PGR pede afastamento de Gladson Cameli (PP), governador do Acre
PGR pede afastamento de Gladson Cameli (PP), governador do Acre
Cameli é suspeito de comandar esquema de fraude em licitações. A PGR aponta fraudes ou direcionamento em pelo menos oito contratos firmados nos últimos anos pelo governo do estado, com prejuízo estimado de R$ 150 milhões.
Por Bruno Tavares, TV Globo
A
Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao Superior Tribunal de Justiça
(STF) que o governador do Acre, Gladson Cameli (PP), seja imediatamente
afastado do cargo.
O pedido faz
parte da denúncia oferecida na terça-feira (28) pela PGR contra Camelli e
outras 12 pessoas pelos crimes de peculato, corrupção, lavagem de dinheiro e
organização criminosa. A decisão caberá à ministra Nancy Andrighi.
Em nota,
Cameli diz manter a confiança na Justiça e que está à disposição para
esclarecimentos.
“Diante
das publicações recentes veiculadas na imprensa acreana e nacional acerca de
denúncia da Procuradoria-Geral da República, e consequente pedido de
afastamento do exercício do mandato, o governador Gladson Cameli mantém sua
confiança na justiça, mantendo-se à disposição para quaisquer esclarecimento,
bem como permanece cumprindo suas obrigações como chefe do Poder Executivo do
Estado do Acre.”
Cameli está
em Dubai, para a COP 28, em uma comitiva do governo do Acre.
No
documento, de 175 páginas, o subprocurador-geral da República Carlos Frederico
Santos afirma que, desde 2019, Gladson Cameli comanda um esquema de fraude em
licitações. A PGR aponta fraudes ou direcionamento em pelo menos oito contratos
firmados nos últimos anos pelo governo do Acre. O prejuízo estimado é de R$ 150
milhões.
A PGR afirma
que o esquema começou a operar em 2019, quando o governo do Acre assinou um
contrato de manutenção predial com uma empresa de engenharia, no valor de R$
24,3 milhões.
De acordo
com a denúncia, “um dia após celebrar contrato milionário com o Estado do
Acre, a empresa sem qualquer know-how específico da localidade de execução dos
serviços, contratou indiretamente e de forma velada a empresa do irmão do
governador, a qual igualmente não possuía atividade no Estado do Acre e passou
a receber vantagens advindas da execução do pacto com o governo estadual”.
A PGR afirma
que “as evidências são claras de que Gledson Cameli, irmão do Governador,
conhecia a empresa e realizou com seus sócios e os demais coautores um pacto
para dividir a execução e os lucros decorrentes do contrato”.
Pelo menos
R$ 4,4 milhões teriam sido repassados às empresas controladas direta ou
indiretamente pelo irmão do governador, segundo a PGR.
A denúncia
indica que, a partir do direcionamento deste contrato, houve um sobrepreço R$
8,8 milhões e um superfaturamento de R$ 2,9 milhões. A PGR destaca a
participação de outros agentes públicos no esquema, entre eles o secretário de
Infraestrutura, Thiago Rodrigues Gonçalves Caetano.
Durante a
investigação, a PGR identificou nove transferências de valores entre a
construtora contratada pelo governo do Acre e a empresa do irmão do governador,
totalizando R$ 1,6 milhão. A denúncia diz ser “inegável o desvio dos
recursos públicos, os quais deveriam ser empregados na execução das obras, mas
foram desviados em favor de familiares do Governador do Estado”.
A PGR afirma
que o dinheiro desviado beneficiou diretamente o governador do Acre e parentes
dele. Segundo a Procuradoria, as empresas investigadas pagaram parcelas do
financiamento de apartamento de luxo Gladson Cameli, em São Paulo, parcelas do
financiamento de um carro de luxo dele e propina para Eládio Messias Cameli
Júnior, irmão do governador.
Quem é Gladson Cameli
Cameli foi
reeleito governado do Acre na eleição de 2022, derrotando o candidato Jorge
Viana (PT). É bacharel em engenharia civil desde 2001 e formado pelo Instituto
Luterano de
Ensino
Superior de Manaus Ulbra, no Amazonas. Sua trajetória política vem de família,
já que é sobrinho do ex-governador do estado Orleir Cameli.
Ele entrou
na vida pública aos 28 anos, quando foi eleito pela primeira vez deputado
federal com 18.886 votos. Em 2010, foi eleito pela segunda vez deputado federal
com 32.623 votos. Em seu segundo mandato como deputado federal, fez parte da
Comissão da Amazônia por meio da indicação da Comissão de Integração Nacional,
Desenvolvimento Regional e da Amazônia (Cindra).
Foi filiado
ao PFL durante (2000-2003) e ao PPS durante (2003-2005). É filiado ao
Progressistas desde 2005.
No Senado,
Cameli foi membro de diversas comissões, entre elas a Comissão de Serviços de
Infraestrutura, Comissão Senado do Futuro, Comissão Especial de Desenvolvimento
Nacional, Comissão de Educação e Cultura e Esporte.