Seleção inspira o mundo e precisa voltar a vencer, diz Dorival Júnior
Seleção inspira o mundo e precisa voltar a vencer, diz Dorival Júnior
Para técnico, a amarelinha demanda mais responsabilidade dos atletas.
Publicado por Agência Brasil - Rio de Janeiro
A
apresentação de Dorival Júnior como novo técnico da seleção brasileira na sede
da CBF, na tarde desta quinta-feira (11), no Rio de Janeiro, ocorreu sob o
slogan “Novos sonhos para sonhar”, estampando no painel ao fundo do
auditório. Além de ressaltar a
relevância da amarelinha e convocar o torcedor a comparecer aos jogos da
seleção, Dorival quer conduzir o Brasil
à final da Copa do Mundo de 2026. Atual pentacampeão, o Brasil está há 20 anos
sem disputar o título mundial.
“Tenho a
confiança do presidente [Ednaldo Rodrigues] para fazer meu trabalho daqui para
frente, preparar a equipe, ganhar jogos e chegar numa Copa do Mundo que será
muito disputada. Vou trabalhar neste sentido, me preparei muito para estar
aqui. Tenho uma convicção muito grande que a seleção brasileira vai alcançar seus
objetivos”, afirmou o treinador.
Ao
apresentar o novo técnico, o presidente da CBF Ednaldo Rodrigue revelou que o
contrato assinado com Dorival só termina depois do Mundial de 2026, que será
realizado nos Estados Unidos, México e Canadá.
Antes de conceder a primeira entrevista coletiva à imprensa, Dorival fez um balanço de sua história no futebol brasileiro, iniciada aos seis anos, quando acompanhava o pai, diretor de futebol da Ferroviária. Prestes a completar 62 anos, Dorival trabalha há 20 anos como treinador.
“Hoje estou
aqui representando a seleção mais vencedora do planeta, a que inspira muitos no
mundo inteiro. E tem obrigação de voltar a vencer. O futebol brasileiro é muito
forte, se reinventa. Não pode passar pelo momento que está passando. Que sirva de lição para que possamos
encontrar um novo caminho. Nós aprendemos com o futebol brasileiro o caminho da
vitória. E precisamos reencontrar esse momento”.
Dorival foi
assertivo sobre o que pretende fazer para ganhar a confiança do torcedor
brasileiro.
“Nosso
momento é difícil. Mas nada que seja impossível de revertermos rapidamente. Não
tem culpados. Não tem interferências, não tem nada disso. O que nós precisamos
a partir de agora é buscar soluções. Quem tiver uma observação que possa nos
ajudar, nós estaremos abertos. Para qualquer contato possível. Eu conto com
todos vocês, para que o futebol brasileiro volte a estar num grande momento. A
partir de agora não é a seleção do Dorival, é a seleção do povo
brasileiro.”
Consciente
do desafio que tem pela frente, Dorival propôs mais comprometimento e
responsabilidade dos jogadores convocados a vestir a camisa da seleção. Além de
três amistosos já agendados para Datas Fifa (Espanha, Inglaterra
e México), haverá também Copa América a partir de junho nos Estados Unidos e,
em setembro, novas rodadas das Eliminatórias da Copa do Mundos, nas quais o
Brasil patina na sexta posição entre 10 seleções sul-americanas.
“Eu acho que
não é nem uma mudança de nomes, o que vem acontecendo de uma maneira gradativa
em relação à seleção que jogou a última Copa. É uma mudança emocional,
postural. Uma mudança que o atleta tem que entender que está aqui vestindo uma
camisa muito pesada, referência no mundo todo. Se nesse instante, não estamos
em uma posição adequada em relação à nossa classificação para a próxima Copa,
vamos tentar o máximo para reverter tudo isso. A lição que o Zagallo nos deixou
é uma lição que tem que ficar guardada para o resto da vida. O atleta que vem
para cá não pode deixar de ter essa gana, essa garra de querer ganhar o tempo
inteiro.
Sobre as
novas convocações que pretende fazer, Dorival adiantou que chamará os melhores
atletas, tanto os que jogam no Brasil, quanto no exterior, incluindo o atacante
Neymar, que atualmente se recupera de uma cirurgia no joelho.
“Às
vezes temos uma referência lá fora, que passa a ser muito melhor que o
Campeonato Brasileiro, mas temos que repensar isso. Nosso campeonato é muito
mais difícil do que muitos lá fora. Se estiverem preparados, vou contar com
muitos jogadores que estejam aqui dentro”.
Quanto a
Neymar, Dorival fez questão de deixar claro que não tem nada contra o atleta.
Isto porque em 2010, quando comandava o Santos, teve um desentendimento com o
jogador, durante uma partida contra o Atlético-GO. Na ocasião, o jogador de 17
anos bateu boca com Dorival à beira do campo, ao querer bater um pênalti,
contrariado a decisão do técnico. Devido ao incidente, Dorival o suspendeu por
dois jogos, mas logo depois, o técnico foi demitido do clube santista.
“O
Brasil tem que aprender a jogar sem o Neymar. Porque agora ele tem uma lesão.
Mas nós temos um dos três maiores jogadores do mundo, e depois vamos contar com
ele. Não tenho problema nenhum com o Ney. A proporção que aquela situação tomou
foi desproporcional. Após aquela partida nós já estávamos conversando. A
diretoria do Santos tomou uma decisão e eu respeitei. Mas sempre que nos
encontramos foi uma situação positiva. O futebol é muito dinâmico. O céu e o
inferno estão a um palmo de distância”.
Dorival
também falou do seu estilo de jogo, apelidado de “feijão com arroz”,
mas que nos últimos anos lhe rendeu o bicampeonato na Copa do Brasil (com São
Paulo no ano passado, e Flamengo em 2022), e uma Libertadores (também como
Rubro-Negro carioca em 2022).
“Eu
fico muito tranquilo. Minha primeira equipe, o Figueirense, depois a quarta
equipe, o Figueirense, a décima equipe que foi o Santos de 2010, a penúltima o
Flamengo, a última o São Paulo. Todas jogavam de uma forma diferente. Então
esse feijão com arroz tinha sempre um tempero diferente de cada estado. Eu
ajudei a salvar seis equipes grandes do rebaixamento. E cheguei a decisões
importantes de competição. Não voltei três vezes ao Flamengo, duas ao Santos,
duas ao São Paulo por acaso. Foi porque deixei algo plantado. Se foi um feijão,
ou se foi um arroz, eu acho que agradei. E retornar é muito difícil. Em algumas
eu havia ganho campeonatos, em outras não”, concluiu.
Edição:
Cláudia Soares Rodrigues