Rosa Weber se despede do STF e abre nova vaga para indicação de Lula
Rosa Weber se despede do STF e abre nova vaga para indicação de Lula
Em discurso, ministra lembrou invasão à Corte em 8 de janeiro.
Publicado por André Richter - Repórter da Agência Brasil - Brasília
A ministra
Rosa Weber presidiu, nesta quarta-feira (27), a última sessão no comando do
Supremo Tribunal Federal (STF). Nomeada pela ex-presidente Dilma Rousseff em
2011, Rosa deixará o tribunal nos próximos dias ao completar 75 anos e se
aposentar compulsoriamente.
No discurso
de despedida, a ministra destacou os atos golpistas de 8 de janeiro. Ela
lembrou que, pela primeira vez na história, a sede da Corte foi invadida e
depredada. Rosa afirmou que o episódio mostrou que a “democracia ficou
inabalada”.
“Inabalada
restou nossa democracia, como inabalável continua, simbolizada neste plenário
inteiramente restaurado. Ficou a advertência, cabe a todos a defesa
intransigente da democracia constitucional”, afirmou.
Rosa Weber
disse ainda que teve a oportunidade de conhecer o país ao visitar presídios,
quilombos e terras indígenas.
“A partir
dos trabalhos desenvolvidos, mais e melhor conhecer esse Brasil de tantos
brasis, esse Brasil plural, de tantas desigualdades e mazelas e, ao mesmo
tempo, de tantas belezas e de riquezas de toda ordem”, concluiu.
Amanhã (28),
em substituição a Rosa Weber, o ministro Luís Roberto Barroso tomará posse no
cargo de presidente da Corte.
Trajetória
Rosa tomou
posse em dezembro de 2011. Ela entrou na vaga deixada pela aposentadoria da
ministra Ellen Gracie, primeira mulher a ser nomeada para a Corte, em 2000.
Weber foi
indicada pela ex-presidente Dilma Rousseff. Antes de chegar ao Supremo, a
ministra fez carreira na Justiça do Trabalho, onde iniciou como juíza
trabalhista no Rio Grande do Sul e chegou ao cargo de ministra do Tribunal
Superior do Trabalho (TST).
Durante sua
passagem pela Corte, a ministra se destacou pelo voto proferido a favor da
descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação e a manifestação
contra o habeas corpus preventivo para evitar a prisão do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, em 2018.
Nesta
semana, na função de presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Rosa
conseguiu articular a aprovação da resolução para ampliar a promoção de
mulheres na magistratura.
No CNJ, a
ministra também retomou a realização de mutirões carcerários e visitou
territórios indígenas, além de lançar a primeira Constituição em línguas
indígenas.
Vaga aberta
A vaga deixada
por Rosa Weber deverá ser preenchida por indicação do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. Não há prazo para a nomeação.
Após a
definição do nome, o indicado precisará ser aprovado pela Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e pelo plenário da Casa. Em seguida, a
posse será marcada.
Com a saída
de Rosa, o plenário da Corte será composto, ainda que temporariamente, por
apenas uma mulher, a ministra Cármen Lúcia. O cenário pode ser alterado a
depender da indicação de Lula.
Edição:
Marcelo Brandão