Veja áreas onde serão construídas casas para vítimas de chuva devastadora em São Sebastião

Veja áreas onde serão construídas casas para vítimas de chuva devastadora em São Sebastião

Um dos terrenos fica em área plana da Vila Sahy, epicentro da tragédia – governo de SP diz que trecho é seguro. Outro é em área próxima ao Centro da cidade e perto de praia que, em 2018, chegou a ser chamada pela prefeitura de 'cracolândia'.



Por g1 Vale do Paraíba e Região  01/03/2023 13h53 - Atualizado há uma hora

A chuva em São Sebastião deixou mais de mil pessoas desabrigadas na cidade. Na última semana, o governo estadual anunciou a construção de casas populares para que as pessoas sejam abrigadas fora das áreas de risco. De acordo com o Ministério Público, são mais de 100 áreas vulneráveis a desastres ocupadas na cidade.

Foram anunciados terrenos em três áreas. Os locais ficam nos bairros Topolândia, Maresias e uma área na própria Vila Sahy — epicentro da tragédia. Inicialmente, o governo estima que de 400 a 600 casas sejam construídas nessas três áreas.

Último boletim divulgado pelo estado aponta que a tragédia no Litoral Norte de São Paulo deixou 1090 desalojados e 1126 desabrigados até esta quarta-feira (1°). 

Governo estadual prevê construir casas populares na Topolândia, Maresias e Vila Sahy — Foto: g1

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e da Habitação de São Paulo informou que ainda não está definido para onde as famílias irão.

Moradores da Vila Sahy, onde está a maior parte dos afetados pela tragédia, temem ser levados para a Topolândia, a 45 km de distância de onde hoje moram. Os moradores trabalham nas casas de veraneio e em comércios na região sul da cidade e dizem que a transferência, se ocorrer, os deixaria sem ter como trabalhar.

“Na vila o terreno é bom, perto de escola, ponto de ônibus e trabalho. Até Maresias o pessoal aceita ir, mas mais pra frente, como o Topolândia, não. Aí fica desproporcional, é muito longe de tudo”, disse um morador que não quis se identificar.

Estado desapropriou área na Vila Sahy para construir moradias — Foto: g1

Um dos terrenos fica na Vila Sahy, epicentro da tragédia e que registrou a maior parte das mais de 65 mortes. O local é uma área que fazia parte de um projeto de reurbanização da comunidade, com a construção de casas fora da área de risco pelo CDHU oferecido em janeiro de 2022, mas que terminou sem resposta da prefeitura.

O terreno tem 10 mil m² e foi desapropriado pelo governo estadual no último sábado (25). Segundo o governo, apesar de estar próximo da comunidade alvo de deslizamentos, a área é plana e segura. Apesar disso, moradores dizem que na área ocorrem alagamentos.

“Ali alaga porque não está aterrado, não tem obra de drenagem. Só tem duto de água para levar para o mar. Tem que fazer um bom estudo de drenagem, uma obra bem pensada, para que o povo não se mude para lá e volte a sofrer com as chuvas”, disse um morador que não quis se identificar.

Pelo menos 80 casas serão construídas no local, de acordo com o governo estadual. Segundo o Ministério das Cidades, as casas construídas serão parte do programa ‘Minha Casa, Minha Vida’. 

Terreno na Topolândia deve receber casas populares para vítimas da chuva. — Foto: g1

Topolândia

O segundo terreno é da prefeitura e, segundo a administração, vai ser cedido para a construção de casas à população desabrigada. A área fica no Topolândia, a 45 km da área mais atingida pela chuva. A região é periférica e fica próxima à Praia do Deodato. Em 2018, a praia chegou a ser chamada pela prefeitura de “cracolândia” de São Sebastião.

O novo endereço é alvo de discussão entre os moradores. Isso porque a prefeitura e o governo do estado não deixaram claro se os moradores da Vila Sahy, que fica na região sul da cidade, vão ser transferidos para lá. A comunidade no Sahy tem como atividade principal o trabalho nas casas de veraneio e comércios na região sul, e a distância impactaria no trabalho.

Além disso, o bairro sofre com alagamentos e pelo menos duas casas desabaram por completo no dia da tragédia.

O g1 questionou a Secretaria de Habitação se há a previsão de que moradores da Vila Sahy sejam encaminhados para moradias populares que serão construídas no Topolândia, mas, por meio de nota, a Secretaria de Habitação informou que isso não foi definido e que “ainda precisam definir alguns pontos e análises para poder anunciar essas informações com exatidão”.

 

Maresias

Berço do surfista Gabriel Medina, Maresias é um dos destinos turísticos mais conhecidos da cidade e abriga casas luxuosas. O terreno para moradias populares também seria doado pela prefeitura de São Sebastião, que disponibilizou três áreas no bairro para avaliação do Estado:


– Na Avenida Paquetá, com 25,8 mil m²

– Na Rua Nova Iguaçu, com 12,5 mil m²

– Na Rua do Forno, com 6,4 mil m²


Em 2020, a prefeitura chegou a anunciar a construção de 220 imóveis populares no bairro. O terreno para a construção seria o da Avenida Paquetá. A obra, no entanto, não saiu do papel e foi alvo de polêmicas. À época do anúncio de casas populares, uma associação de moradores se posicionou contra dizendo que haveria insegurança e que pessoas de baixa renda não poderiam se manter no bairro.

Em uma reunião do grupo contra as moradias, o então secretário de comunicação do governo Bolsonaro, Fabio Wajngarten, que tem casa em Maresias, disse que já havia falado com o presidente da Caixa sobre o assunto (veja acima).

“Enquanto eu estiver em Brasília, usem a minha posição lá. Utilizem os meus contatos. Essa história da habitação, das casas, o Eliseu me endereçou há uma semana, perto do réveillon. Eu liguei para o presidente da Caixa Econômica para saber se era verdade que o governo federal estava envolvido nisso. O presidente da Caixa não estava nem sabendo disso”, disse à época.

Menos de 20 dias depois, a prefeitura suspendeu a seleção de empresas para construção das moradias sob alegação de que a Caixa não tinha disponibilidade de recursos para financiar a obra.

Nesta segunda, a possível interferência de Wajngarten para barrar a construção das moradias populares em Maresias foi alvo de uma denúncia do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) ao Ministério Público Federal.

No Twitter, Wajngarten afirmou que sua participação na reunião tinha objetivo de ajudar a população.

Procurada pelo g1, a Caixa informou que foi consultada pela Prefeitura de São Sebastião sobre a possibilidade de financiar a obra, mas esclareceu que atua conforme diretrizes do Ministério do Desenvolvimento Regional e que não havia, à época, portaria para abertura de seleções que permitissem a contratação de projetos para faixa mais popular do programa Minha Casa Minha Vida.


Novas áreas

A Prefeitura de São Sebastião informou nesta segunda-feira (27), que encaminhou ao governo do Estado a documentação de mais uma área que pode ser usadas para a construção de moradias populares em Barequeçaba. A administração ainda avalia possíveis áreas em Barra do Una e na Baleia Verde.

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