Partido de extrema-direita vence eleição para Constituinte no Chile
Partido de extrema-direita vence eleição para Constituinte no Chile
O novo Conselho Constituinte conta com 50 nomes. Com a maioria das cadeiras, os partidos de direita vão deter o controle sobre a discussão da nova Constituição do país.
Por g1 07/05/2023 20h47 - Atualizado há 12 horas
Os partidos
de direita venceram a eleição para o Conselho Constituinte do Chile, com mais
de 95% dos votos apurados. O país foi às urnas neste domingo (7). O novo
conselho contará com 50 pessoas e será responsável por redigir a nova
Constituição chilena.
Os dados são
do órgão de eleições do país. Com mais de 95% dos votos contados, o Partido
Republicano, considerado de extrema-direita e liderado pelo ex-candidato
presidencial conservador José Antonio Kast, ficou na liderança, com 35,5% dos
votos.
Com isso, o
partido de Kast conseguiu mais de dois quintos das cadeiras disponíveis no
Conselho. Somados aos votos conquistados pelo Chile Seguro – coalização da
direita tradicional, que conseguiu 21,1% dos votos – os partidos de direita
conseguiram o controle sobre a discussão do novo regimento.
“Hoje é
o primeiro dia de um futuro melhor, um novo começo para o Chile”, disse
Kast.
Em segundo
lugar, veio o Unidad para Chile, coalizão de esquerda do presidente chileno,
Gabriel Boric, com pouco mais de 28%. Os demais votos foram para partidos
centristas.
Os artigos precisarão de uma maioria de três quintos do Conselho para serem aprovados. Os conselheiros eleitos começarão a redigir o novo texto em junho, com base em um projeto compilado por 24 especialistas constitucionais nomeados pelo Congresso em março. Os eleitores aprovarão ou rejeitarão a nova proposta ainda neste ano, em dezembro.
Este é o
passo mais recente em um esforço de anos para revisar o texto da era da
ditadura do país, depois que quase 80% dos chilenos votaram para redigir uma
nova constituição em 2020, após violentos protestos contra a desigualdade.
A primeira
reescrita da Constituição foi redigida por conselheiros amplamente
independentes e de esquerda e se concentrou em benefícios sociais, direitos
ambientais, paridade de gênero e direitos indígenas. Foi considerada uma das
constituições mais progressistas do mundo, mas muitos eleitores a consideraram
muito polarizadora e o processo foi atolado em controvérsias.
Boric, que
assumiu o cargo em março, chegou ao poder em uma onda de otimismo em torno da
reforma. Mas desde então seus índices de aprovação despencaram, em meio às
dificuldades enfrentadas pela economia chilena e com o aumento da criminalidade
se tornando as principais preocupações dos eleitores.
Boric também
sofreu uma derrota política depois de colocar seu peso na primeira reescrita,
que foi rejeitada por quase 62% dos eleitores. Desde então, o presidente se
distanciou do processo, mas prometeu apoiá-lo.
“O
governo não se intrometerá no processo e respeitará a autonomia da entidade em
suas deliberações”, disse Boric a repórteres na manhã de domingo após a
votação, acrescentando que o governo atuará como fiador e apoiará as
solicitações do novo Conselho.
Boric também
pediu unidade política, pedindo aos conselheiros “que não pensem nas
próximas eleições, mas na próxima geração”. “Desta vez não há margem
para erro”, disse Boric.