Presidente da Petrobras diz que reajustes nos preços de combustíveis mostram que nova política ‘passou no teste’

Presidente da Petrobras diz que reajustes nos preços de combustíveis mostram que nova política 'passou no teste'

Petrobras alterou política de preços em maio deste ano e parou de seguir paridade internacional. Gasolina e diesel foram reajustados nesta quarta-feira (16); Jean Paul Prates deu declaração em reunião no Senado.


Por Beatriz Borges, g1

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse nesta quarta-feira (16) que os reajustes no preço do diesel e da gasolina mostram que a nova política de preços adotada pela estatal “passou no teste”. Ele participou de uma reunião da Comissão de Infraestrutura e Desenvolvimento do Senado para prestar esclarecimentos, entre outros temas, sobre a definição de preços pela Petrobras.

Nesta terça-feira (15), a empresa anunciou um aumento na gasolina e no diesel nas refinarias. O litro da gasolina vendido às distribuidoras teve uma alta de R$ 0,41, chegando a R$ 2,93, e o do diesel subiu R$ 0,78, passando a R$ 3,80.

Jean Paul Prates afirmou que o reajuste é um símbolo de que a política foi aprovada, no sentido de só subir os preços da gasolina e do diesel quando for necessário.

“Esse é o mérito da política. A política passou no teste? Qual é o teste que se propunha? Alguns mais céticos diziam: ‘Não, mas a Petrobras, o Jean, o Lula não vai deixar, enquanto o preço lá fora está baixando está tudo muito bonito, quero ver na hora que subir lá fora, como é que eles vão se comportar, se vão fazer o ajuste’. Fizemos. Portanto, a política passou no teste”, disse.

“E vamos fazer quantos [reajustes] forem necessários, agora sem ficar seguindo o PPI, que é a paridade de importação, e menos ainda as volatilidades ocasionais”, continuou Jean Paul Prates.

Em maio deste ano, a Petrobras deixou de adotar a política de paridade de importação (PPI) – prática que ajustava o preço dos combustíveis com base na cotação do dólar e do petróleo no exterior.

Já na nova política de preços, a estatal passou a considerar o intervalo entre duas referências de mercado:

 

– o maior valor que um comprador pode pagar antes de querer procurar outro fornecedor;

e o menor valor que a Petrobras pode praticar na venda, mantendo o lucro.

 

Segundo o presidente da estatal, a nova política tem permitido à Petrobras “ter um preço competitivo” e “segurar as volatilidades”.

“Como eu disse aqui, junho e julho foram volatilidades que absolutamente circularam em torno de um mesmo preço médio, nós mantivemos a reta, ao invés de ficar circulando em volta, ao invés de causar insegurança, instabilidade, incerteza de preço de frete, inflação e deflação a todo tempo, 118 reajustes. Nós fizemos patamares e agora precisamos reajustar porque chegamos a um patamar maior, superior estabilizado, não era mais volátil, ele foi volatilizando até chegar a um patamar superior”, disse Jean Paul.

 

Autossuficiência

O reajuste desta terça foi anunciado após críticas de agentes privados de que os preços da estatal haviam “descolado” do mercado externo, nos últimos meses, por conta da utilização da nova política de preços adotada dede maio.

Nesta quarta-feira (16), Jean Paul disse aos senadores que não via razão para um país autossuficiente em Petróleo, segundo ele, como o Brasil, seguir a paridade internacional.

Apesar de produzir mais combustível do que consome, o Brasil ainda importa parte do material por motivos como deficiências estruturais na cadeia de produção no país. Analistas apontavam que, com a mudança na política, o descolamento de preços poderia gerar a falta do produto, e causar problemas de logística, freando a economia.

“Quando se chega à autossuficiência, como? Por que diabos você vai praticar o preço da paridade de importação, que é o preço da refinaria lá da Alemanha, ou do porto de Roterdão, ou de um terminal no Texas, mais o frete, mais as despesas colocadas na porta de uma refinaria brasileira? Era isso que a gente estava pagando”, afirmou Jean Paul.

 

Intervenção do governo

O presidente da Petrobras afirmou também que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não intervém na companhia.

“Presidente Lula, ministro, quem quer que seja [não] chega para nós e diz ‘olha, baixa aí, segura ali, faz isso ou faz aquilo’. Nós estamos comandando o processo como deve ser, com as variáveis do modelo do plano nosso de abastecimento. E é esse programa, com 40 mil variáveis de atendimentos no território nacional, que comanda essa política, eu prefiro chamar de estratégia comercial, porque chegar ao consumidor final com o melhor preço, com a melhor condição em todo território nacional”, afirmou.

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