Sinal de paz? Palmeiras e WTorre buscam acordo após processo de R$ 160 milhões sobre o Allianz
Sinal de paz? Palmeiras e WTorre buscam acordo após processo de R$ 160 milhões sobre o Allianz
Partes têm disputa na Justiça Comum e arbitragem, mas tentam chegar a um denominador comum. Construtora voltou a fazer repasses ao clube depois de quase nove anos.
Por Thiago Ferri — São Paulo
Palmeiras e
WTorre têm mantido conversas em busca de um acordo. Os parceiros no Allianz
Parque viveram momentos tensos ao longo da relação de dez anos, sendo o ápice a
ação do clube na Justiça Comum cobrando mais R$ 160 milhões da construtora. A
meta, agora, é chegar a um denominador comum.
Há conversas
entre as diretorias em busca de um acordo por esta ação, além dos valores que o
Verdão tem de débito com a construtora e outras disputas menores. Ainda não há
um acerto, mas as partes têm mantido contato para alinhar as diferenças.
Como
publicou o jornalista Paulo Massini, a WTorre voltou a fazer repasses ao
Palmeiras referente às receitas de eventos no Allianz Parque. Foram pagos R$
1,7 milhão em abril e mais R$ 2,7 milhões em maio, referentes a abril. O
montante anterior, que gerou a ação de R$ 160 milhões, segue em aberto.
Até então, desde a inauguração do Allianz Parque, em novembro de 2014, a WTorre havia feito o repasse em apenas sete meses: novembro e dezembro de 2014, e de janeiro a junho de 2015 (exceto maio daquele ano). Desde então até o começo de 2024, os valores não foram mais depositados.
Por
contrato, o Verdão tem direito a percentuais que crescem ao longo dos 30 anos
do acordo com a construtora, referente ao aluguel da arena para shows,
exploração de setores, locação de camarotes e cadeiras, além de naming rights.
Esta dívida
é motivo de discussão na Justiça desde 2017, por meio de uma ação de execução
de título extrajudicial. O valor vem sendo atualizado frequentemente pelo
Palmeiras.
A WTorre,
que gerencia a arena pela Real Arenas, discorda do montante e justifica que há
discussões sobre valores a pagar e a receber da parceria na corte arbitral.
Este tema agora tem sido debatido na nova tentativa de acordo.
No processo
que corre na Justiça Comum, a WTorre foi comunicada em março de que precisaria
apresentar garantias de que pode pagar os R$ 160 milhões cobrados pelo Verdão e
cumpriu o pedido.
Valores
detalhados no balanço
O balanço
financeiro de 2023 do Verdão, apresentado em março, tem uma área em que detalha
divergências financeiras com a WTorre.
Na área
“outros valores a receber”, são lançados R$ 121,5 milhões de direitos
com a Real Arenas. A explicação no documento é de “saldo corresponde aos
valores a receber provenientes da Escritura Pública de Constituição de Direito
Real de Superfície e Outras Avenças, assinado entre o Clube e a Real
Arenas”.
Este valor
diverge dos R$ 160 milhões, pois no balanço é lançada a soma dos repasses sem
os juros e correções previstos, além de outras obrigações que o clube entende
não terem sido cumpridas pela WTorre e que não estão no processo que corre na
Justiça Comum.
Há, ainda,
uma área de “perdas estimadas com Real Arenas”, em que o Palmeiras
calcula ter R$ 38,4 milhões a pagar para a empresa.
Caso o
acordo aconteça, a ideia é resolver estas pendências citadas.
Entrada
do BTG muda algo?
Na semana
passada, o jornalista Lauro Jardim, de “O Globo”, publicou que o
banco BTG adquiriu dívidas que a WTorre tem com o Banco do Brasil. Entre elas,
a referente ao financiamento para a construção do Allianz Parque.
Isto poderia
indicar a intenção da instituição financeira de assumir o controle do Allianz
Parque no lugar da Real Arenas, mas a construtora justifica que está
“rigorosamente em dia nos pagamentos de seus financiamentos
contratados”.
Por
enquanto, este movimento não altera a relação entre Palmeiras e WTorre.
Até
quando vai a parceria entre Palmeiras e WTorre?
Os 30 anos
da parceria começaram a valer a partir da inauguração da arena, no fim de 2014.
Ou seja, o contrato entre o clube e a construtora é válido até novembro de
2044.
Qual o
percentual a que o Verdão tem direito nas receitas?
As receitas
do Palmeiras pela locação da arena para eventos, além da exploração de áreas
como lojas, lanchonetes e estacionamento são:
Até 5 anos
da abertura: 20%
De 5 anos
até 10 anos da abertura (estágio atual): 25%
De 10 anos
até 15 anos da abertura: 30%
De 15 anos
até 20 anos da abertura: 35%
De 20 anos
até 25 anos da abertura: 40%
De 25 anos
até 30 anos da abertura: 45%
Já as
receitas pela locação de cadeiras, camarotes, além do naming rights com a
Allianz são:
Até 5 anos
da abertura: 5%
De 5 anos
até 10 anos da abertura (estágio atual): 10%
De 10 anos
até 15 anos da abertura: 15%
De 15 anos
até 20 anos da abertura: 20%
De 20 anos
até 25 anos da abertura: 25%
De 25 anos
até 30 anos da abertura: 30%