STF homologa delação de Lessa sobre assassinato de Marielle
STF homologa delação de Lessa sobre assassinato de Marielle
Ex-policial deu informações que podem apontar mandante do crime.
Publicado por Pedro Rafael Vilela - Repórter da Agência Brasil - Brasília
O ministro
da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, anunciou, na noite desta
terça-feira (19), que o assassino da vereadora Marielle Franco e de Anderson
Gomes – o ex-policial militar Ronnie Lessa -, fechou um acordo de delação
premiada, já homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O caso está sendo
conduzido na Corte pelo ministro Alexandre de Moraes.
“Nós
sabemos que essa colaboração premiada, que é um meio de obtenção de provas,
traz elementos importantíssimos, que nos levam a crer que brevemente nós
teremos a solução do assassinato da vereadora Marielle Franco. O processo segue
em segredo de justiça, como todos sabem”, afirmou Lewandowski, em
pronunciamento à imprensa, após ter recebido um comunicado oficial de Moraes sobre
a homologação da delação.
Os
assassinatos de Marielle e do motorista Anderson Gomes completaram seis anos na
semana passada. Até o momento, somente os executores do crime foram
identificados e presos.
Após o
anúncio feito por Lewandowski, o Supremo informou que a delação de Lessa foi
homologada após Alexandre de Moraes verificar que as regras da Lei nº 12.850/13
(Lei da Delação) foram cumpridas. Foram avaliados os requisitos de legalidade,
adequação dos benefícios e dos resultados da colaboração.
Ontem (18), o gabinete do ministro realizou uma audiência com Ronnie Lessa e confirmou que a delação foi assinada de maneira voluntária.
Com a
homologação, o inquérito será devolvido à PF para continuidade das
investigações.
O processo
que apura quem foram os mandantes do duplo assassinato foi enviado ao STF há
poucos dias. A investigação procura saber quem atuou como mandante das mortes.
Como o inquérito está em segredo de justiça, ainda não é possível obter
detalhes sobre os motivos que levaram a Polícia Federal (PF) e o Superior
Tribunal de Justiça (STJ), onde o processo tramitava, a enviar o caso ao Supremo.
Nas questões
criminais, cabe ao STF o julgamento de autoridades com foro privilegiado na
Corte, como deputados federais e senadores. Dessa forma, uma das justificativas
para a remessa da investigação pode ser a citação do nome de alguma autoridade
com foro no tribunal. Contudo, o motivo da movimentação da investigação não foi
confirmado pela Polícia Federal.
Em outro
processo sobre a investigação, o policial militar reformado Ronnie Lessa deve
ser levado a júri popular. Ele foi o autor dos disparos. Lessa está preso desde
2019, pelo crime, e foi expulso da PM no ano passado.
As
especulações sobre uma delação premiada de Ronnie Lessa já vinham aparecendo no
noticiário nos últimos meses, mas eram negadas pela PF. Além dele, o
ex-policial militar Élcio de Queiroz, que dirigia o carro usado no crime, tem
um acordo de delação premiada fechado com os investigadores, cujos detalhes
foram divulgados ainda no ano passado.
Em postagem
nas redes sociais, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de
Marielle, demonstrou otimismo com as investigações a partir desta nova delação.
“As
notícias que acabam de sair com os avanços da investigação sobre o caso da
minha irmã e do Anderson, nos dão fé e esperança de que finalmente teremos
respostas para esse assassinato político, covarde e brutal. O anúncio do
Ministro Lewandowski a partir do diálogo com o Ministro Alexandre de Moraes é
uma demonstração ao Brasil de que as instituições de Justiça seguem
comprometidas com a resolução do caso”, escreveu.
* Texto
atualizado às 20h18 para acréscimo de informações do STF
Edição: Carolina Pimentel