Ricardo Lewandowski será o novo ministro da Justiça, anuncia Lula
Ricardo Lewandowski será o novo ministro da Justiça, anuncia Lula
Jurista se aposentou como ministro do STF em abril de 2023, perto de completar 75 anos. Lewandowski presidiu o julgamento do impeachment de Dilma e está no tribunal permanente do Mercosul.
Por Guilherme Mazui, Beatriz Borges, g1 e TV Globo — Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta quinta-feira (11) que o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski vai assumir a chefia do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Lewandowski vai suceder no cargo Flávio Dino, que foi nomeado por Lula e aprovado pelo Senado como novo ministro do STF – ele deve tomar posse no cargo em fevereiro.
O anúncio foi feito no Palácio do Planalto. Lula estava acompanhado de Lewandowski, Flávio Dino, e da primeira-dama, Janja da Silva. Segundo o presidente, a nomeação será publicada em 19 de janeiro e o novo ministro tomará posse em 1º de fevereiro.
“Eu só vou fazer o decreto da oficialização dele, a pedido dele, por conta de coisas particulares que ele tem que fazer, no dia 19. Acertamos que ele toma posse no dia 1º de fevereiro. Até lá, o companheiro Flávio Dino, que só vai tomar posse em 22 de fevereiro, ficará cumprindo a função da forma magistral que ele cumpriu até agora”, disse Lula.
O presidente
disse que Lewandowski foi “um extraordinário ministro da Suprema
Corte”, e que recebeu na quarta (10) a resposta positiva do ministro aposentado
para assumir o cargo.
“Eu acho que ganha o Ministério da Justiça, ganha a Suprema Corte e ganha o povo brasileiro com essa dupla que está aqui do meu lado, cada um na sua função”, disse.
Lula também
afirmou que dará autonomia para que o novo indicado monte a própria equipe na
Justiça. Contudo, o presidente declarou que pretende discutir em fevereiro com
Lewandowski quem ficará e sairá do ministério.
“Normalmente,
eu tenho por hábito cultural não indicar ninguém em nenhum ministério. Quero
que as pessoas montem o time que elas vão jogar. Se eu fosse técnico de
futebol, não permitiria que o presidente do meu time, por mais importante que
fosse, fosse escalar o meu time. O meu time sou eu quem escalo. Se eu perder,
me tirem, se eu ganhar, eu continuo.”
“[Em 1º
de fevereiro] Ele [Lewandowski] já vai ter uma equipe montada, ele vai
conversar comigo e aí vamos discutir quem fica, quem sai, quem entra, quais são
as novidades”, acrescentou.
Já fora do
púlpito, Lula disse que a primeira-dama Janja espera que mulheres ocupem espaço
na nova gestão da pasta, ao que Lewandowski respondeu: “Certamente”.
Repercussão
Após o
anúncio, autoridades e organizações se manifestaram sobre a escolha de
Lewandowski para o cargo.
Em nota, o
presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) parabenizou o ministro pela
nova função e colocou a instituição à disposição para “projetos e
iniciativas”.
A Associação
dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) também parabenizou Lewandowski por meio
de nota e desejou sucesso ao ministro na nova função.
“A
Ajufe deseja sucesso ao ministro Ricardo Lewandowski na nova etapa e se coloca
à disposição para colaborar nesta desafiadora missão da sua carreira profissional”,
diz o documento.
O ministro
do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli também se manifestou sobre a
escolha e disse que a decisão do presidente Lula foi “muito sábia e
feliz”.
“A
escolha do Ministro Ricardo Lewandowski para o cargo de Ministro da Justiça e
Segurança Pública foi muito sábia e feliz. Mais do que talhado para os desafios
do cargo, ele é maior que a própria cadeira que irá ocupar, o que é raro. Isso
demonstra sua generosidade, humildade e vocação de homem público voltado ao bem
comum da sociedade e demonstra o seu amor ao nosso País, ao nosso Brasil.
Desejo a ele toda a sorte do mundo, pois, todos os outros atributos ele os tem
de sobra”, escreveu Toffoli.
Já o presidente
do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), desejou sucesso na gestão do
novo ministro. Ele publicou uma mensagem em uma rede social.
“Desejo
ao ministro Ricardo Lewandowski uma gestão bem-sucedida no comando do
Ministério da Justiça e Segurança Pública. Magistrado que sempre demonstrou
preparo e equilíbrio durante a sua carreira”, escreveu Pacheco.
Percurso até anúncio
O nome do
ministro aposentado do Supremo já vinha sendo especulado há semanas, e a aposta
ganhou força após uma sequência de reuniões entre Lula, Dino e Lewandowski
nesta semana. Houve um encontro na segunda, seguido de nova reunião nesta quarta
e uma terceira nesta quinta.
Na noite de
quarta, o blog da Júlia Duailibi no g1 já havia antecipado que Lewandowski
tinha aceitado o convite de Lula e trabalhava para montar sua equipe na pasta.
“Estou
indo para uma missão”, afirmou o ministro aposentado so STF a aliados, segundo
o blog da Daniela Lima.
“Número
2” de Dino no ministério, Ricardo Cappelli afirmou nesta quinta ao blog da
Ana Flor que não deve seguir no posto. Lewandowski ainda não anunciou nenhum
membro de sua futura equipe no ministério.
Ministro aposentado
Lewandowski
se tornou ministro do STF em março de 2006 e se aposentou em abril de 2023, um
mês antes de completar 75 anos – idade máxima para o posto. “Parto para
novas jornadas”, afirmou ao anunciar a antecipação da aposentadoria.
Em julho, o
Ministério das Relações Exteriores anunciou a nomeação de Lewandowski para o
cargo de árbitro do Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul.
A vaga de
Lewandowski no STF foi ocupada por Cristiano Zanin, primeiro indicado de Lula
ao tribunal no atual mandato. Quando tomar posse, Flávio Dino substituirá Rosa
Weber, que se aposentou em setembro.
Desde a
indicação de Dino para o STF, o governo passou por algumas semanas de
especulações sobre a sucessão no Ministério da Justiça.
Além de
Lewandowski, eram cotados nomes como a atual ministra do Planejamento, Simone
Tebet (MDB), o advogado Marco Aurélio de Carvalho e o secretário-executivo do
ministério na gestão de Dino, Ricardo Cappelli.
Perfil
Antes de
ingressar no STF, Lewandowski foi desembargador do Tribunal de Justiça de São
Paulo (TJ-SP) e juiz do Tribunal de Alçada Criminal do estado.
O ministro
presidiu o STF de 2014 a 2016. Em 2016, como manda a Constituição, ele presidiu
no Senado, na condição de presidente do STF, o julgamento do impeachment da
ex-presidente Dilma Rousseff.
Lewandowski
foi presidente do Tribunal Superior Eleitoral nas eleições de 2010, a primeira
em que vigorou a Lei da Ficha Limpa.
Quando se aposentou no STF, Lewandowski ocupava também a vice-presidência da Corte.
Além do Tribunal do Mercosul, após a aposentadoria, passou a integrar o Conselho de Assuntos Jurídicos da Confederação Nacional da Indústria (instância que preside) e a coordenar o Novo Observatório da Democracia da Advocacia-Geral da União.