PF faz buscas contra ex-funcionário da Presidência no caso das joias
PF faz buscas contra ex-funcionário da Presidência no caso das joias
Marcelo da Silva Vieira não entregou o celular, como tinha prometido à PF no mês passado, e Justiça acabou autorizando a apreensão.
Por Bruno Tavares, TV Globo 12/05/2023 07h52 - Atualizado há 45 segundos
Marcelo da
Silva Vieira, chefe do Gabinete de Documentação Histórica da Presidência da
República no mandato de Jair Bolsonaro (PL), é alvo nesta sexta-feira (12) de
buscas pela Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro no caso das joias sauditas.
A PF tentava apreender o celular dele.
Em
depoimento à PF no mês passado, Vieira tinha afirmado que Bolsonaro participou
de um telefonema sobre um ofício feito pelo braço direito, o tenente-coronel
Mauro Cid, para tentar resgatar as joias sauditas apreendidas pela Receita
Federal no Aeroporto de Guarulhos.
A TV Globo
apurou que Vieira, ao depor, tinha prometido entregar o celular para a perícia
e só não deixou o aparelho no dia porque “estava atrasado” e iria “pegar um
voo”. A PF aceitou. O servidor acabou mudando de ideia e não apresentou o
telefone até agora.
A PF, então,
pediu a apreensão do celular. A Justiça de Guarulhos negou, mas, em recurso, o
Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) autorizou e expediu o mandado.
No
depoimento, segundo o Blog da Andréia Sadi apurou, o servidor contou que, em
dezembro de 2022, Cid pediu para ele assinar um ofício que seria enviado à
Receita para solicitar a incorporação dos bens aprendidos pela presidência.
As tratativas todas ocorreram por WhatsApp, e não por vias oficiais.
Mauro Cid
enviou ofício para Vieira em 27 de dezembro, às vésperas de Bolsonaro deixar o
governo e partir para os Estados Unidos, e em meio à operação casada entre o
gabinete de Bolsonaro e a chefia da Receita Federal para recuperar as joias.
Vieira se
negou a fazê-lo.
Depois da
negativa, os dois falaram ao telefone sobre o assunto – Vieira disse à PF não
se lembrar quem fez a ligação.
Durante o
contato, Vieira contou à PF que “Mauro Cid colocou a ligação no modo viva-voz e
pediu ao declarante para que explicasse ao presidente da República essa
situação e por que não poderia assinar”.
Vieira
afirma, então, deu explicações técnicas sobre a impossibilidade e que Bolsonaro
disse “Ok, obrigado”.
Vieira era
chefe do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH). Sua função era
revisar o que poderia ser aceito como presente para o acervo privado
presidencial ou não. Ele estava no órgão desde 2017, quando Michel Temer (MDB)
era presidente — e foi exonerado do cargo em janeiro de 2023, assim como outros
funcionários do governo, quando Lula (PT) assumiu a presidência.
‘Ao
presidente da República’
Vieira
relatou à PF que, em outubro de 2021, recebeu um contato do Ministério das
Minas e Energia informando que o ex-titular Bento Albuquerque havia recebido um
presente de autoridade estrangeira para “ser entregue ao presidente da
República”.
Albuquerque
liderou a comitiva do governo brasileiro que, naquele ano, foi à Arábia Saudita
e voltou com presentes de autoridades locais. Parte deles, o conjunto de joias
de R$ 16 milhões foi descoberto pelos funcionários da Alfândega do Aeroporto de
Guarulhos.
Mas um outro
pacote, avaliado em US$ 500 mil e contendo entre outras coisas um relógio da
marca de luxo Chopard, entrou sem ser percebido.
Sem detalhar
quais eram os itens, Vieira disse voltou a ser procurado pelo Ministério das
Minas e Energia sobre o assunto mais de um ano depois, em novembro de 2022 – um
mês antes do fim do mandato de Bolsonaro. O objetivo desse contato, segundo o
ex-funcionário, era organizar a entrega de itens ao presidente.
A entrega
foi feita no Palácio do Alvorada, segundo o ex-funcionário, pois Bolsonaro já
não estava indo mais ao Palácio do Planalto.