Taxa média de juros tem redução em setembro
Taxa média de juros tem redução em setembro
Juros do rotativo do cartão de crédito caíram 4,4 pontos percentuais.
Publicado por Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil - Brasília
Pelo quarto
mês seguido, a taxa média de juros das concessões de crédito teve queda,
desacelerando em 12 meses, segundo as Estatísticas Monetárias e de Crédito
divulgadas nesta terça-feira (7) pelo Banco Central (BC). A taxa, considerando
o conjunto dos recursos livres e direcionados, alcançou 30,5% ao ano em
setembro, redução de 0,2 ponto percentual no mês.
O pico dos
juros aconteceu em maio, com 32,3% ao ano. Nos 12 meses encerrados em setembro,
o crescimento foi de 1,5 ponto percentual. Já nos 12 meses encerrados em
agosto, a alta foi de 7,6 pontos percentuais.
O
comportamento dos juros bancários médios ocorre em um momento em que a taxa
básica de juros da economia, a Selic, também vem sendo reduzida. A Selic é o
principal instrumento do BC para controlar a inflação.
Após
sucessivas quedas no fim do primeiro semestre, a inflação voltou a subir na
segunda metade do ano, mas essa alta era esperada por economistas. Diante
disso, na semana passada o BC cortou os juros pela terceira vez no semestre,
para 12,25% ao ano, em um ciclo que deve seguir com cortes de 0,5 ponto
percentual nas próximas reuniões. Ainda assim, os membros do colegiado
indicaram que poderão mudar o tempo do período de cortes, caso as condições
tornem mais difícil reduzir juros.
De março de
2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num
ciclo de aperto monetário que começou em meio à alta dos preços de alimentos,
de energia e de combustíveis. Por um ano, de agosto do ano passado a agosto
deste ano, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas.
Até o fim do ano, a previsão dos analistas é que a Selic caia para 11,75%. Com isso, a taxa de captação dos bancos (o quanto é pago pelo crédito) vem recuando. Desde abril, ela está em queda e ficou em 9,3% em setembro.
A elevação
da taxa básica ajuda a controlar a inflação porque causa de reflexos nos
preços, já que juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança,
contendo a demanda aquecida. Quando o Copom diminui a Selic, a tendência é que
o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o
controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.
Crédito livre
No crédito
livre para as famílias, a taxa média de juros chegou a 57,3% ao ano, com
redução de 0,5 ponto percentual em relação a agosto e alta de 3,5 pontos
percentuais em 12 meses. “Esse desempenho decorreu, principalmente, da redução
das taxas médias praticadas nas principais modalidades [efeito taxa]”, explicou
o BC.
Nas
contratações com empresas, a taxa livre subiu 0,4 ponto percentual no mês e 0,1
ponto percentual em 12 meses, alcançando 22,9% ao ano. Segundo o BC, o
resultado se deve a uma maior participação de modalidades com taxas mais
elevadas em relação às de menor custo (efeito saldo).
Cartão de crédito
Para pessoas
físicas, um dos destaque foi o cartão de crédito, com redução de 0,1 ponto
percentual no mês e alta de 12,2 pontos percentuais em 12 meses, alcançando
101,4% ao ano.
No crédito
rotativo, que é aquele tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor
integral da fatura do cartão e dura 30 dias, houve queda de 4,4 pontos
percentuais no mês e alta 50,2 pontos percentuais em 12 meses, para 441,1% ao
ano.
A modalidade
é uma das mais altas do mercado. Em outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva sancionou lei que limita os juros do crédito rotativo. A legislação
define que as empresas emissoras de cartão têm 90 dias para encaminhar ao
Conselho Monetário Nacional (CMN) uma proposta de regulamentação com definição
desse teto.
Caso
contrário, fica decidido que os juros não poderão ser maiores que o valor
original da dívida. Ou seja, juros de 100% e não de mais de 400% ao ano como é
cobrado atualmente.
Após os 30
dias, as instituições financeiras parcelam a dívida do cartão de crédito. Nesse
caso do cartão parcelado, os juros reduziram 0,8 ponto percentual no mês e
aumentaram 8,2 pontos percentuais em 12 meses, para 193,8% ao ano.
Também
influenciou a redução dos juros para as famílias a taxa do crédito pessoal não
consignado, com queda de 1,3 ponto percentual em setembro e alta de 9,7 pontos
percentuais em 12 meses (91,3% ao ano). Por outro lado, os juros do cheque
especial tiveram alta de 2,8 pontos percentuais no mês e de 0,1 ponto percentual
em 12 meses (134,4% ao ano).
No crédito livre, os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes. Já no crédito direcionado, as regras são definidas pelo governo, e se destina, basicamente, aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito.
No caso do
crédito direcionado, a taxa média para pessoas físicas ficou em 11% ao ano em
setembro, redução de 0,5 ponto percentual no mês e alta de 0,2 ponto percentual
em 12 meses. Para as empresas, a taxa subiu 0,7 ponto percentual no mês e 1,9
ponto percentual em 12 meses, para 11,4% ao ano.
Contratações
A manutenção
prolongada dos juros em alta – resultado do aperto monetário – e a própria
desaceleração da economia levaram também a uma desaceleração do crédito
bancário. Em setembro, as concessões de crédito subiram 0,5% para as pessoas
físicas e 3,8% para empresas. Em agosto, esses aumentos foram de 8% e 3,8% para
esses segmentos, respectivamente.
Em setembro,
o estoque de todos os empréstimos concedidos pelos bancos do Sistema Financeiro
Nacional (SFN) ficou em R$ 5,575 trilhões, um crescimento de 0,8% em relação a
julho. O resultado refletiu o aumento de 1,6% no saldo das operações de crédito
pactuadas com pessoas jurídicas (R$ 2,196 trilhões) e o incremento de 0,3% no
de pessoas físicas (R$ 3,379 trilhões).
Na
comparação interanual, o crédito total cresceu 8% em setembro, mantendo a
tendência de desaceleração observada desde meados de 2022. Em agosto, esse
crescimento havia sido de 9%. Nas mesmas bases de comparação, os estoques de
crédito para pessoas jurídicas e pessoas físicas desaceleraram, com expansões
de 4,4% e 5%, respectivamente, ante 10,5% ante 11,8% em agosto, na mesma ordem.
Já o crédito
ampliado ao setor não financeiro, que é o crédito disponível para empresas,
famílias e governos, independentemente da fonte (bancário, mercado de título ou
dívida externa), alcançou R$ 15,467 trilhões, com redução de 0,5% no mês. O
principal fator dessa queda foram os títulos da dívida pública, que diminuíram
3,9%.
Em 12 meses,
o crédito ampliado cresceu 7,1%, ante 8,9% em agosto deste ano.
Endividamento das famílias
Segundo o
Banco Central, a inadimplência – considerados atrasos acima de 90 dias – tem se
mantido estável há bastante tempo, com pequenas oscilações e registrou 3,5% em
setembro. Nas operações para pessoas físicas, ela está em 4%, e para pessoas jurídicas
em 2,7%.
O
endividamento das famílias – relação entre o saldo das dívidas e a renda
acumulada em 12 meses – ficou em 48% em agosto, aumento de 0,2 ponto percentual
no mês e queda de 1,7% em 12 meses. Com a exclusão do financiamento
imobiliário, que pega um montante considerável da renda, o endividamento ficou
em 30,4% no nono mês do ano.
Já o
comprometimento da renda – relação entre o valor médio para pagamento das
dívidas e a renda média apurada no período – ficou em 27,5% em agosto, redução
de 0,1 ponto percentual na passagem do mês e no mesmo patamar em 12 meses.
Esses dois
últimos indicadores são apresentados com uma defasagem maior do mês de
divulgação, pois o Banco Central usa dados da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílio (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Edição:
Fernando Fraga