidas, guardar ou gastar: dicas de como usar o 13º salário
Gratificação injeta R$ 321,4 bilhões na economia do país, diz Dieese.
Daniella Almeida – Repórter da Agência Brasil
Nesta
sexta-feira (29), o 13º salário entrou na conta de cerca de 92,2 milhões de
trabalhadores com carteira assinada, inclusive empregados domésticos,
aposentados e pensionistas da Previdência Social da União, estados e
municípios. A estimativa é do Departamento Intersindical de Estatística e
Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Em média, o
pagamento extra será de R$ 3.096,78, o que resultará em um acréscimo de R$
321,4 bilhões na economia brasileira, equivalente a 3% do Produto Interno Bruto
(PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país.
A
supervisora técnica do Dieese, Mariel Angeli Lopes, disse à Agência Brasil que
o impacto da gratificação natalina é muito importante no desenvolvimento
econômico, sobretudo no fim do ano. “Aumenta a demanda por produtos e serviços
em todo o país. Os setores de comércio, bares, restaurantes, hotelaria e
turismo têm grande aumento de demanda, provocado pelo pagamento do 13º
salário.”
Se é bom
para a economia, a economista diz que também pode ser uma oportunidade de a
pessoa que recebe os recursos organizar suas finanças, investir ou montar uma
reserva de emergência. “A utilização dos recursos do 13º salário depende um
pouco de quais são as necessidades das pessoas que vão receber e de como que
está nessa situação financeira atual.”
Pelo
Conselho Federal de Economia (CFE), a conselheira Ana Cláudia Arruda também
entende que dinheiro extra é muito bem-vindo, especialmente quando as pessoas
não conseguiram montar sua reserva de emergência durante todo o ano. “É um
dinheiro que pode garantir uma saúde financeira para o início do ano.”
“Primeiro,
recomendamos listar as necessidades e as prioridades. Em geral, as pessoas não
colocam no papel os gastos e as prioridades desses gastos. É preciso fazer uma
lista pensando no que precisa ser comprado agora e no que pode ficar para
depois, não deixando de incluir a quitação de dívidas antigas, que é de
fundamental importância, tendo em vista os juros”, afirma Ana Cláudia.
Como usar
A Agência
Brasil separou dez dicas financeiras de como usar o 13º salário, com
planejamento. As sugestões vão de dívidas passadas a novas compras e
investimentos para o futuro.
. Quitação de dívidas
Os devedores
devem priorizar as maiores dívidas, com juros mais altos, sobretudo contas
atrasadas, como as de cartão de crédito, crediário e cheque especial.
A
conselheira Ana Cláudia Arruda observa que o endividamento também pode ter
impactos psicológicos. “Livrar-se de dívidas é algo fundamental para a saúde
psíquica e financeira das pessoas.”
. Negociação
com credores
O devedor
pode tentar obter descontos ou condições mais favoráveis para o pagamento do
débito, se não tiver condições de quitá-lo. “A entrada desse recurso pode ser
muito bem-vinda para facilitar na renegociação e, muitas vezes, na extinção de
várias dívidas e compromissos financeiros que essas pessoas têm para começar
2025 com uma renda menos comprometida com empréstimos e com dívidas
financeiras”, recomenda a economista do Dieese.
. Reserva financeira de emergência
O dinheiro
guardado pode ajudar, sem a necessidade de endividamento, a lidar com gastos
inesperados. Emergências como problemas de saúde próprios ou de familiares,
perda de emprego, reparos na residência ou imprevistos no automóvel podem
ocorrer. A reserva de emergência deve ser feita em ativo seguro (baixo risco de
perda do capital investido) e com liquidez, que garanta resgate imediato, em
caso de necessidade.
A Serasa
recomenda que a reserva seja equivalente a três a seis meses de despesas
mensais. “Isso pode variar dependendo da situação financeira pessoal e
profissional da pessoa. Um autônomo, por exemplo, deve ter uma reserva mais
robusta”.
“Quitação de
dívidas não é planejamento de gastos. Priorização de gastos também e a montagem
de uma reserva de emergência, que é fundamental para todas as pessoas”, diz Ana
Cláudia.
. Gerenciamento de gastos no início do ano
O abono de
Natal pode servir para pagar contas adicionais que costumam vencer no início do
ano e, assim, evitar aperto financeiro. Entre as despesas mais comuns estão a
compra do material escolar, a contratação de serviços educacionais e pagamento
de tributos como o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana
(IPTU).
. Planejamento de compras
Fazer uma
lista de itens que precisa adquirir, estabelecer um orçamento, pesquisar preços
e fornecedores antes de fazer a compra, estabelecer um valor máximo a ser
gasto. Se decidir pela aquisição, comprar com antecedência em relação às datas
comemorativas do comércio que incentivam o consumismo e evitar parcelamentos da
dívida, que em geral, têm juros embutidos.
. Descontos
Pedir
descontos em produtos e serviços, aproveitar promoções e trocar serviços mais
em conta podem fazer a diferença no orçamento.
. Novas dívidas
Mesmo com a
folga no orçamento dada pela remuneração suplementar, evitar novas dívidas e
comprar por impulso para não comprometer o planejamento financeiro com o que
não é essencial. Evitar gastos excessivos, sobretudo em tempos de compras de
Natal.
. Prazos de pagamento
Liquidar
toda a dívida de uma só vez pode ser uma boa forma de evitar juros, desde que
não se comprometa a quitação das demais despesas. E muitas lojas oferecem
descontos significativos para pagamento à vista. Em caso de compras parceladas,
o consumidor deve ficar atento ao acúmulo de cotas para não envolver uma parte
significativa da renda mensal, aumentando o risco de endividamento.
. Investimentos
Ana Cláudia
Arruda recomenda economizar e separar um pouco do recurso extra para uma
aplicação financeira. O dinheiro poderá expandir patrimônio e garantir recursos
para futuros objetivos, como comprar um imóvel, garantir a aposentadoria,
custear uma especialização ou fazer uma viagem. Os investimentos podem ser
diversificados. A distribuição do dinheiro em diferentes tipos de investimentos
pode gerar mais rentabilidade e reduzir riscos.
. Avaliação da situação financeira
Muitos
gastos merecem atenção porque drenam o orçamento sem a percepção real pelo dono
do dinheiro. A mudança de chave vinda do planejamento pode significar economia,
por exemplo, com o cancelamento de contratos abusivos, revisão de taxa de
anuidade de cartão de crédito, acompanhamento do consumo de serviços de
telefonia, energia elétrica e fornecimento de água, eliminação de serviços não
usados, como cursos, streaming, academia não frequentada.
Falar com
quem entende
O recurso
extra que chega no fim do ano pode melhorar as contas pessoais e até gerar mais
dinheiro.
Se precisar
de ajuda para organizar as finanças, a pessoa que recebe o bônus de fim de ano
pode procurar um consultor financeiro. O profissional pode analisar a situação
financeira atual, definir metas, identificar o perfil de investidor
(conservador, moderado ou arrojado) e dar informações que possam contribuir na
tomada de decisões conscientes sobre o dinheiro extra.
Atualmente,
existem diversos aplicativos de finanças pessoais gratuitos e pagos,
disponíveis para smartphones, que podem ajudar na organização de ganhos, gastos
e investimentos para fazer o dinheiro render.