PF abre inquérito para investigar suspeitas de genocídio e omissão de socorro aos Yanomami
PF abre inquérito para investigar suspeitas de genocídio e omissão de socorro aos Yanomami
Investigação foi aberta a pedido do ministro da Justiça, Flávio Dino. Objetivo é verificar se há elementos para responsabilizar governo anterior e toda a cadeia do garimpo ilegal.
Por Camila Bomfim, GloboNews — Brasília 25/01/2023 11h22 - Atualizado há uma hora
A Polícia
Federal abriu inquérito para investigar se houve crime de genocídio e omissão
de socorro na assistência dada pelo governo federal aos Yanomami.
A
investigação foi aberta a pedido do ministro da Justiça e Segurança Pública,
Flávio Dino, e vai tramitar em Roraima.
Na
segunda-feira (23), Dino encaminhou o ofício com o pedido de apuração ao
diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.
O ministro
citou “os reiterados pedidos de ajuda contra a violência decorrente do garimpo
ilegal, bem como a ausência de efetivas ações e serviços de saúde à disposição
dos Yanomami”.
Esses
elementos, segundo Dino, reforçam uma possível intenção de causar lesão grave à
integridade ou mesmo provocar a extinção do grupo originário.
O
objetivo é investigar:
a
participação ou a omissão de ex-integrantes do governo federal;
os envolvidos
em toda a cadeia do garimpo ilegal, incluindo proprietários de equipamentos,
garimpeiros, barqueiros, operadores de máquinas e até o piloto do avião que
transporta envolvidos e produtos.
Crise
sanitária
Mais de mil
indígenas em estado grave de saúde foram resgatados da Terra Indígena Yanomami
nos últimos dias por equipes do Ministério da Saúde que atuam de forma
emergencial em comunidades dentro da reserva.
A estimativa
foi divulgada nesta terça-feira (23) pelo secretário de Saúde Indígena (Sesai)
do ministério, Weibe Tapeba, durante coletiva de imprensa em Boa Vista.
As equipes
estão na reserva desde o dia 16 de janeiro para atuar frente à desassistência
sanitária no território. Os indígenas sofrem, principalmente, com malária e com
desnutrição grave, afirma Tapeba.
“Nós
acreditamos que mais de mil indígenas foram resgatados nesses últimos dias do
território para não morrer”, afirmou. Em uma semana, o único hospital
infantil do estado recebeu 29 crianças Yanomami doentes.
Os indígenas
são resgatados das comunidades onde vivem e levados ao posto de Surucucu – uma
unidade considerada de referência na região, mas que se resume a um barracão de
madeira de chão batido e com estrutura precária.
De lá, os quadros gravíssimos são encaminhados para Boa Vista.