Protestos na China: por que manifestações contra restrições da Covid são desafio às autoridades
Protestos na China: por que manifestações contra restrições da Covid são desafio às autoridades
O governo da China parece ter subestimado drasticamente o crescente descontentamento da população com a política de Covid zero de Xi Jinping.
Por BBC 28/11/2022 08h20 Atualizado há 12 minutos
Ao longo dos
anos, explosões locais repentinas de protestos foram desencadeadas no país por
uma série de questões — da poluição tóxica à grilagem ilegal de terras,
passando pelos maus-tratos de um membro da comunidade nas mãos da polícia.
Mas, desta
vez, é diferente.
Há um
assunto que não sai da cabeça do povo chinês, e muitos estão cada vez mais
fartos dele — levando a uma reação generalizada contra as restrições rigorosas
impostas pela política de Covid zero do governo.
Isso se
refletiu em moradores derrubando barreiras montadas para fazer cumprir o
distanciamento social, e agora grandes protestos tomam as ruas e campi
universitários de cidades em todo o país.
Por um lado, é difícil explicar o quão chocante é ouvir uma multidão em Xangai pedindo a renúncia do presidente chinês, Xi Jinping.
É
extremamente perigoso aqui criticar publicamente o secretário-geral do Partido
Comunista. Você corre o risco de ser preso.
No entanto, lá estavam eles na rua de Xangai (Wulumuqi Lu) que leva o nome da cidade de Xinjiang onde um incêndio matou 10 moradores — muitos acreditam que as restrições impostas pela política de Covid-zero dificultaram o esforço de resgate.
Um
manifestante grita: “Xi Jinping!”
E centenas respondem: “Renuncie!”
O grito de
protesto então ecoa: “Xi Jinping! Renuncie! Xi Jinping! Renuncie!”
Também se
ouvia o seguinte coro: “Partido Comunista! Renuncie! Partido Comunista!
Renuncie!”
Para uma
organização política cuja ambição maior é a permanência no poder, esse é o
maior desafio possível.
O governo
parece ter subestimado drasticamente o crescente descontentamento da população
em relação à política de Covid zero — intrinsecamente ligada a Xi Jinping, que
recentemente prometeu que não haveria desvio da política.
Além disso,
não há maneira fácil de sair da sinuca de bico em que o Partido parece ter se
metido.
Eles tiveram três anos para se preparar para uma eventual reabertura, mas em vez de construir mais unidades de terapia intensiva (UTI) nos hospitais e enfatizar a necessidade de vacinação, investiram vastos recursos em testagem em massa, lockdowns e instalações de isolamento destinadas a vencer uma guerra contra um vírus que nunca vai embora.