Produção industrial cai 0,6% de junho para julho
Produção industrial cai 0,6% de junho para julho
Quinze das 25 atividades industriais pesquisadas apresentaram queda.
Publicado em 05/09/2023 - 09:27 Por Vitor Abdala - Repórter da Agência Brasil* - Rio de Janeiro
A produção
industrial brasileira teve queda de 0,6% em julho deste ano, na comparação com
o mês anterior. O dado é da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física
(PIM-PF), divulgado nesta terça-feira (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE).
Na
comparação com julho do ano passado, a queda chega a 1,1%. O setor também
apresenta queda acumulada de 0,4% neste ano. No acumulado de 12 meses, a indústria
apresenta estabilidade.
“Com esses
resultados, o setor industrial se encontra 2,3% abaixo do patamar pré-pandemia,
ou seja, fevereiro de 2020, e 18,7% abaixo do nível recorde alcançado em maio
de 2011”, destaca o pesquisador do IBGE André Macedo.
Quinze das
25 atividades industriais pesquisadas apresentaram queda na produção na
passagem de junho para julho deste ano. Os principais recuos foram observados
nos ramos de veículos automotores, reboques e carrocerias (-6,5%), indústrias
extrativas (-1,4%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos
(-12,1%) e máquinas e equipamentos (-5%).
Por outro
lado, nove atividades tiveram alta na produção, com destaques para produtos
farmoquímicos e farmacêuticos (8,2%), produtos alimentícios (0,9%) e coque,
produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (0,7%).
Na análise
das quatro grandes categorias econômicas da indústria, três tiveram queda de
junho para julho: os bens de capital, isto é, as máquinas e equipamentos usados
no setor produtivo (-7,4%),os bens de
consumo duráveis (-4,1%) e os bens intermediários, isto é, os insumos
industrializados usados no setor produtivo (-0,6%). Apenas os bens de consumo
semi e não duráveis tiveram aumento no período (1,5%).
Ritmo de produção
Neste ano, a
produção industrial apresentou alta em apenas dois meses: março (1,1%) e maio
(0,3%). Em junho, o setor apresentou estabilidade. Nos outros quatro meses,
foram registradas quedas: -0,2% em janeiro, -0,3% em fevereiro e -0,7% em
abril, além do -0,6% em julho. “O movimento do setor industrial nos últimos
meses fica bem caracterizado por essa menor intensidade [do ritmo de
produção]”, afirma Macedo.
Segundo ele,
um dos principais motivos para esse desempenho de menor intensidade é a alta
taxa de juros básicos no país. “O reflexo negativo de uma política monetária
mais restritiva, com taxas de juros mais elevada, tem impacto importante sobre
a evolução dessa produção industrial”, diz o pesquisador. “Ao longo do tempo, a
gente vinha citando a inflação em patamares elevados e o mercado de trabalho
com um número elevado de trabalhadores fora dele, mas esses fatores foram
apresentando algum grau de melhora, mas a gente permanece com a taxa de juros
em patamares mais elevados”.
Ele explica
que um dos setores mais afetados por isso é a indústria de bens de consumo
duráveis. “A dificuldade na concessão do crédito para a compra de bens de
valores mais elevados, é claro, traz reflexos negativos sobre a produção. Não
por acaso, um exemplo muito claro desse reflexo negativo é a parte de bens de
consumo duráveis, segmento que está 22,6% abaixo do patamar pré-pandemia e
42,1% abaixo do seu ponto mais elevado na série histórica, que foi alcançado em
março de 2011. Quando comparado com o patamar de dezembro último, o segmento
está 7,4% abaixo”.
*Matéria
alterada às 10h34 de hoje (5/9/2023) para acréscimo de informações (três
últimos parágrafos).
Edição:
Graça Adjuto