Procuradoria do Tribunal Internacional de Justiça pede prisão de Benjamin Netanyahu e líderes do Hamas
Procuradoria do Tribunal Internacional de Justiça pede prisão de Benjamin Netanyahu e líderes do Hamas
Procurador diz ter provas suficientes de que os dois lados cometeram crimes de guerra e contra a humanidade.
Por g1
A
procuradoria do Tribunal Penal Internacional (TPI) pediu nesta segunda-feira
(20) que os juízes emitam ordens de prisão para o primeiro-ministro de Israel,
Benjamin Netanyahu, outros membros de seu governo e os três principais líderes
do Hamas.
O pedido é o
primeiro feito por uma procuradoria internacional contra Netanyahu. Agora, um
painel de três juízes do tribunal analisarão se emitem a ordem, que deve ser
aplicada por todos os países signatários do TPI (leia mais abaixo).
Além de
Netanyahu, o procurador do tribunal, Karim Kham, também solicitou mandados de
prisão para o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, responsável pelas
Forças Armadas do país. Do lado do Hamas, ele pediu que ordens de prisão para:
– Yehia
Sinwar, o chefe do Hamas na Faixa de Gaza;
– Mohammed
Deif, um dos comandantes militares e responsável por arquitetar o ataque de 7
de outubro ao sul de Israel;
– Ismail
Haniyeh, o principal chefe do grupo terrorista, que vive no Catar.
Kham,
responsável também pelo mandado de prisão emitido contra o presidente russo,
Vladimir Putin, disse ter evidências suficientes para provar que os dois lados
são responsáveis por crimes de guerra e crimes contra a humanidade na Faixa de
Gaza e em Israel.
Pela parte
do Hamas, os crimes cometidos foram os seguintes, ainda de acordo com o
procurador:
– Crimes
contra a humanidade, com o assassinato de civis, estupro e outros tipos de
violência sexual;
– Crimes de
guerra, como o de fazer pessoas reféns, tortura, tratamento cruel indigno.
Já do lado
de Israel, Kham acredita que Netanyahu e Gallam cometeram os seguintes crimes:
– Crimes de
guerra como usar a fome como arma de guerra, homicídio, ataques deliberados a
civis;
– Crimes
contra a humanidade, como as mortes causadas pela fome, perseguições e atos
desumanos.
– Os juízes
terão agora um prazo de dois meses para decidir se o processo avançará.
Israel não é
membro do tribunal e, mesmo que os mandados de prisão sejam emitidos, Netanyahu
e Gallant não enfrentam qualquer risco imediato de serem presos.
Caso uma
ordem seja emitida, o TPI, sem força policial própria, também depende de que os
Estados signatários, caso do Brasil, a cumpram — pelas normas do tribunal
internacional, um país signatário deve executar quando condenados pelo tribunal
estejam em seu território.
Por isso
que, mesmo que ainda simbólico, o anúncio da Procuradoria aprofunda o
isolamento de Israel, já que a ameaça de prisão pode dificultar a viagem dos
líderes israelitas para fora do país.
Os dois
lados — Israel e Hamas — criticaram a decisão do procurador do TPI nesta
segunda.
O presidente de Israel, Isaac Herzog, disse que o pedido de Kham “encoraja o terrorismo pelo mundo”. O chanceler do país, Israel Kaatz, afirmou achar a medida escandalosa. Já o Hamas, em comunicado, pediu o cancelamento da solicitação da prisão dos seus três líderes, que, segundo o grupo terrorista, viola normas da ONU.
Em paralelo,
a Corte Internacional de Justiça julg um processo aberto pela África do Sul
contra Israel por conta dos bombardeios na Faixa de Gaza.
Em março, o tribunal pediu que Israel garantisse a distribuição de alimentos à população de Gaza. Após a decisão e a pressão da comunidade internacional, o governo israelense abriu novas passagens para a entrada de caminhões com ajuda humanitária.