Roberto Jefferson descumpre decisão da Justiça e atira contra PF: leia perguntas e respostas

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Roberto Jefferson descumpre decisão da Justiça e atira contra PF: leia perguntas e respostas

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O Ministro Alexandre de Moraes revogou a domiciliar e determinou a prisão de Roberto Jefferson, que resistiu por horas e atacou agentes da Polícia Federal

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Por  24/10/2022 10h38 Atualizado há 18 minutos

O ex-deputado Roberto Jefferson atirou em policiais federais que foram cumprir o mandado de prisão determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no começo da tarde deste domingo (23), na cidade de Comendador Levy Gasparian (RJ).

Ele, que teve revogada a prisão domiciliar por descumprir medidas, resistiu, atirou com fuzil e jogou 3 granadas contra agentes da Polícia Federal.

Abaixo, leia perguntas e respostas sobre o caso:

Quem é Roberto Jefferson?

Roberto Jefferson é ex-deputado federal e presidente afastado do PTB. Ele ficou conhecido nacionalmente após delatar o esquema de compra de votos no Congresso Nacional no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, batizado pelo próprio Roberto Jefferson de “mensalão”.

Ele tentou ser candidato à Presidência da República pelo PTB nas eleições deste ano, mas, por unanimidade, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou o registro de candidatura.

Jefferson, então, indicou como substituto o desconhecido Padre Kelmon, que representou o partido no primeiro turno das eleições. No debate com candidatos à Presidência, organizado pela Globo, no fim de setembro, Padre Kelmon fez dobradinha com o presidente Jair Bolsonaro, candidato a reeleição, para atacar o candidato do PT, Luís Inácio Lula da Silva.

Roberto Jefferson estava em liberdade?

Não, ele estava em prisão domiciliar, com uso de tornozeleira, determinada no inquérito que investiga uma suposta organização criminosa que atenta contra o Estado Democrático de Direito.

Quando Roberto Jefferson foi preso?

Roberto Jefferson foi preso em agosto do ano passado no âmbito do inquérito das milícias digitais e as atividades de uma organização criminosa que teria agido para atentar contra o Estado Democrático de Direito. No mesmo mês, a Procuradoria-Geral da República apresentou denúncia contra o ex-presidente do PTB pelos crimes de homofobia, calúnia e incitação ao crime de dano contra o patrimônio.

Em janeiro deste ano, a prisão preventiva de Roberto Jefferson foi substituída por prisão domiciliar. O ministro Alexandre de Moraes atendeu ao pedido da defesa, que alegou que o ex-deputado estava debilitado em razão de doença grave.

Por que Roberto Jefferson foi preso?

O ex-deputado estava em prisão domiciliar, que foi revogada porque as restrições impostas foram desrespeitadas, segundo o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF). Por isso, o ministro Alexandre de Moraes, em uma decisão proferida no sábado (22), determinou que o ex-deputado retornasse ao regime fechado.

Inicialmente, Moraes tinha expedido um mandado de prisão contra Jefferson por ele ter violado medidas de prisão domiciliar. Depois, o ministro mandou prendê-lo em flagrante sob a acusação de tentativa de homicídio, após Roberto Jefferson atirar contra agentes da Polícia Federal.

Que medidas foram descumpridas na prisão domiciliar?

Em sua decisão, Moraes listou os descumprimentos: “receber visitas e passar orientações a dirigentes do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB); conceder entrevista ao Canal Jovem Pan News no YouTube; promover, replicar e compartilhar notícias fraudulentas “que atingem a honorabilidade e a segurança do STF e de seus ministros, atribuindo e/ou insinuando a prática de atos ilícitos por membros da Suprema Corte.”

Moraes também transcreveu falas de Roberto Jefferson para justificar sua decisão, como os xingamentos à ministra Cármen Lúcia.

Quem foi prendê-lo e onde?

No domingo (23), uma equipe da Polícia Federal saiu do Rio com destino à casa de Roberto Jefferson, em Comendador Levy Gasparian, no Sul Fluminense. Os agentes chegaram à residência às 11h. Roberto Jefferson resistiu à prisão por 14 horas.

Como foi o ataque de Roberto Jefferson contra a PF?

Sem sair de casa, Roberto Jefferson disparou de fuzil cerca de 20 vezes e atirou três granadas na direção dos agentes.

A viatura da PF foi atingida na lataria e no para-brisa. O impacto das balas estilhaçou o vidro, e estilhaços feriram o delegado Marcelo Vilella e a policial Karina Lino Miranda de Oliveira.

Roberto Jefferson confirmou os disparos, mas disse, antes de se entregar, que não foram direcionados aos agentes. “Não atirei em ninguém para pegar. Atirei no carro e perto deles”, afirmou o ex-parlamentar.

A PF revidou?

Sim, segundo a corporação. Até a última atualização desta reportagem, não se sabiam quantos tiros foram dados. Os agentes não invadiram a propriedade.

Alguém ficou ferido?

Sim, dois agentes da Polícia Federal ficaram feridos após o ataque de Roberto Jefferson. Eles receberam atendimento médico e passam bem.

O repórter cinematográfico Rogério de Paula, da Inter TV, afiliada da TV Globo, foi agredido por apoiadores de Roberto Jefferson e do presidente Jair Bolsonaro (PL). Rogério, de 59 anos, levou um soco, caiu no chão, bateu a cabeça e teria tido um início de convulsão. A câmera que ele usava quebrou. O cinegrafista foi levado para o Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Três Rios

Como foi a rendição?

Agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar foram ao local para negociar uma rendição, que só aconteceu após oito horas.

Roberto Jefferson foi preso?

Sim. Depois de resistir, agentes conseguiram prendê-lo. O ex-deputado chegou no início da madrugada desta segunda-feira (24) ao Presídio de Benfica, na Zona Norte do Rio, cerca de 14 horas depois de receber voz de prisão da PF e de reagir a tiros e granadas.

Roberto Jefferson chegou no início da madrugada desta segunda-feira (24) ao Presídio de Benfica, na Zona Norte do Rio, cerca de 14 horas depois de receber voz de prisão da PF e de reagir a tiros e granadas, na manhã de domingo (23).

Roberto Jefferson podia ter armas?

Não. E ainda não se sabe como o ex-deputado adquiriu o fuzil e as granadas usadas no ataque. Também não se sabe se o arsenal, todo ou parte, estava regular. Segundo o blog do Valdo Cruz, ministros do STF defenderam que haja uma apuração “rigorosa” sobre como Roberto Jefferson, em prisão domiciliar, conseguiu manter em sua residência itens como fuzil e granadas. Para esses ministros, houve uma “falha grave” e é preciso apurar as responsabilidades pelo fato.

Ao blog, ministros do STF disseram ser preciso apurar quem ajudou Roberto Jefferson a manter o armamento em casa, uma vez que estava na condição de preso.

“Alguém entregou essas armas para ele. Afinal, quando o réu foi para prisão domiciliar, as regras mandam fazer uma inspeção na residência em busca de materiais proibidos, como armas”, disse ao blog um ministro.

O que Bolsonaro disse sobre a prisão e o ataque?

Bolsonaro repudiou as ofensas a Cármen Lúcia e o ataque contra a PF, mas criticou o STF na mesma frase. “Repudio as falas do Sr. Roberto Jefferson contra a Ministra Carmen Lúcia e sua ação armada contra agentes da PF, bem como a existência de inquéritos sem nenhum respaldo na Constituição e sem a atuação do MP”, escreveu Bolsonaro no Twitter.

Na mesma rede social, Bolsonaro disse que determinou “a ida do Ministro da Justiça ao Rio de Janeiro para acompanhar o andamento deste lamentável episódio”.

O presidente também se referiu a Roberto Jefferson como criminoso e somente à noite, após o ex-deputado se entregar para a polícia, Bolsonaro prestou solidariedade aos policiais feridos.

Depois, o presidente participou de uma transmissão ao vivo em seu canal no YouTube. Ele leu o que tinha escrito no seu perfil no Twitter e disse que não tem nem foto com Roberto Jefferson, apesar dos registros feitos no Palácio do Planalto e divulgados na época pelo próprio ex-deputado e pelo PTB.

 

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