Patricia Bullrich, derrotada nas eleições na Argentina, declara apoio a Javier Milei
Patricia Bullrich, derrotada nas eleições na Argentina, declara apoio a Javier Milei
Candidata da direita, que ficou em 3º lugar nas eleições, disse que quer frear "o perigo do kirchnerismo" representado por Sergio Massa, atual ministro da Economia que liderou os votos e irá ao 2º turno com Milei.
Por g1
A candidata
à presidência da Argentina Patricia Bullrich, derrotada no primeiro turno,
declarou nesta quarta-feira (25) apoio ao ultraliberal Javier Milei no 2º
turno, que acontecerá em 19 de novembro.
Bullrich foi
a terceira colocada nas eleições, realizadas no domingo (22), e seu apoio era
considerado um dos pontos cruciais para o segundo turno por conta da migração
de votos – ela angariou cerca de 24% dos votos.
Candidata da
direita, Bullrich criticou Milei ao longo da campanha e chegou a chamar suas
ideias de “perigosas e ruins”. Em entrevista nesta quarta, no
entanto, ela afirmou que quer impedir o “perigo do kirchnerismo”, em
referência a Sergio Massa, aliado dos ex-presidentes Nestor e Cristina Kirchner
(leia mais abaixo).
Massa,
ministro da Economia do país, surpreendeu e terminou em primeiro lugar, com
mais de 36% dos votos. Já Milei, o segundo colocado, obteve cerca de 29%.
“Este
momento nos interpela a não sermos neutros diante do perigo do kirchnerismo do
Sergio Massa”, declarou. “Quando a pátria está em perigo, tudo é
permitido”.
Indicando um racha já previsto dentro de sua coligação Juntos por el Cambio, Bullrich disse ainda que sua decisão de pedir votos para Milei é pessoal, e não de toda a coligação.
No anúncio,
ela estava acompanhada do ex-presidente Mauricio Macri. Há a expectativa que
uma parte da coligação, contrária a Milei, possa apoiar Massa.
Após o
anúncio de Bullrich, Javier Milei publicou em sua conta no Twitter um desenho
de um leão – como ele gosta de se definir – abraçando um pato – em referência
ao apelido em espanhol para Patricia.
Durante a
campanha eleitoral na Argentina, Patricia Bullrich ficou conhecida como
“candidata da lei e da ordem”, por defender ideias como aumentar
penas para menores de idade que cometem crimes e alterar a idade em que as
pessoas são consideradas imputáveis.
Ex-ministra
de Segurança do ex-presidente Mauricio Macri, ela iniciou a carreira política
como militante de esquerda, foi se deslocando para a direita ao longo dos anos,
até se tornar ministra de Macri.
Nas
primárias realizadas no país em agosto, Bullrich terminou em 2º lugar, atrás de
Milei.
Massa e o kirchnerismo
Massa é um
peronista, ou seja, ele é da corrente política herdeira do ex-presidente Juan
Domingo Perón, que foi presidente da Argentina três vezes no século 20.
Nos últimos
20 anos, o peronismo é dominado por uma corrente de esquerda, o kirchnerismo –
aliados de Néstor e Cristina Kirchner, que foram presidentes do país a partir
de 2003.
Massa teve
uma relação ora próxima ora distante com os Kirchner.
Ele foi
ministro dos governos de Néstor e Cristina, mas rompeu com os aliados e tentou
se estabelecer como um peronista não kirchnerista. Em 2015, ele se lançou como
candidato de oposição ao governo de Cristina. Massa acabou perdendo para um outro
opositor, Maurício Macri.
A
reconciliação com o kirchnerismo veio em 2019. Os peronistas, em um sinal de
união, lançaram Alberto Fernández como candidato a presidente, Cristina
Kirchner como vice e Sergio Massa como o primeiro nome da lista de deputados
federais (no país, não se vota em uma pessoa para deputado federal, mas em uma
frente política, e a ordem dos políticos que vão ocupar os cargos é elaborada
pelos próprios dirigentes).
Eleito,
Massa foi escolhido para a presidência da Câmara dos Deputados. Ele tem
reputação de ser um político pragmático e um bom negociador.
Em agosto de
2022, ele assumiu o Ministério da Economia. A inflação estava descontrolada, e
o país estava com dificuldade para fazer pagamentos ao FMI. A situação da
inflação não melhorou nos últimos meses.
Milei
Javier Milei, de 53 anos, é um economista ultraliberal que lançou-se ao cargo de presidente da Argentina pela coligação A Liberdade Avança, que ele mesmo criou.
Ele ficou
famoso na Argentina por suas participações em programas televisivos. Durante a
pandemia, em protestos contra o confinamento que o governo havia imposto para
evitar o contágio, o economista acabou se tornando um político.
Milei afirma
que resolveu se tornar político por um chamado de Deus (ele é católico, apesar
de ter criticado o Papa Francisco, dizendo que o líder da Igreja tem afinidade
com comunistas assassinos).
Em seu
discurso anti-establishment ele caracteriza os políticos como uma casta que
seria a culpada pelos problemas econômicos argentinos. A pregação deu certo:
multidões foram aos comícios dele, e os apoiadores, em sua maioria homens
jovens, são eufóricos e participativos.
Em 2021 ele
se candidatou ao cargo de deputado federal pela cidade de Buenos Aires e
surpreendeu: o partido dele foi a terceira força mais votada.
O economista
não teve um desempenho chamativo como deputado, mas continuou a atrair
multidões. A Argentina vive dois grandes problemas econômicos:
– A inflação
está descontrolada
– Faltam
dólares no país