Saiba quais foram os atos assinados por Lula no primeiro dia do novo governo
Saiba quais foram os atos assinados por Lula no primeiro dia do novo governo
Presidente da República editou série de medidas logo após assumir o cargo, na mesma cerimônia em que deu posse a ministros. Lista inclui recriação do Fundo Amazônia e novo Bolsa Família.
Por g1 — Brasília 01/01/2023 19h25 - Atualizado há 15 horas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) assinou neste domingo (1º) o primeiro pacote de medidas do novo governo.
Os decretos e medidas provisórias foram assinados em cerimônia no Palácio do
Planalto, horas após Lula tomar posse no cargo (leia detalhes abaixo).
Na mesma solenidade, o presidente deu
posse aos 37 ministros. Até a última atualização desse texto, os documentos
ainda não tinham sido publicados no “Diário Oficial da União” ou
divulgados pelo governo.
Veja abaixo quais medidas Lula assinou neste domingo:
– Medida provisória que reestrutura a
Esplanada dos Ministérios e cria novas pastas;
– Medida provisória que recria o Bolsa
Família no valor de R$ 600;
– Medida provisória que prorroga a
desoneração dos combustíveis por 60 dias;
– Decreto que inicia reestruturação da
política de controle de armas;
– Decreto que restabelece medidas de
combate ao desmatamento na Amazônia;
– Decreto que restabelece o Fundo
Amazônia;
– Decreto revogando norma do governo
Jair Bolsonaro que, segundo a nova gestão, “incentivava o garimpo legal na
Amazônia”;
– Decreto que, segundo o novo governo,
“extingue a segregação e garante inclusão de pessoas com
deficiência”;
– Decreto que remove impedimentos
estabelecidos na gestão anterior para a participação social na definição de
políticas públicas;
– Despacho determinando que a
Controladoria-Geral da União (CGU) avalie, em 30 dias, decisões sobre sigilo;
– Proposta para retirar Correios,
Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) e Petrobras dos estudos do Programa
Nacional de Desestatização;
– Despacho determinando que o
Ministério do Meio Ambiente proponha, em 45 dias, nova regulamentação para o
Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
Nova Esplanada
dos Ministérios
A primeira MP assinada recria
ministérios como Transportes, Esporte, Desenvolvimento Social e Desenvolvimento
Agrário, além de transferir estruturas e secretarias entre ministérios que já
existiam.
O governo Lula terá 37 ministérios,
mesmo número que o governo Lula II (2007-2010).
A diferença é que, no mandato
anterior, a lista incluía o Ministério de Assuntos Estratégicos, que não deve
ser recriado, e o Banco Central – hoje, uma entidade independente. No lugar
desses, há duas novidades: o Ministério dos Povos Indígenas e o Ministério da
Gestão e Inovação em Serviços Públicos.
Bolsa Família de
R$ 600
Agora recriado, o programa Bolsa
Família substitui o Auxílio Brasil – criado pelo governo Jair Bolsonaro no fim
de 2021 unificando a versão anterior do Bolsa Família e outros benefícios
sociais.
A medida é importante porque, além de
garantir a continuidade do pagamento, o texto deve trazer mudanças no formato.
O governo Lula promete retomar a
fiscalização das condicionantes que acompanhavam o pagamento – as crianças da
família têm que estar na escola e com a vacinação em dia, por exemplo.
Desoneração dos
combustíveis
Nas últimas semanas, o tema da tributação federal sobre os combustíveis dividiu o governo. Por fim, venceu a ala que defendia prorrogar, por 60 dias, a desoneração dos produtos.
Em junho, em meio à inflação provocada
pela guerra na Ucrânia e em período pré-eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro
(PL) zerou alíquotas tributárias que incidem sobre a gasolina, o álcool e o
diesel. As medidas, no entanto, perderam validade neste sábado (31).
No início desta semana, o ministro da
Fazenda, Fernando Haddad (PT), pediu que o atual governo não prorrogue a
desoneração. Ele disse que o governo eleito precisava de mais tempo para decidir
se renova a desoneração, mas não citou argumentos para já retornar com a
cobrança de imposto.
Se por um lado a volta da cobrança do
imposto tem possível impacto nas bombas e na inflação, tem também o potencial
de arrecadar quase R$ 53 bilhões no ano – no momento em que o governo eleito
busca formas de compensar os gastos com as promessas de campanha.
Restabelecimento
do Fundo Amazônia
Criado há 14 anos para financiar ações
de redução de emissões provenientes da degradação florestal e do desmatamento,
o Fundo Amazônia é considerado uma inciativa pioneira na área.
O mecanismo está paralisado desde
abril de 2019, quando o governo de Jair Bolsonaro fez um “revogaço” de centenas
de conselhos federais e com isso extinguiu seus Comitê Orientador (COFA) e
Comitê Técnico (CTFA).
Em novembro deste ano, o Supremo
Tribunal Federal (STF) determinou a reativação do fundo no prazo de 60 dias. Em
dez anos (2009 a 2018), o fundo aplicou mais de R$ 1 bilhão em 103 projetos de
órgãos públicos e organizações não-governamentais.
Controle sobre
armas
Lula já havia dito, no discurso de
posse no Congresso, que seu governo iria revogar os decretos do ex-presidente
Jair Bolsonaro que facilitaram o acesso a armas de fogo e munição.
A flexibilização do acesso a armas,
impulsionada por Bolsonaro, vem sendo alvo de críticas de especialistas em
segurança, que afirmam que a medida piora e violência e aumenta a quantidade de
armas em mãos de criminosos.
Análise de
sigilos
Lula afirmou ainda durante a eleição
que uma de suas primeiras medidas ao assumir a presidência seria a revisão dos
sigilos impostos por Bolsonaro.
Em diversas oportunidades durante a
campanha, Lula declarou que faria um “revogaço” das decisões logo no
primeiro dia do novo governo.
“No primeiro dia de governo, nós vamos fazer um decreto para acabar com o sigilo de 100 anos. O povo deve ver o que estão escondendo”, escreveu Lula, em uma rede social.
Entre os documentos que foram alvo de
sigilo estão o cartão de vacina de Bolsonaro e o processo sobre a participação
do ex-ministro da Saúde e então general da ativa do Exército Eduardo Pazuello
em uma manifestação a favor do ex-presidente, no Rio de Janeiro.
Colocar um documento ou informação sob
sigilo é uma decisão de um órgão do governo ao qual um pedido de informação é
enviado, via Lei de Acesso à Informação (LAI).