Tebet diz que LDO será baseada no teto de gastos e vai ‘assustar’
Tebet diz que LDO será baseada no teto de gastos e vai ‘assustar’
Ministra do Planejamento diz que, sem a aprovação do novo arcabouço fiscal, o orçamento ´`não tem espaço fiscal para nada de novo’ e zeraria as despesas discricionárias.
Por Raphael Martins, g1 14/04/2023 10h20 - Atualizado há uma hora
A ministra
do Planejamento, Simone Tebet, disse nesta sexta-feira (14) que a Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO) foi feita com base na atual regra fiscal do
Brasil, o teto de gastos, e será publicada hoje no Diário Oficial da União.
Tebet afirma
que, apesar da apresentação do novo arcabouço fiscal, o texto da LDO precisa
ser enviado com a regra fiscal vigente. A ministra afirma que, dentro das
diretrizes do teto de gastos, foi necessário quase zerar as despesas
discricionárias do país — aquelas que o governo pode manejar e deixar de fazer.
“A LDO vai
mostrar o Brasil real, o Brasil que nós temos em relação às contas públicas e,
sim, vai assustar. Vai mostrar que não tem espaço fiscal para absolutamente
nada de novo e, ao contrário, nós teríamos que tirar de despesas
discricionárias”, disse Tebet.
Segundo ela,
haverá condicionantes, com números atualizados, caso a proposta de regra fiscal
do novo governo seja aprovada pelo Congresso Nacional. O arcabouço ainda será
enviado para avaliação de deputados e senadores, mas o governo espera aprová-lo
ainda no primeiro semestre.
“Isso é
importante porque mostra que o teto de gastos, de tanto que foi furado, e pelo
fato de não ter vindo acompanhado, no momento certo, da reforma tributária, ele
já ruiu. Ele caiu em cima da nossa casa e está arrastando a nossa casa, chamada
Brasil”, disse a ministra.
“O que significa isso? que o teto de gastos, se permanecesse ou permanecer em 2024, ele compromete as despesas e as políticas públicas no Brasil, a ponto de praticamente zerar os recursos para as chamadas despesas discricionais.”
A ministra
diz que, hoje, o orçamento dispõe de algo em torno de R$ 200 bilhões em
despesas discricionárias. Retirando da conta as emendas parlamentares, que são
distribuídas e não ficam sob a tutela do governo, sobra algo em torno de R$ 170
bilhões para que o poder executivo aplique livremente.
“Com o teto
de gastos, nós perdemos praticamente todo esse recurso, sobra um valorzinho
muito modesto”, disse Tebet.
Se aprovada
pela Congresso, a nova regra para as contas públicas vai substituir o teto de
gastos em vigor desde 2017 como novo parâmetro para limitar os gastos do
governo. Atualmente, o governo só pode corrigir as despesas com base na
inflação do período.
Já a nova
proposta prevê que, a cada ano, o crescimento máximo dos gastos públicos seja
de 70% do crescimento da receita primária (ou seja, da arrecadação do governo
com impostos e transferências).
Há, ainda,
um segundo limite: o governo terá que respeitar um intervalo fixo para o
crescimento real das despesas, com variação mínima de 0,6% e máxima de 2,5% de
crescimento real (ou seja, desconsiderada a inflação). Essa “garantia de
aumento” é o que viabilizaria as despesas para o próximo ano.
Tebet diz
que a LDO também virá com estimativa do novo salário mínimo, mas não adiantou
números. A ministra afirmou que uma reunião entre o Ministério do Planejamento,
Fazenda e Casa Civil acontece nesta manhã para arredondar os números.
Reforma
tributária
A ministra
foi questionada pelos jornalistas sobre a desoneração da folha de pagamento de
determinados setores da economia, que dependem do benefício para manter
empregos. Ela comentou que a desoneração pode ser prorrogada para o ano que vem
apenas em caso de atraso na aprovação da reforma tributária — ainda que ela
acredite que será possível aprová-la ainda neste ano.
Tebet diz
que o governo firmou posição de que os meandros da reforma tributária serão
decididos pelo Congresso, mas que não podem abrir mão de dois pilares: a
unificação de impostos para simplificar e evitar cumulatividade e
regressividade do sistema, e que a tributação seja feita no destino em vez de
realizado na origem.
“Com base
nessa tese, vamos diminuir a carga do setor empresarial. Não há crescimento
duradouro sem uma indústria forte”, disse.