Pressionado, Putin nega planos de invadir 2ª maior cidade da Ucrânia e diz que vai avaliar proposta de cessar-fogo
Pressionado, Putin nega planos de invadir 2ª maior cidade da Ucrânia e diz que vai avaliar proposta de cessar-fogo
Líder russo, em vista à China, disse ter debatido proposta de trégua durante Olimpíadas e falou de paz com Xi Jinping. Já Ucrânia assinou lei que convoca presidiários para a guerra.
Por g1
O presidente
russo, Vladimir Putin, disse nesta sexta-feira (17) que invadir e conquistar
Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia e onde suas tropas têm avançado nas
últimas semanas, não está nos planos de seu governo.
Nos últimos
dias, forças russas avançaram nas linhas de frente ao redor de Kharkiv, no
nordeste da Ucrânia, e Kiev admitiu ter tido de recuar. O avanço faz parte de
uma nova ofensiva russa, que conseguiu romper com a paralisia que marcou a
guerra na Ucrânia no último ano e conquistar mais território no país vizinho.
O plano da
Rússia na região é criar uma espécie de “zona tampão”, disse Putin,
durante visita que faz esta semana na China em busca de mais apoio político e
militar.
A fala acontece em meio a pressões internacionais para que Putin volte a negociar um cessar-fogo, ideia que chegou a ser considerada em 2022, quando suas tropas invadiram a Ucrânia, mas ficou parada nas mesas de negociações naquele mesmo ano.
O líder
russo disse que discutiu com o presidente chinês, Xi Jinping, uma proposta
feita pelo presidente francês, Emmanuel Macron, de uma trégua durante as
Olimpíadas de 2024, que acontecerão na França em julho.
A visita de
Putin à China acontece dias depois de o secretário de Estado dos Estados
Unidos, Antony Blinkin, também viajar a Pequim e pedir a Xi Jinping que
pressionasse o aliado russo por uma trégua.
Durante a
visita a Pequim, ele disse também ter conversado sobre paz com Xi Jinping, um
dos seus únicos aliados atuais e o mais forte deles.
No entanto,
o líder russo culpou a Ucrânia pela ofensiva em Kharkiv e voltou a acusar o
presidente do país, Volodymyr Zelensky, de ter sido quem emperrou as
negociações de paz.
“Sobre
o que está ocorrendo na direção de Kharkiv, isso também é culpa deles
(Ucrânia), porque eles bombardearam e continuam, infelizmente, a bombardear
bairros residências na área, incluindo Belgorod (cidade russa perto da
fronteira com a Ucrânia)”, acusou Putin.
Quando
questionado por repórteres se havia planos para tomar o controle de Kharkiv,
ele disse que “atualmente, não há esse plano”.
Convocação
de presos na Ucrânia
Nesta
sexta-feira, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, assinou duas leis
polêmicas na tentativa de aumentar suas tropas:
Uma delas
permite que presos condenados por crimes sirvam ao Exército e lutem na guerra.
Outra aplica multas ao quem não responda a convocações das Forças Armadas.
Zelensky
ainda não havia se pronunciado sobre as aprovações até a última atualização
desta reportagem.
A convocação
de presidiários para a guerra é uma das táticas que vêm sendo adotadas por
Putin desde os primeiros meses de sua ofensiva na Ucrânia.
Nova
ofensiva russa
O cenário de
estagnação que marcou a guerra da Ucrânia durante cerca de um ano ficou para
trás.
Aproveitando a demora da chegada de mais ajuda do Ocidente para tropas ucranianas, a Rússia conseguiu avançar sobre frentes de batalha no leste, criou novas no norte e agora se aproxima da conquista da segunda maior cidade ucraniana.
O governo da
Ucrânia já trabalha com o cenário de uma ofensiva russa ainda maior nas
próximas semanas. Pesa o fato de que, com a falta de ajuda do Ocidente, as
forças da Ucrânia estão em menor número em infantaria, blindados e munições
atualmente nas frentes de batalha.
Por isso, o
Exército ucraniano está na defensiva ao longo da linha de frente, que tem uma
extensão de cerca de 1.000 quilômetros, e tenta construir linhas de defesa mais
fortes.
Segundo o Instituto para o Estudo da Guerra, think tank dos Estados Unidos que monitora diariamente a situação nas frentes de batalha dos principais conflitos ativos no mundo, a situação na Ucrânia neste momento é a seguinte:
-As forças
russas têm avançando principalmente nos arredores de Kharkiv, com incursões no
norte e nordeste da cidade, e estão perto de conquistá-la;
-No leste, a
posição atual da Rússia, de dominação de quase toda a região, permite que
tropas do país podem escolher “múltiplas direções” para avançar em
Avdiivka, em Donetsk;
-Fora da
Ucrânia, o Kremlin tem investido em uma campanha contra países da Otan,
utilizando interferências no GPS e sabotando infraestruturas logísticas
militares.
Além de ser
a maior cidade depois da capital Kiev, Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, é
também um importante centro industrial e científico da Ucrânia, além de ter se
tornado um dos símbolos da resistência na guerra.
As tropas da região foram as que mais resistiram a ataques russos ao longos dos mais de dois anos de guerra. Por isso, uma eventual vitória da Rússia na cidade pode também ter um peso simbólico e ser uma das importantes da guerra.