Supremo adia para junho julgamento sobre redes sociais
Supremo adia para junho julgamento sobre redes sociais
Pedido foi solicitado pelos ministros Dias Toffoli e Luiz Fux.
Publicado em 17/05/2023 - 09:20 Por Felipe Pontes - Repórter da Agência Brasil - Brasília
O Supremo
Tribunal Federal (STF) adiou para junho, em data ainda a ser definida, o julgamento
sobre a responsabilidade das redes sociais por conteúdos ilegais publicados em
suas plataformas. O tema estava pautado para esta quarta-feira (17) no
plenário, mas teve a análise adiada a pedido dos relatores, os ministros Dias
Toffoli e Luiz Fux.
A caso havia
sido pautado para julgamento em meio ao impasse no Congresso a respeito do
chamado Projeto de Lei das Fake News, cuja votação foi adiada na Câmara após
forte campanha de empresas de tecnologia contrárias ao projeto, que na véspera
da análise pelos parlamentares disseminaram críticas ao PL.
Além das
consequências políticas, plataformas como Google e Telegram são investigadas
por suposto abuso de poder econômico no caso. Uma investigação foi aberta no
Supremo, por ordem do ministro Alexandre de Moraes e a pedido da
Procuradoria-Geral da República (PGR). O Conselho Administrativo Econômico
(Cade), que fiscaliza o cumprimento de regras concorrenciais, também apura a
conduta das empresas.
Ainda não há
data para que o tema volte ao plenário da Câmara, diante da dúvida se o PL das
Fake News conseguirá votos suficientes dos deputados para ser aprovado. No
Supremo, a percepção dos ministros é que o caso deve ser tratado
preferencialmente pela via legislativa, mas que o tribunal deverá agir para
preencher eventual omissão do Congresso.
Para isso, o
Supremo deverá julgar dois recursos com repercussão geral – cujo desfecho
deverá servir de parâmetro para os demais casos semelhantes – que questionam o
artigo 19 do Marco Civil da Internet. O dispositivo dispensa as plataformas de
redes sociais de responsabilização caso não removam publicações de usuários que
sejam flagrantemente ilícitas.
Desde os
atos golpistas de 8 de janeiro, planejados e executados com auxílio de
aplicativos de mensagens e redes sociais, diversos ministros do Supremo têm se
posicionado publicamente em defesa da regulação dessas plataformas, de modo a
conferir grau de responsabilidade às empresas que as administram se elas não
agirem para impedir a disseminação de mensagens antidemocráticas.
O tema tem
peso diferenciado para o Supremo, cuja sede foi a mais depredada pelos vândalos
que invadiram as sedes dos Três Poderes no 8 de janeiro. A maioria dos
ministros da Corte está convencida de que o episódio poderia ter sido evitado
se o uso das redes sociais já tivesse sido melhor regulamentado no país.
Desde a
eleição presidencial de 2022, ministros como Alexandre de Moraes e Gilmar
Mendes pressionam para que o Congresso aprove lei a respeito do assunto. Após o
8 de janeiro, ministros como Rosa Weber, Edson Fachin e Luiz Fux também
passaram a se manifestar mais abertamente nesse sentido.
O julgamento
sobre o Marco Civil da Internet foi tema de audiência pública no Supremo, em
março, quando ministros da Corte e do governo se revezaram na defesa de uma
maior regulamentação das redes sociais. Recentemente, a PGR também se
manifestou, nos próprios recursos sobre o assunto, a favor de uma maior
responsabilização das redes sociais que não removerem conteúdo ofensivo após
alertadas.
A pressão
por uma regulamentação maior das redes sociais aumentou ainda mais na esteira
de ataques e ameaças a escolas brasileiras que foram anunciados e estimulados
em plataformas como o Twitter.
As empresas
se defendem afirmando que uma maior regulação deve desestimular investimentos
para aprimorar as plataformas de redes sociais, bem como representa uma ameaça
à liberdade de expressão.
Edição:
Valéria Aguiar