Premiê do Reino Unido anuncia que vai criar batalhão para lidar com protestos da extrema direita
Premiê do Reino Unido anuncia que vai criar batalhão para lidar com protestos da extrema direita
Keir Starmer convocou uma reunião urgente para falar sobre os tumultos violentos que estão tomando várias cidades do país e causando centenas de prisões.
Por g1
O
primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, anunciou nesta segunda-feira
(5) que irá criar um batalhão de polícia permanente para lidar com os tumultos
violentos que estão se espalhando pelo país desde semana passada em protestos
da extrema direita.
Starmer
convocou uma reunião urgente depois que, neste domingo (4), dois hotéis usados
para abrigar requerentes de asilo foram atacados. Antes que a polícia
chegasse para dispersar a multidão e evacuar os moradores, janelas foram
quebradas e os manifestantes atearam fogo aos locais.
“Seja qual
for a motivação aparente, isso não é protesto. É pura violência e não
toleraremos ataques a mesquitas ou às nossas comunidades muçulmanas. A força
total da lei será aplicada a todos aqueles que forem identificados”,
declarou Starmer.
Em
entrevista à rede de TV BBC, Oliver Coppard, o prefeito de South Yorkshire,
onde fica um dos hotéis atacados, condenou a violência:
“Como Keir
disse, como toda pessoa decente disse, eles são bandidos de extrema direita que
atacaram algumas das pessoas mais vulneráveis em nossas comunidades e não há
absolutamente nenhuma desculpa para isso. Não há justificativa para tentar
queimar até a morte 200 das pessoas mais vulneráveis em nossa comunidade”.
Segundo a
agência de notícias AFP, Keir Starmer também prometeu “fortalecer a
justiça criminal” para garantir “condenações rápidas”.
Protestos após morte de crianças
Manifestantes
de extrema direita, alimentados por desinformação online, vêm entrando em
confronto com a polícia nos últimos dias para se manifestar contra o ataque a
faca que matou três meninas participavam de um clube de férias temático de
Taylor Swift em Southport.
Na quinta
passada, após mais de 100 pessoas serem presas em um protesto em Londres, no
entorno de sua residência oficial, o premiê fez a primeira reunião de crise sobre
o assunto.
Como o nome
do responsável pelo crime não havia sido divulgado por ele ser menor de idade,
houve disseminação de informações incorretas sobre sua identidade e o ataque
foi ligado à imigração ilegal.
Para conter
a onda de violência e de notícias falsas, a Justiça suspendeu a ordem de
anonimato e divulgou o nome do acusado, Axel Rudakubana, além de revelar que
ele é britânico. A polícia de Merseyside confirmou que o jovem de 17 anos
nasceu em Cardiff, é filho de pais ruandeses e parece não ter nenhuma ligação
conhecida com o islamismo.
O primeiro
grande protesto contra o ataque ocorreu na terça-feira (30), do lado de fora de
uma mesquita em Southport. A multidão atirou tijolos e garrafas contra a
polícia de choque, incendiou latas de lixo e veículos e saqueou uma loja.
“Estou
absolutamente chocada e enojada com o nível de violência que foi demonstrado
contra meus oficiais. Alguns dos primeiros socorristas que compareceram àquela
cena horrível na segunda-feira foram confrontados com aquele nível de
violência”, disse a chefe de polícia de Merseyside, Serena Kennedy à agência de
notícias Associated Press.
Horas antes,
uma vigília pacífica pelas vítimas do esfaqueamento foi realizada na cidade. À
Reuters, uma moradora que participou do ato falou sobre a violência presenciada
nos protestos:
“O que
vi ontem à noite foi absolutamente assustador. Foi devastador e meio que tirou
a importância do que realmente aconteceu, que é a tragédia dessas mortes”.
Na quarta
(31), a confusão ocorreu perto do gabinete do primeiro-ministro em Londres.
Centenas de manifestantes gritando “queremos nosso país de volta” atiraram
latas e garrafas de cerveja e lançaram sinalizadores em uma estátua próxima do
líder da guerra Winston Churchill.
No mesmo
dia, na cidade de Hartlepool, no nordeste da Inglaterra, policiais foram
atingidos com garrafas e ovos e uma viatura foi incendiada. Um distúrbio menor
foi relatado em Manchester.
Segundo a
AP, o gabinete de Starmer diz que, na reunião desta quinta, ele dirá aos
líderes da polícia que, “embora o direito ao protesto pacífico deva ser
protegido a todo custo, os criminosos que exploram esse direito para semear o
ódio e realizar atos violentos enfrentarão toda a força da lei”.
Acusações contra o réu
O criminoso
não foi acusado de terrorismo, mas enfrenta três acusações de assassinato pelas
mortes de Alice Dasilva Aguiar, de 9 anos, Elsie Dot Stancombe, de 7, e Bebe
King, de 6. Ele também vai responder por 10 acusações de tentativa de homicídio
pelas oito crianças e dois adultos que ficaram feridos.
O juiz decidiu colocá-lo em prisão preventiva em um centro para menores.