Preço alto leva brasileiro a reduzir consumo de proteínas
Preço alto leva brasileiro a reduzir consumo de proteínas
Até salsichas e linguiças perderam importância na mesa do consumidor.
Publicado em 12/06/2023 - 19:29 Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
Pesquisa
realizada pela plataforma online Kantar, no primeiro trimestre deste ano com
3.800 pessoas, revela que o consumo de proteínas tem caído na mesa dos
brasileiros, à exceção da carne de porco. Em consequência da inflação, o
consumo de proteínas caiu 9% no período, contra -6% do segmento de alimentos e
bebidas.
“As
proteínas, de forma geral, vêm caindo, algumas com mais intensidade, caso da
carne bovina. Mas a gente vê, desde o início do cenário inflacionário mais
alto, que o consumo de proteínas é menor desde o ano passado”, disse nesta
segunda-feira (12) à Agência Brasil a diretora do Painel de Uso da Kantar, Divisão
Worldpanel, Aurelia Vicente.
A carne
bovina, que tinha participação de 43,1% no primeiro trimestre de 2021, agora
está com 39%. A trajetória de queda já era sinalizada em igual período de 2022,
quando o consumo caiu para 40,5%. Já a carne suína fez o caminho inverso,
subindo de 4,6%, entre janeiro e março de 2021, para 7,6%, no mesmo período de
2022 e, neste ano, para 9,1%.
Aurelia Vicente destacou que mesmo as proteínas mais baratas, como salsichas e linguiças, que se destacaram em 2022, perderam importância na mesa dos brasileiros na comparação com o primeiro trimestre do ano passado. O consumo de linguiças caiu de 15,4% para 14,9% e o de salsichas, de 4,8% para 3,8%. No curto prazo, o consumo de carne de aves também apresenta recuperação e, após alta de preços em 2022, a participação passa de 25,9% para 28,6% no primeiro trimestre de 2023.
Peixes e
frutos do mar demonstraram estabilidade nos três primeiros meses deste ano,
comparativamente ao mesmo período de 2022, com 4,3% de share, embora apresentando
retração em relação a 2021 (6%).
Cenário
futuro
Segundo
Aurelia Vicente, até pelo início do cenário de queda da inflação mais recente,
já se começa a ver uma retomada do consumo de carne de frango, por exemplo. “É
um cenário que vem muito pela necessidade de equilíbrio do bolso [do
consumidor] mesmo. As pessoas querem continuar com alguma proteína no prato e
acabam indo para algo que caiba dentro do bolso. A gente vê o movimento dessas
proteínas mais baratas (salsichas e linguiças) ganhando esse espaço, não só em
classes mais baixas, mas principalmente nessas classes, virando justamente a
principal proteína. Ou seja, ganhando esse espaço que antes era muito forte de
bovinos e aves.”
Para a
diretora da Kantar, no curto e no médio prazos, a questão vai depender do
comportamento dos preços. “O Brasil tem preferência pelas carnes bovina e de
frango e, quando as pessoas tiverem possibilidade, vão voltar a comprar com
mais intensidade”, disse Aurelia. Ela ressaltou que isso será um reflexo do
comportamento de preços, não só da carne, mas de outras categorias que são
commodities (produtos agrícolas e minerais comercializados no mercado externo),
como arroz e feijão”. O brasileiro tem intenção de consumir, mas existe o
impeditivo dos preços altos hoje em dia, ressaltou.
Desde 2020,
a plataforma Kantar realiza semanalmente pesquisas semelhantes, ouvindo 3.800
pessoas.
Edição:
Nádia Franco