Promotor defende que ‘arremesso mortal de garrafa’ foi feito por torcedor ainda não identificado
Promotor defende que 'arremesso mortal de garrafa' foi feito por torcedor ainda não identificado
Rogério Leão Zagallo afirmou que no entendimento do Ministério Público, do que há de provas até o momento, responsável pela morte de Gabriela Anelli é um homem de barba que foi flagrado atirando uma garrafa contra a torcida do Palmeiras.
Por g1 SP — São Paulo 13/07/2023 09h49 - Atualizado há uma hora
O promotor
Rogério Leão Zagallo disse nesta quinta-feira (13), em entrevista ao programa
Encontro, da TV Globo, que no entendimento do Ministério Público, do que há de
provas até o momento, o arremesso da garrafa que atingiu e matou Gabriela
Anelli foi feito por um torcedor do Flamengo ainda não identificado, filmado
atirando contra a torcida do Palmeiras.
Zagallo foi
o responsável por pedir a soltura de Leonardo Xavier Santiago, de 26 anos,
preso pela morte da torcedora do Palmeiras no sábado (8).
“Nessa argumentação, esse rapaz que foi preso, pelas imagens que eu tinha, não é a pessoa responsável pelo arremesso mortal. Cito como arremesso mortal o arremesso de uma garrafa que teria feito com que seus estilhaços alcançassem essa moça e em razão dos ferimentos decorrentes desses estilhaços ela viesse a morrer.”
O promotor
ainda afirma que, pela análise dos vídeos da confusão, é possível perceber que
somente uma garrafa foi atirada na direção dos torcedores do Palmeiras e foi
ela que os estilhaços atingiram Gabriela.
“É essa
garrafa que estoura nesse portão que está sendo fechado pelos membros da
GCM.”
Na avaliação
de Zagallo, o foco da investigação deve ser a identificação desse homem de barba,
flagrado atirando a garrafa.
“Essa é
a grande missão, a partir do recomeço das investigações, é identificar essa
pessoa, que estava arremessando, portando essa garrafa. Ela trajava uma camisa
cinza, tinha barba, completamente diferente da complexão física da pessoa que
foi presa e da vestimenta que ela usava ao ser presa
Leonardo foi
liberado por volta das 17h40 do Centro de Detenção Provisória 4 de Pinheiros,
em São Paulo. A Justiça revogou a prisão na tarde desta quarta-feira (12).
Segundo o
promotor, por enquanto, as provas não apontam Leonardo como responsável pela
morte da jovem.
Durante a
entrevista, ele disse que está sendo bastante criticado pela medida, mas
considerou que a prisão não tinha sido feita de forma justa.
“Neste
momento, nesta situação do dia de hoje, as provas não indicam responsabilidade
do Leonardo, pode ser que no futuro isso venha a acontecer. Nesse momento, a
cautela me inspirou a pedir a soltura dele, porque eu não quero uma prisão
injusta, eu quero a prisão da pessoa responsável efetivamente.”
Na decisão,
a juíza Marcela Raia de Sant’Anna, da 5ª Vara do Júri, afirmou:
“Ao
contrário do noticiado e afirmado pelo delegado de polícia, o autuado não
confessou ter arremessado a garrafa contra os torcedores do time adversário.
[…] Em seu interrogatório negou que tivesse jogado qualquer objeto de vidro
contra os torcedores palmeirenses, afirmado que tinha pedras de gelo nas mãos,
as quais arremessou em revide a rojões que os palmeirenses teriam jogado contra
os flamenguistas”.
Segundo a decisão da Justiça:
“A
pessoa que arremessou a garrafa contra os torcedores palmeirenses trata-se de
um homem que possui barba, sendo, portanto, fisicamente diferente do autuado,
além de vestir camisa clara, diversa da camisa do time do Flamengo que o
autuado vestia quando foi preso”;
“Tudo
indica, portanto, que a garrafa que vitimou fatalmente Gabriella foi
arremessada por outra pessoa que não o autuado, o que enseja a imediata
revogação de sua prisão preventiva, com o prosseguimento das investigações para
que o verdadeiro autor seja identificado, bem como para que eventual
participação do autuado seja apurada”.
Além disso,
a juíza determinou que o caso passe a ser investigado pelo DHPP.
“Diante
da lamentável, para dizer o mínimo, postura do delegado de polícia, que se
mostrou açodado e despreparado para conduzir as investigações, de rigor é a
remessa dos autos ao DHPP, órgão especializado e preparado para a condução de
investigações desta espécie”, destacou Marcela.
Pedido de liberdade
O Ministério
Público de São Paulo havia pedido a liberdade na manhã desta quarta. De acordo
com o promotor Rogério Leão Zagallo, as provas não cravam que Santiago jogou a
garrafa de vidro que atingiu o pescoço e matou Gabriela.
“Ao que
tudo está a indicar, a garrafa que teria gerado a morte de Gabriella não foi
lançada por Leonardo, mas por esse torcedor que apresentava o rosto barbado e
vestia camisa cinza”, defende Leão, ao pedir a soltura de Santiago.
Em seu
pedido à Justiça, o promotor alegou que a Delegacia de Repressão aos Delitos de
Intolerância Esportiva (Drade) perdeu a credibilidade para seguir à frente do
caso e pediu que a investigação seja repassada para o Departamento de
Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), também da Polícia Civil de SP.
“Por
outro lado, para além da inexistência da confissão anunciada pelo Delegado de
Polícia César Saad, as imagens que aportaram nesta Promotoria de Justiça
evidenciam a necessidade de que a investigação prossiga”, afirma Rogério
Leão, ao se referir ao atual delegado responsável pela apuração do crime.
Investigação até aqui
Além de
Felipe Santiago, a Polícia Civil investiga ao menos dez pessoas que jogaram
garrafas na confusão entre torcedores que terminou com a morte de Gabriela. Os
investigadores usam uma ferramenta de investigação de reconhecimento facial.
De acordo
com o delegado Saad, todas essas imagens estão na unidade de inteligência. Os
que forem identificados irão responder individualmente por possíveis crimes
cometidos, informou o policial.
Entre os
suspeitos está um homem de barba citado pelo promotor Leão em seu pedido de
soltura do torcedor do Flamengo (veja abaixo). Ele vestia camiseta branca e foi
flagrado em vídeos atirando um objeto contra a torcida do Palmeiras.
Defensoria pediu liberdade
No domingo
(9), a Defensoria Pública do Estado de São Paulo apresentou um habeas corpus
com pedido liminar para que Leonardo deixasse a prisão ao menos
provisoriamente. Segundo a defesa, o suspeito não precisa ficar preso de forma
cautelar pois não tem antecedente criminal e possui residência fixa.
“Não há
elementos concretos a indicar que a permanência do paciente colocará em risco a
ordem pública ou econômica, tampouco que criará embaraços à persecução penal ou
aplicação da lei penal”, justificou a Defensoria.
No entanto,
o Tribunal de Justiça de São Paulo indeferiu o pedido: “A liminar somente
se justifica quando há flagrante de ilegalidade, hipótese não demonstrada, de
forma inequívoca, até o presente momento, em vista das limitadas informações
carreadas aos autos”, escreveu o relator da 10ª Câmara de Direito Criminal
nesta segunda-feira (10).