Tarcísio reafirma privatizações e diz que greve não impedirá estudos
Tarcísio reafirma privatizações e diz que greve não impedirá estudos
Sindicato de trabalhadores aponta impactos de medidas.
Publicado por Camila Boehm - Repórter da Agência Brasil - São Paulo
O governador
Tarcísio de Freitas disse, na manhã desta terça-feira (28), que não irá ceder e
seguirá com as privatizações no estado. Com 88% de adesão à greve pelos
metroviários, ele criticou o desrespeito à decisão judicial de manter efetivo
mínimo de trabalhadores em serviço e informou que o governo está
individualizando o cumprimento da escala de trabalho.
“As
desestatizações, os estudos para concessões, não vão parar. Não adianta fazer
greve com esse mote”, disse o governador, em entrevista coletiva. “Vamos
continuar estudando, vamos continuar tocando, porque dissemos que faríamos isso. A operação da
Sabesp vai acontecer no ano que vem, podem ter certeza disso, e vai ser um
grande sucesso”, acrescentou.
Tarcísio
ressaltou que “não há conciliação possível, não há negociação, porque vamos
continuar seguindo o programa de governo, vamos continuar estudando concessões
e privatizações”.
Sobre a
paralisação, o governador disse que vai “individualizar condutas, porque as
pessoas se abrigam no coletivo, no sindicato”. Ele confirmou que o Metrô
atingiu 88% de adesão à greve, e que não cumpriu o percentual de trabalhadores
em atividade definido pela Justiça.
“Vamos pegar
quem desrespeitou a decisão, se foi escalado para cumprir aquela decisão.
Então, estamos adstritos aos limites impostos ali pelo Judiciário, que impôs
aquele percentual e nós escalamos as pessoas para cumprir aquela decisão. Se as
pessoas não cumpriram, elas são passíveis de sanção. E vamos estudar qual
sanção vamos aplicar”, disse Tarcísio.
Liminar
Nesta
terça-feira (28), liminar concedida pelo desembargador Marcelo Freire
Gonçalves, vice-presidente judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª
Região (TRT2), determinou que os trabalhadores da Companhia do Metrô mantenham
80% do efetivo em atividade, no horário de pico (das 6h às 9h e das 16h às 19h)
e 60%, e nos demais períodos. Ele definiu multa diária de R$ 700 mil em caso de
descumprimento.
Para a
Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), a operação deve ser de 85%
do efetivo nos horários de pico (4h às 10h e 16h às 21h), além de 60% nos
demais intervalos, sob pena de multa diária de R$ 600 mil. O relator foi o
desembargador Fernando Álvaro Pinheiro. De acordo com o governo, 70% do efetivo
está trabalhando na companhia, apesar da greve.
O diretor do
sindicato dos Metroviários, Dagnaldo Gonçalves, defendeu o movimento grevista,
apontando o impacto de privatizações sobre os trabalhadores. “Quando se
privatiza uma empresa, os salários caem, os direitos também caem, tem a questão
trabalhista. Mas o nosso maior foco é a degradação do sistema”, disse.
“A gente
está vendo que a privatização não é uma forma de melhorar o transporte em São
Paulo. Temos os exemplos da linha 8 e 9, que deixa muito claro que foi
privatizada, que quebra todo dia. E não é isso que a gente quer do metrô, que
está sendo avaliado como o melhor serviço público de São Paulo. Não faz sentido
não lutar para que continue com preço acessível, porque onde privatiza, o preço
sobe, a tarifa sobe.”
Em relação a
punições, Gonçalves afirmou que a categoria está “apenas exercendo o direito
constitucional de greve”.
Ele avalia
que o transporte tem que melhorar, ampliar as linhas, mas disse não é
privatizando que isso vai acontecer e aponta que o transporte tem que melhorar,
ampliar as linhas, mas avalia que a privatização não vai resolver isso.
“Serviço é
serviço, não é pra dar lucro. O trabalhador já dá lucro quando chega na empresa
e começa a trabalhar: dá lucro para o patrão e gera imposto. Agora, ele tem que
dar lucro para poder chegar até lá também, para poder se transportar?”,
questionou.
*Colaborou
Nelson Lin, da Rádio Nacional
Edição:
Maria Claudia