Sobe para 16 o número de mortes na Baixada Santista
Sobe para 16 o número de mortes na Baixada Santista
Informação é da Secretaria de Segurança Pública do Estado de SP.
Publicado em 02/08/2023 - 13:07 Por Camila Boehm – Repórter da Agência Brasil - São Paulo
O número de
mortos por policiais militares durante a Operação Escudo subiu para 16,
informou a Secretaria de Segurança Pública (SSP) do estado de São Paulo .
Iniciada após o assassinato do policial Patrick Bastos Reis, soldado das Rondas
Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), a operação é o evento mais violento da Baixada
Santista desde a ocorrência dos Crimes de Maio, em 2006. A avaliação é do
presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana
(Condepe), Dimitri Sales.
Na ocasião,
em resposta a ataques articulados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC),
agentes do estado e grupos de extermínio saíram às ruas para retaliação. Foram
564 pessoas mortas e 110 feridas em todo o estado, de 12 a 21 de maio daquele
ano. Do total, 505 mortos eram civis e 59, agentes públicos.
O governador
Tarcísio de Freitas tem reiterado, desde a divulgação dos primeiros óbitos, que
não há excesso da força policial na operação. “A avaliação [do Condepe] é que
de fato o número de mortos confirma o que a gente tem dito: que se trata de
chacina. E ainda atesta a irresponsabilidade do governador, que não está
amparado em nenhum laudo pericial para refutar as denúncias de tortura e de
execução sumária. Com isso, ele está legitimando essa onda de violência”, disse
Sales.
Freitas e o
secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, afirmaram, em coletiva de
imprensa na última segunda-feira (31), que as denúncias de tortura – um dos
mortos teria marcas de queimadura de cigarro – eram “narrativas”.
“Nenhuma denúncia de tortura pode ser desconsiderada, o estado tem o dever de apurar as denúncias que chegam. O papel da Ouvidoria da Polícia e do Condepe é ser o canalizador das denúncias. Você não pode, de pronto, dizer que se trata de uma narrativa como se houvesse uma disputa ideológica ou uma disputa política, nós estamos falando de 14 mortes [até ontem] provocadas não coincidentemente após a morte de um policial”, apontou Sales.
Segundo ele,
denúncias de maus-tratos, de tortura e de execuções sumárias cometidos no
âmbito da Operação Escudo estão sendo desconsideradas pelo governador. “Os
corpos atestam que não tem disputa de narrativa. Há mortes que têm que ser
contidas, há uma onda de violência em que policiais também estão sendo
alvejados. Me parece que é preciso responsabilizar o governador sobre essas
mortes e essa onda de violência”, acrescentou.
Na
entrevista à imprensa, Tarcísio de Freitas criticou a divulgação de mortes além
dos números oficiais. “É um monte de gente falando um monte de coisa que não é
procedente. Chega um camarada e diz ‘ah, morreram tantas pessoas’, não sabe nem
o que aconteceu. ‘Ah, tenho relatos que morreram muito mais pessoas do que
estão sendo notificadas’, é falso. É falso, não tem informação correta, não
está interpretando corretamente o que está sendo registrado no boletim de
ocorrência, nós estamos trabalhando com toda a transparência”, disse o
governador na ocasião.
No entanto,
os números divulgados pela SSP têm aumentado e ultrapassaram aqueles divulgados
pela Ouvidoria de Polícia. Na segunda-feira, o governo informou que eram oito
mortos, enquanto a ouvidoria informava dez. Na coletiva de ontem o próprio
governador confirmou 14 mortes de civis decorrentes da operação, até aquele
momento.
“Quando ele
tenta descredenciar a atuação da ouvidoria, do conselho e dos movimentos
sociais, os números que se seguem desmentem o próprio governador. É muito
importante que a gente fique atento porque a onda de violência tem que ser
contida urgentemente”, apontou o presidente do Condepe. Ele alerta que as ações
de revide podem desencadear uma situação incontrolável, semelhante ao que
ocorreu em maio de 2006.
Em relação à
continuidade da Operação Escudo, confirmada pela SSP na manhã de hoje, apesar
da prisão do último suposto envolvido na morte do soldado da Rota, Sales avalia
que ela não se justifica. “Se a questão era prender os responsáveis pela morte
de um policial, eles estão presos. Qual é a razão de se manter essa operação? A
secretaria [SSP] não tem argumentos que consigam sustentar isso. Da minha
parte, parece que é abusiva essa operação nos moldes em que está acontecendo
agora”, finalizou.
Edição:
Juliana Andrade