Policia Federal abre inquérito para investigar joias apreendidas
Policia Federal abre inquérito para investigar joias apreendidas
Ministro da Justiça, Flávio Dino, pediu entrada da PF no caso.
Publicado em 06/03/2023 - 23:34 Por Da Agência Brasil - Brasília
A Polícia
Federal (PF) informou na noite desta segunda-feira (6) que abriu inquérito para
investigar a suposta tentativa de entrada ilegal de joias de alto valor em
território brasileiro. O fato ocorreu em 2021, com um conjunto de joias que o
governo árabe supostamente presenteou à então primeira-dama, Michelle
Bolsonaro. As peças vieram na bagagem de um assessor do governo e ficaram
retidas no posto da Receita Federal no Aeroporto Internacional de São Paulo, em
Guarulhos.
“A Polícia
Federal informa que instaurou nesta segunda-feira inquérito policial para
apurar ingresso irregular de joias de elevado valor, procedentes da Arábia
Saudita, as quais foram retidas pela Receita Federal. A investigação será
conduzida pela Delegacia Especializada de Combate a Crimes Fazendários da
Superintendência em São Paulo”, informou a PF, em nota. “O inquérito
encontra-se sob segredo de justiça e tem prazo inicial de trinta dias para
conclusão, com possibilidade de prorrogação caso seja necessário”, concluiu.
A
participação da PF no caso foi pedida pelo ministro da Justiça e Segurança
Pública, Flávio Dino, horas antes, ainda nesta segunda. No ofício ao
diretor-geral da PF, o delegado Andrei Augusto Passos Rodrigues, o ministro
afirmou que, “da forma como se apresentam”, os fatos divulgados pela imprensa
“podem configurar crimes contra a administração Pública”.
Segundo
informações do jornal O Estado de S. Paulo, as joias foram encontradas na
mochila do assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e
estão avaliadas em cerca de 3 milhões de euros (aproximadamente R$ 16,5
milhões). Albuquerque e seu assessor retornavam de uma viagem oficial ao
Oriente Médio. Ainda segundo o jornal, o então ministro teria pedido aos
servidores da Receita que liberassem as joias, mas os fiscais não atenderam ao
pedido, alegando que o ingresso no país com presentes oficiais de governantes
estrangeiros ao governo brasileiro obedece a trâmite legal específico.
Pela
legislação, itens com valor superior a US$ 1 mil estão sujeitos à tributação
quando ingressam em território nacional. Nesse caso, além do pagamento de 50%
em impostos pelo valor dos bens, seria cobrada multa de 25% pela tentativa de
entrada ilegal no país, ou seja, sem declaração às autoridades alfandegárias.
Retidas pelo
não pagamento dos tributos devidos, as joias permanecem em posse da Receita.
Toda a abordagem no aeroporto foi devidamente filmada por câmaras de segurança
existentes no local.
O Ministério
Público Federal (MPF) recebeu denúncia da Receita Federal e pediu maiores
informações sobre o caso. Em nota, o órgão afirmou que o procedimento seguirá
sob sigilo para evitar prejuízos à apuração.
Outro
lado
Após a
divulgação das denúncias, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro fez uma
postagem em sua conta no Instagram para comentar o assunto. Ela chegou a
ironizar o caso. “Eu tenho tudo isso e não estava sabendo? Meu Deus!”,
escreveu.
Já o
ex-presidente Jair Bolsonaro negou qualquer ilegalidade. À CNN, Bolsonaro
afirmou que as joias iriam para acervo da Presidência da República.
Em nota, a
assessoria do ex-ministro Bento Albuquerque informou que as joias eram
“presentes institucionais destinados à Representação brasileira integrada por
Comitiva do Ministério de Minas e Energia – portanto, ao Estado brasileiro. E
que, em decorrência, o Ministério de Minas e Energia adotaria as medidas
cabíveis para o correto e legal encaminhamento do acervo recebido”.
A afirmação
difere de declarações anteriores que o jornal Folha de S.Paulo atribuiu a
Albuquerque. Segundo o jornal, anteriormente, o ex-ministro confirmou que as
joias eram um presente do governo saudita a Michelle Bolsonaro.
Edição:
Marcelo Brandão