Relator do arcabouço fiscal na Câmara vê ‘espaço’ para discutir texto na próxima semana

Relator do arcabouço fiscal na Câmara vê 'espaço' para discutir texto na próxima semana

Claudio Cajado disse que, na próxima segunda-feira (14), parlamentares vão debater proposta em reunião com técnicos do governo. Aprovado pelo Senado com mudanças, texto precisa ser analisado novamente pelos deputados.



Por Lais Carregosa, g1

O relator do arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados, Claudio Cajado (PP-BA), afirmou nesta terça-feira (8) que vê “espaço” para discutir o texto na próxima semana. A proposta deve substituir o teto de gastos, em vigor desde 2017.

“Me parece que a pauta desta semana tem vários itens, com relatórios apresentados, e como temos espaço, até o [final do] mês de agosto há espaço para que se possa discutir essa matéria na semana que vem”, disse.

O texto do novo marco fiscal já foi aprovado pela Câmara, mas passou por mudanças durante a tramitação no Senado e, por isso, precisa ser analisado pelos deputados novamente. Na semana passada, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), adiou a votação por tempo indefinido.

Segundo Cajado, em reunião com líderes e Arthur Lira nesta terça, os deputados decidiram marcar um encontro com técnicos do governo na próxima segunda-feira (14) à noite, para discutir o tema.

“Tivemos um consenso de que ouvíssemos também técnicos do governo para esclarecer o que foi dito quando da votação na Câmara e as alterações do Senado”, disse.

 

Mudanças

O deputado afirmou que os líderes não discutiram cada uma das alterações na reunião de líderes desta terça-feira (8).

Mas um dos itens “fundamentais”, segundo Cajado, é espaço orçamentário de R$ 30 bilhões a R$ 40 bilhões, aberto por emenda do senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) – manter esse trecho é um pedido do Ministério do Planejamento.

Os deputados também vão discutir a exclusão dos seguintes itens da regra fiscal:

 

– Fundo Constitucional do Distrito Federal;

– Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb);

– Investimentos em ciência e tecnologia.

 

“Segunda-feira, com essa reunião, acho que esgotaremos todas essas alterações e faremos com que o consenso prevaleça e o relatório que vou apresentar não seja só aquilo que eu penso e acho, mas o conjunto dos líderes e do presidente Arthur”, continuou.

Cajado afirmou que, na própria segunda-feira (14) ou no dia seguinte, os líderes devem discutir o que permanece ou não no texto. Só então o arcabouço será levado a plenário.

 

Adiamento da votação

O novo marco fiscal vai substituir o teto de gastos e é essencial para o planejamento do Orçamento da União de 2024. Ao anunciar o adiamento da votação, Arthur Lira citou falta de consenso entre os deputados para confirmar ou rejeitar a maior parte das mudanças feitas ao texto no Senado.

Lira afirmou que só há acordo sobre a retirada do Fundo Constitucional do Distrito Federal dos limites da regra. Ainda há embate sobre a retirada do Fundeb e de gastos com ciência e tecnologia de forma geral.

No entanto, segundo o blog do jornalista Gerson Camarotti, líderes partidários também fazem críticas à articulação política do governo e reclamam da demora na reforma ministerial prometida para aproximar partidos do Centrão.

 

O arcabouço

O eixo central da nova regra é:

 

meta fiscal com objetivo de estabilizar a diferença entre a dívida do governo e o crescimento econômico:

– Haverá uma faixa de tolerância para cumprimento da meta, calculada a partir de uma pequena parcela do Produto Interno Bruto (PIB), para mais ou para menos.

 

– Se o resultado do saldo do ano anterior for positivo, acima do esperado, o governo vai poder usar esse excesso para investimentos. A proposta limita o uso deste montante a 70% do crescimento registrado, até 0,25% do PIB;

– se o contrário ocorrer, e o resultado for inferior ao limite da tolerância, punições, conhecidas como “gatilhos”, serão aplicadas:

– Já no primeiro ano de descumprimento da meta fiscal, o governo não poderá criar cargos nem realizar concurso público.

 

Se a meta continuar abaixo do previsto depois do segundo ano de vigência do arcabouço, as sanções ficam mais rígidas. O Executivo não conseguirá criar novos auxílios e benefícios fiscais nem despesa obrigatória.

Segundo o projeto, as despesas vão ter um crescimento real (descontada a inflação) de, no mínimo, 0,6%. Os deputados fixaram, e o Senado confirmou que o aumento real da despesa terá o limite de 2,5%. O piso para garantir investimentos públicos será equivalente a 0,6% do PIB.

 

Caso o novo arcabouço seja aprovado e implementado, o governo prevê:

– zerar o déficit público da União no próximo ano;

– superávit de 0,5% do PIB em 2025;

– superávit de 1% do PIB em 2026;

e estabilizar a dívida pública da União em 2026, último ano do mandato do presidente Lula.

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