Rússia diz que Ucrânia derrubou avião militar, fala em ‘ato de barbárie’ e pede convocação de Conselho de Segurança da ONU
Rússia diz que Ucrânia derrubou avião militar, fala em 'ato de barbárie' e pede convocação de Conselho de Segurança da ONU
Segundo agência de notícias RIA, radares russos registraram o lançamento de dois mísseis ucranianos em direção ao espaço aéreo russo. Aeronave levava 74 passageiros, entre eles 65 prisioneiros ucranianos que, segundo Moscou, seriam trocados por russos presos na Ucrânia.
Por g1
A Rússia
acusou nesta quarta-feira (24) a Ucrânia de ter derrubado o avião militar russo
que caiu em uma área de fronteira entre os dois países.
A aeronave
transportava 74 pessoas, entre elas 65 prisioneiros ucranianos que, segundo o
governo russo, seriam levados para uma troca com prisioneiros russos. O avião
caiu em Belgorod, cidade russa perto da fronteira com a Ucrânia, por volta das
11h no horário local (5h no horário de Brasília), segundo o Ministério da
Defesa russo.
A agência de
notícias RIA, citando a pasta da Defesa, disse que radares da Rússia detectaram
o lançamento de dois mísseis ucranianos. O ministério acusou a Ucrânia de ter
derrubado a aeronave e chamou a queda de um “ato de barbárie”.
O ministro
de Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, propôs nesta quarta (24) que o
Conselho de Segurança da ONU se reúna para que a Ucrânia explique por que o
avião caiu.
Sem
confirmar nem negar autoria na queda do avião, o Serviço de Inteligência das
Forças Armadas da Ucrânia afirmou ainda não ter informações
“confiáveis” sobre quem estava dentro do avião, mas confirmou que
havia uma troca de prisioneiros com a Rússia prevista para esta quarta-feira.
O governo
ucraniano tem adotado como praxe não confirmar nem negar ataques em território
russo cuja autoria é atribuída à Ucrânia. A agência de inteligência militar da
Ucrânia declarou que a Rússia não pediu proteção do espaço aéreo no local onde
o avião caiu.
O
ex-presidente russo Dmitry Medvedev, aliado de Vladimir Putin, afirmou, sem
fornecer provas, que as Forças Armadas ucranianas sabiam se tratar de uma
aeronave com passageiros nacionais, mas a derrubou mesmo assim por conta de
“lutas internas”.
Em um vídeo
feito por um morador de Belgorod que registra o momento da queda (veja vídeo
acima), é possível ver uma pequena nuvem de fumaça no ar após o avião cair e
explodir em solo.
Um
especialista em aviação afirmou à rede britânica BBC que a nuvem de fumaça
registrada é compatível com a produzida por mísseis após sua explosão (veja na
imagem abaixo). Em sessão no Parlamento russo, em Moscou, o deputado Andrei
Kartapolov, ex-general da Forças Armadas russa, afirmou que a aeronave foi
derrubada por mísseis.
A acusação
acirra ainda mais as tensões entre Ucrânia e Rússia, em um momento de escalada
de ataques russos na guerra entre os dois países, que já dura quase dois anos.
Desde o fim
de dezembro, tropas russas têm bombardeado alvos civis em grandes cidades da
Ucrânia , segundo autoridades ucranianas. Os ataques contrastam com o cenário
da guerra no país ao longo de 2023, com ações mais concentradas nas frentes de
batalha.
Em 29 de
dezembro, Moscou fez um dos maiores ataques coordenados à Ucrânia, atingindo
alvos civis como uma maternidade e deixando 30 mortos, segundo Kiev.
Além dos 65
ucranianos, a aeronave levava também seis membros da tripulação e outras três
pessoas, que não haviam sido identificadas até a última atualização desta
reportagem.
O avião caiu
por volta das 11h no horário local (05h no horário de Brasília) em uma área
residencial do distrito de Korochansky, a nordeste da cidade de Belgorod, ainda
segundo o governador de Belgorod. O governador não afirmou se casas ou moradores
foram atingidos com a queda.
Segundo a
imprensa russa, um segundo avião também levando ucranianos para a mesma troca
de passageiros, mas a aeronave conseguiu desviar da rota e segui voo.
O avião é do
modelo Ilyushin Il-76, designado para o transporte militar de tropas, carga,
equipamentos militares e armamentos. Tem uma tripulação de cinco pessoas e pode
transportar até 90 passageiros.
Troca de prisioneiros
Após meses
de impasses no campo diplomático e no front de batalha, Ucrânia e Rússia
voltaram, em janeiro, a fazer troca de prisioneiros de guerra.
Na semana passada, em uma primeira leva, 400 prisioneiros foram libertados no total, 200 de cada lado.