PF e AGU firmam parceria com TSE para combater fake news nas eleições
PF e AGU firmam parceria com TSE para combater fake news nas eleições
Entidades passam a integrar centro de enfrentamento à desinformação.
Publicado por Pedro Peduzzi - Repórter da Agência Brasil - Brasília
A Polícia
Federal (PF) e a Advocacia-Geral da União (AGU) fazem parte, a partir desta
quarta-feira (3), do Centro Integrado de Enfrentamento à Desinformação e Defesa
da Democracia (Ciedde). Criado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o grupo
tem o objetivo de combater a divulgação de conteúdos falsos e as chamadas
deepfakes, em especial durante os períodos eleitorais.
Segundo o
TSE, o Ciedde promoverá, durante o período eleitoral, cooperações entre Justiça
Eleitoral, órgãos públicos e entidades privadas, inclusive com a participação
das plataformas de redes sociais e de serviços de mensagens instantâneas
privadas.
A utilização
irregular da inteligência artificial (IA), tecnologia que permite, por exemplo,
a criação de vídeos falsos utilizando voz e imagem de personalidades públicas
(deepfakes), é também uma preocupação do grupo para as eleições municipais de
2024.
Para lidar
com esse problema, o Ciedde contará, em tempo real, com uma rede de comunicação
envolvendo os 27 tribunais regionais eleitorais (TREs). Também caberá ao centro
integrado desenvolver campanhas publicitárias de educação contra desinformação,
discursos de ódio e antidemocráticos e em defesa da democracia e da Justiça
Eleitoral.
Expertise
e braço jurídico
Durante a cerimônia de assinatura do convênio que incluiu as duas entidades no grupo, o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, disse que, no caso da PF, a corporação poderá contribuir significativamente por meio da expertise que tem na área cibernética, “tanto na prevenção quanto na rápida repressão, quando houver necessidade.”
“A AGU será
o braço jurídico do Ciedde, para fazer cumprir as resoluções e as determinações
do TSE, quando não houver esse cumprimento imediato. Teremos um contato; um
link direto com a AGU”, disse Moraes. “Se comunicadas, as plataformas que não
retirarem imediatamente [a notícia falsa ou a deepfake] terão, além das sanções
administrativas, ações pecuniárias”, acrescentou.
O ministro
disse, ainda, que as redes sociais não podem ser instrumentalizadas e
capturadas “para realizar uma verdadeira lavagem cerebral do mal nos eleitores
e nas eleições”, e que o Ciedde será um órgão eminentemente preventivo, de
forma a evitar que haja necessidade da repressão.
“Quando
acionado, atuará para descobrir aqueles que estão tentando manipular a vontade
do eleitor. Vamos combater este que é o mal do século 21: a desinformação e a utilização da
inteligência artificial para criar deepfakes e atrapalhar a vida dos
eleitores”, completou.
AGU
Também
presente no evento, o advogado-geral da União, Jorge Messias, disse que
democracia é princípio continente, sem o qual não existe Estado de Direito.
“Hoje não se pode falar de democracia sem falar em combate à desinformação”,
afirmou.
“A
desinformação – o que eu tenho chamado de desordem informacional – é uma forma
de corrupção do processo eleitoral. Esta é uma forma de corrupção do processo
democrático porque tira do eleitor as condições necessárias para exercer com
liberdade o seu direito ao voto, que é um direito sagrado previsto na nossa
Constituição”, acrescentou.
Segundo
Messias, percebe-se no Brasil e no mundo a ascensão de ferramentas
desinformativas. “Mas nós sabemos exatamente quem opera esta máquina que é não
apenas de desinformação, mas também de ódio programado para dividir as famílias
e a sociedade brasileira, com interesses eleitorais.”
“Sabemos que
isso não é algo desinteressado nem ingênuo. Trata-se de uma ação monetizada,
profissional e extremamente sofisticada. Para combater esta iniciativa, o
Estado brasileiro também precisa se profissionalizar e ter estruturas de
inteligência integradas e bem equipadas. Este é o nosso propósito”,
complementou.
Edição:
Juliana Andrade