Tebet estima rombo de R$ 120 bilhões em 2023 e diz que governo vai cortar gastos
Tebet estima rombo de R$ 120 bilhões em 2023 e diz que governo vai cortar gastos
Na quarta, Ministério do Planejamento divulgou rombo menor, de R$ 107 bilhões, mas cifra não incluía reajuste do mínimo para R$ 1.320 a partir de maio, diz ministra.
Por Alexandro Martello, g1 — Brasília 23/03/2023 11h01 - Atualizado há 3 horas
A ministra
do Planejamento, Simone Tebet, afirmou nesta quinta-feira (23) que o déficit
nas contas do governo para este ano deve ficar em torno de R$ 120 bilhões.
O déficit
primário considera que as despesas ficarão acima das receitas, mesmo antes do
pagamento de juros da dívida pública.
A previsão
de rombo fiscal da ministra para 2023 está acima do valor divulgado nesta
quarta-feira pelos ministérios do Planejamento e da Fazenda. As pastas
estimaram, por meio de relatório, que o resultado negativo seria menor, em R$
107,6 bilhões.
Esse valor
engloba o pacote de medidas anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, em janeiro deste ano – focado principalmente em medidas de aumento da
arrecadação (como um novo Refis e a volta do voto de qualidade no Carf).
De acordo com a ministra, o relatório divulgado ontem pela área econômica não considerava, ainda, o reajuste do salário mínimo de R$ 1.302 para R$ 1.320, previsto para acontecer a partir de maio deste ano. O valor já foi confirmado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“É uma
projeção, mas ela está caminhando no sentido que nós queremos de que o déficit
fiscal no Brasil não se encerrará com R$ 230 bilhões, mas algo em torno, agora,
com essa projeção, de R$ 107 bilhões. Podemos ter uma pequena alteração quando
vier o reajuste do salário mínimo em torno de mais alguns gastos, em R$ 120
bilhões”, disse a ministra.
O Orçamento
de 2023 previa, originalmente, um rombo de cerca de R$ 230 bilhões. Em 2022, as
contas do governo registraram um superávit de R$ 54,1 bilhões. Foi o primeiro
resultado positivo em oito anos.
Corte de
gastos
A ministra
do Planejamento também afirmou que o governo vai cortar despesas – algo pedido
por analistas para possibilitar um corte de juros mais rápido por parte do
Banco Central.
Atualmente,
a taxa está em 13,75% ao ano. É o maior patamar, em termos reais, do planeta.
No maior nível, também, em mais de seis anos.
“Mas
isso nós vamos fazer”, disse Tebet, ao ser questionada por jornalistas se
haverá corte de gastos.
A ministra
já citou algumas iniciativas do Ministério do Planejamento como, por exemplo, a
revisão de restos a pagar (despesas deixadas pelo governo anterior) pelos
ministérios.
“Está
dentro do prazo para que os ministérios revejam todos os restos a pagar, todos
programas e ações que estavam sendo realizados, e contratos do ano passado,
para ver não só a legalidade deles, como também agora a necessidade ou não
desses mesmos gastos”, declarou.
Redução
da taxa de juros
Simone Tebet
reafirmou, ainda, que o atual cenário, com estimativa de redução do déficit
fiscal em relação ao estimado no orçamento, possibilita uma diminuição da taxa
básica de juros, um desejo da equipe econômica.
Nos últimos
meses, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem pressionado o Banco Central,
autônomo, para reduzir a taxa Selic.
Mais cedo
nesta quinta, a ministra disse que espera uma explicação “imparcial”
e “justa com o Brasil” do BC sobre a taxa básica de juros (Selic).
Para a ministra, o comunicado do Copom “saiu muito mais apertado” –
ou seja, mais duro – do que o previsto.
Em reunião
nesta quarta-feira (22), o Copom manteve a taxa em 13,75% ao ano. E acrescentou
que não vai “hesitar” em aumentar a Selic, caso a inflação não recue
“como esperado”.
Nesta semana, Simone Tebet já havia dito que, se o novo arcabouço fiscal for “bom”, os juros podem recuar já na próxima reunião do Copom marcada para o começo do mês de maio.
O chamado
“arcabouço fiscal”, ou seja, uma proposta de novas regras para as
contas públicas, deve ser anunciado nas próximas semanas pela equipe econômica
em substituição ao chamado teto de gastos – que limita o aumento das despesas
públicas à inflação.
A ideia é de se criar um mecanismo que permita ao governo fazer investimentos e despesas orçamentárias em saúde e educação, por exemplo, os chamados gastos sociais, sem gerar descontrole nas contas públicas.