Presos por suposta fraude em cartão de vacina de Bolsonaro ficaram em silêncio nos depoimentos à PF
Presos por suposta fraude em cartão de vacina de Bolsonaro ficaram em silêncio nos depoimentos à PF
Ao todo, seis pessoas foram detidas nesta quarta por suposto envolvimento no caso; Bolsonaro foi alvo de busca e apreensão. PF investiga fraude para emitir comprovantes falsos de vacinação.
Por César Tralli, TV Globo, com g1 — Brasília e São Paulo 04/05/2023 10h03 - Atualizado há 31 minutos
Os seis
presos nesta quarta-feira (4) na operação que investiga uma suposta fraude nos
cartões de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro, familiares e auxiliares
optaram por ficar em silêncio no primeiro depoimento tomado após as prisões.
Investigadores
afirmaram à TV Globo que os detidos não disseram nada de relevante nos
primeiros interrogatórios e, ao serem questionados sobre as acusações de
fraude, optaram por ficar em silêncio até que os advogados analisassem os
autos.
Todos eles
devem ser interrogados novamente – a data ainda não foi definida. Os seis estão
em prisão preventiva, ou seja, sem prazo determinado para a soltura.
Foram presos
nesta quarta:
– o coronel
Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro;
– o sargento
Luis Marcos dos Reis, que era da equipe de Mauro Cid;
– o ex-major
do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros;
– o policial
militar Max Guilherme, que atuou na segurança presidencial;
– o militar
do Exército Sérgio Cordeiro, que também atuava na proteção pessoal de
Bolsonaro;
– o
secretário municipal de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa
Brecha.
Na quarta,
Jair Bolsonaro também se recusou a prestar depoimento sobre o caso à Polícia
Federal. Como não foi detido, o ex-presidente sequer compareceu à oitiva.
Em uma breve
entrevista após a busca e apreensão na casa onde mora com a ex-primeira-dama
Michelle e a filha de 12 anos, em Brasília, Bolsonaro negou a adulteração dos
comprovantes de vacinação e reafirmou que ele e a filha não se imunizaram
contra a Covid.
Entenda
pontos da investigação da PF que levou a buscas na casa de Bolsonaro
Entenda
pontos da investigação da PF que levou a buscas na casa de Bolsonaro
Próximos
passos
Os malotes
com o material que foi apreendido no Rio de Janeiro nesta quarta devem chegar
nesta quinta a Brasília, onde passarão por perícia. Os investigadores devem
concentrar os trabalhos nos celulares apreendidos com Bolsonaro, com o
ex-ajudante de ordens Mauro Cid e outros investigados.
A intenção
da Polícia Federal é, também, abrir uma nova “frente” de apuração
mais aprofundada sobre as condutas em Duque de Caxias (RJ).
Os registros
supostamente fraudados nos sistemas do Ministério da Saúde indicam que
Bolsonaro e a filha teriam tomado vacina na cidade. O então candidato à
reeleição chegou a cumprir agenda política no Rio nas duas datas indicadas –
mas não há qualquer indicação de que ele tenha, de fato, tomado vacina.
Segundo a
investigação, uma servidora afirmou em depoimento que era “coagida” a
fornecer a senha do sistema eletrônico para a inserção de dados adulterados de
carteiras de vacinação.
Ainda na tarde desta quinta, em Brasília, policiais federais devem se reunir com servidores da Controladoria-Geral da União (CGU) – primeiro órgão federal a apurar supostas inconsistências nos registros de vacinação de Jair Bolsonaro, em parceria com o Ministério da Saúde.