Toffoli diz que é inconstitucional plataformas não se responsabilizarem por conteúdo nas redes
Toffoli diz que é inconstitucional plataformas não se responsabilizarem por conteúdo nas redes
STF julga a constitucionalidade de um artigo que diz que a rede social não é responsável pelo conteúdo de terceiros. Sessão foi encerrada nesta quarta sem a conclusão do primeiro voto, de Toffoli.
Por Fernanda Vivas, TV Globo — Brasília
O ministro
Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta quarta-feira (4)
que é inconstitucional o artigo do Marco Civil da Internet que diz que as redes
não têm responsabilidade sobre conteúdo criminoso postado por usuários.
“Parece-me
evidente que o regime de responsabilidade dos provedores de aplicação por
conteúdo de terceiros, previsto no artigo 19 do Marco Civil da Internet, é
inconstitucional”, afirmou o ministro.
O STF julga
desde a semana passada a constitucionalidade do artigo 19, que determina que as
redes só podem ser responsabilizadas se, após ordem judicial, não removerem
conteúdos apontados como ilegais. O Marco Civil da Internet está em vigor desde
2014.
Toffoli é
relator de um dos casos em julgamento, portanto, foi o primeiro a iniciar a
leitura do voto. No entanto, a sessão foi adiada no fim da tarde, antes que ele
concluísse a manifestação. O ministro deve concluir seu voto nesta quinta-feira
(5).
Durante a
fala, o magistrado justificou que esse artigo está falando em proteger direitos
e garantias individuais.
“Seja
porque, desde a sua edição, foi incapaz de oferecer proteção efetiva aos
direitos fundamentais e resguardar os princípios e valores constitucionais
fundamentais nos ambientes virtuais, conforme adiante se demonstrará, seja
porque, como já demonstrado, não apto a fazer frente aos riscos sistêmicos que
surgiram nesses ambientes, a partir do desenvolvimento de novos modelos de
negócios e de seu impacto nas relações econômicas, sociais e culturais”,
completou o ministro.
Moraes e
Dino defenderam a responsabilização
Mais cedo,
em apartes durante o voto de Toffoli, os ministros Alexandre de Moraes e Flávio
Dino também defenderam a responsabilização das redes.
Moraes
reforçou que a autorregulação das plataformas falhou e defendeu a necessidade
de proteger a dignidade humana e o Estado de Direito.
“O
discurso do ódio, da violência e do bullying não é só no Brasil, é no mundo
todo. Repito aqui que, infelizmente, a autorregulação falhou. É necessário que
se preserve a dignidade da pessoa humana, a honra das pessoas, e também se
preserve, no caso de atentados contra a democracia, o Estado de Direito”,
afirmou.
Já Flávio
Dino relembrou o ataque à escola em Blumenau, ocorrido em abril de 2023, como
um marco de alerta para a violência que circula nas redes e atinge os mais
jovens.
“Vivi
em abril de 2023 um dos meses mais terríveis da minha vida, que foi quando teve
aquele ataque à escola em Blumenau. Ali foram oito mil denúncias de violência
contra escolas, ameaças veiculadas, na maioria das vezes, na internet. As
nossas crianças, nossos adolescentes, são quem hoje estão expostos ao maior
número de violências”, argumentou Dino.