Vencedor, Friedrich Merz quer compor novo governo até a Páscoa

Vencedor, Friedrich Merz quer compor novo governo até a Páscoa

Eleitores alemães foram às urnas neste domingo (23/02) para escolher quem vai liderar o país após a desintegração da coalizão de governo do chanceler federal Olaf Scholz em novembro.

Por Deutsche Welle

Governo do social-democrata Olaf Scholz chega ao fim na Alemanha com vitória da oposição conservadora liderada por Friederich Merz, da aliança CDU/CSU. Os eleitores alemães foram às urnas neste domingo (23/02) para escolher quem vai liderar o país após a desintegração da coalizão de governo do chanceler federal Olaf Scholz em novembro e a convocação de eleições antecipadas.

Resultados preliminares dão vitória à aliança conservadora de oposição União Democrata Cristã (CDU)/União Social Cristã (CSU), liderada por Friedrich Merz, provável futuro chanceler do país.

Mas Merz, que dependerá de alianças com outros partidos, não deve ter uma tarefa fácil pela frente: a perspectiva é de um Bundestag (Parlamento) fragmentado e negociações para a formação de um novo governo que podem se arrastar por semanas.

O resultado significa também uma derrota histórica para o Partido Social Democrata (SPD) de Scholz e para o Partido Liberal Democrático (FDP), ex-parceiro de coalizão que ficou de fora do Parlamento. Parceiros de coalizão de Scholz, os Verdes também devem perder alguns mandatos.

 

Já a ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD) quase dobrou seu eleitorado e será a segunda maior bancada no Parlamento.

O partido A Esquerda conseguiu reverter sua trajetória de declínio nas pesquisas e garantiu bancada minoritária no Parlamento.

A sigla populista de esquerda BSW, dissidência do A Esquerda, também ficará sem mandato no Bundestag.

A campanha foi dominada por temas como a estagnação econômica do país, imigração, a continuidade da guerra na Ucrânia e a influência no pleito de atores externos no pleito como o bilionário Elon Musk e o vice-presidente americano J.D. Vance, que manifestaram simpatia pela AfD.

O partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) deve se firmar como a segunda maior força política nesta eleição, atrás dos conservadores do bloco CDU/CSU. A AfD deve recebeu pouco mais de 20% dos votos, contra 28,5% do bloco conservador.

Mas, se dependesse somente dos eleitores do leste alemão, a legenda terminaria o pleito em primeiro lugar.

Na contagem do voto de legenda, a AfD aparece à frente de todos os seus concorrentes nos cinco estados do leste alemão.

Na Turíngia, um dos principais redutos eleitorais da legenda, a AfD recebeu 38,6% dos votos na contagem final, de acordo com a comissão eleitoral estadual. Na Saxônia, a AfD aparece com 40,1% após o término da contagem em 414 dos 420 distritos eleitorais.

A AfD também estava na liderança nos estados de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, Brandemburgo e Saxônia-Anhalt – mas a contagem ainda não foi completada.

Na Turíngia, na Saxônia e na Saxônia-Anhalt, diretórios locais da AfD são oficialmente classificados como “extremistas” por órgãos locais de inteligência, que monitoram de perto as atividades de seus membros.

Na antiga Berlim Oriental, porém, o partido A Esquerda é o preferido do eleitorado.

Líder da aliança vencedora União Democrata Cristã (CDU)/União Social Cristã (CSU) e provável novo chanceler federal da Alemanha, Friedrich Merz disse querer formar um novo governo até a Páscoa, em 20 abril.

 

Na Alemanha, os eleitores não votam diretamente nos candidatos a chanceler, mas em seus partidos.

Para conseguir liderar um governo estável, um pretendente a chanceler federal precisa garantir mais de 50% dos votos no Bundestag, a câmara baixa do Parlamento alemão. Caso nenhum partido obtenha essa marca sozinho, é necessária a formação de uma aliança.

Normalmente, a iniciativa para liderar a costura de uma coalizão de governo e propor quem será o novo chanceler federal cabe à legenda que conquistar mais cadeiras no Parlamento.

Merz já afirmou diversas vezes descartar uma coalizão com a sigla de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD), isolada no Bundestag por um “cordão sanitário”, o que torna uma participação da legenda no próximo governo altamente improvável.

Mas diante da perspectiva de um parlamento fragmentado, a formação de uma coalizão não deve ser tarefa fácil.

A eleição deste domingo também marcou a estreia em eleições federais da Aliança Sahra Wagenknecht (BSW), legenda populista de esquerda formada em 2024 que leva o nome da sua fundadora.

Nas primeiras projeções da noite de domingo — e confirmado pelas urnas —, o partido de Wagenknecht aparecia abaixo dos 5%, com 4,9% dos votos, ainda insuficientes para garantir uma bancada no Bundestag.

Pelas regras da eleição alemã, partidos precisam de ao menos 5% dos votos ou eleger ao menos três deputados pelo voto direto nos distritos. Do contrário, seus votos são desprezados na formação do Parlamento.

Caso a BSW entre no Bundestag, ela vai diminuir o espaço das legendas maiores e, com isso, dificultar a formação de uma coalizão de governo pelo conservador Friedrich Merz.

Antes de lançar a BSW no ano passado, Wagenknecht era uma figura proeminente da legenda A Esquerda, mas vivia às turras com seus antigos correligionários por causa da sua oposição à imigração irregular e ao “identitarismo”.

Ao estrear em 2024 nas eleições europeias e três pleitos estaduais na Alemanha, a BSW se apresentou para o eleitorado com uma agenda heterodoxa: esquerdista em assuntos econômicos, porém mais próxima da ultradireita em questões como imigração e diversidade.

Analistas chegaram a apontar que a nova legenda poderia tomar quase todo o espaço do partido A Esquerda, e pesquisas no final do ano passado sugeriram isso. No entanto, conforme a campanha avançou, a BSW foi perdendo fôlego, e acabou sendo superada pela velha agremiação de Wagenknecht.

O presidente americano, Donald Trump, comemorou via redes sociais a vitória dos conservadores na eleição alemã e atribuiu o resultado ao “cansaço” do povo alemão com uma agenda “sem senso comum, especialmente em energia e imigração”.

“Parece que o partido conservador na Alemanha ganhou a eleição”, disse sobre o triunfo de União Democrata Cristã (CDU) e União Social Cristã (CSU), bloco liderado por Friedrich Merz, cotado para ser o próximo chanceler federal.

“Este é um grande dia para a Alemanha, e para os EUA sob a liderança de um cavalheiro chamado Donald J. Trump. Parabéns a todos — muito mais vitórias virão!!!”, postou em sua rede social, a Truth Social.

 

Confira o resultado das eleições por idade e gênero

O eleitorado alemão é relativamente velho: 42,1% dos eleitores têm 60 ou mais anos.

E é neste grupo que a aliança conservadora entre os partidos da União Democrata Cristã (CDU) e União Social Cristã (CSU), que venceu a votação deste domingo (23/02), teve seu melhor desempenho.

Logo atrás da CDU/CSU vem o Partido Social Democrata (SPD), do chanceler federal Olaf Scholz, que no cômputo geral amargou o terceiro lugar.

Já a AfD performa melhor entre os eleitores até 44 anos. No outro espectro do campo político, o partido A Esquerda, que renasceu nas urnas após ter sua morte política quase dada como certa, lidera entre os eleitores até 24 anos.

Em termos de gênero, as diferenças entre o eleitorado masculino e feminino ficam evidentes principalmente no voto para a AfD, mais de 50% maior entre homens.

 

Eleitorado pune Verdes e liberais, que formaram coalizão de Scholz

O Partido Social Democrata (SPD) do chanceler federal Olaf Scholz não foi a única legenda castigada nas urnas neste domingo (23/02).

Segundo as primeiras projeções, também os Verdes e o Partido Liberal Democrático (FDP), que fizeram parte da coalizão de governo nos últimos três anos, perderam eleitores.

Em meio a um cenário de crise econômica, alta nos preços de energia e tensões geopolíticas, os Verdes devem encolher alguns pontos percentuais, mas se manter em torno dos 12%.

O resultado interrompe a trajetória de crescimento que o partido ambientalista – um dos principais alvos de críticas da ultradireita – teve na última década.

No caso do FDP, a legenda pró-mercado que rompeu com Scholz em novembro do ano passado deve perder mais da metade do seu eleitorado em relação a 2021. E, com menos de 5% dos votos, arrisca até mesmo sair do Parlamento caso não consiga garantir a eleição de ao menos três deputados por mandato direto.

Essa seria apenas a segunda vez que isso ocorre na trajetória de 76 anos do partido – a última havia sido no pleito de 2013.

A saída do FDP da coalizão de governo de Scholz deixou o social-democrata sem maioria para governar e levou à antecipação das eleições.

Oficialmente, o FDP justificou o rompimento alegando discordar da administração do Orçamento. Reportagens divulgadas na imprensa alemã, contudo, sugerem que a saída teria sido cálculo eleitoral. 

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