Xi Jinping chega à Rússia para planejar ‘cooperação’ em meio a tensões com os EUA
Xi Jinping chega à Rússia para planejar 'cooperação' em meio a tensões com os EUA
Presidente chinês chegou nesta segunda (20) a Moscou para viagem de dois dias. Pequim diz querer liderar novo diálogo para fim da guerra, mas EUA e Reino Unido acusam país asiático de fornecer armas ao Exército russo.
Por g1 20/03/2023 07h04 - Atualizado há 11 minutos
O presidente
da China, Xi Jinping, chegou nesta segunda-feira (20) à Rússia, em uma viagem
que acirra as tensões com o Ocidente, que acusa Pequim de fornecer armas ao
Exército russo.
Esta é a
primeira visita do presidente chinês à Rússia desde o início da guerra na
Ucrânia.
Desde o
início deste ano, no entanto, Putin tem falado frequentemente sobre uma
parceria “estratégica” com Pequim. Serviços de Inteligência do Reino
Unido e dos Estados Unidos apontam que a Rússia começou a comprar armas da
China para tentar fazer frente ao apoio do Ocidente à Ucrânia.
Xi se
encontrará ainda nesta segunda com o presidente russo, Vladimir Putin, com quem
dará uma entrevista à imprensa. Na terça-feira (21), debaterão uma
“parceria estratégica” entre os dois países, de acordo com o governo
russo. Ele volta a Pequim no dia seguinte.
Mas Pequim
afirma que a viagem é o primeiro passo na tentativa da China de liderar uma
nova rodada de negociação de paz entre Rússia e Ucrânia.
Uma
guerra entre EUA e China está mais próxima?
Em um artigo
publicado na edição desta segunda de um jornal estatal russo, Xi Jinping disse
que sua proposta de paz servirá para “neutralizar as consequências do
conflito e promover um acordo político”. Mas ele disse saber que não é uma
tarefa fácil.
“Problemas
complexos não têm soluções simples”, afirmou.
Já Putin,
que chamou Xi Jinping de “velho amigo”, disse que a visita do líder
chinês confirma a parceria “especial” entre Rússia e China.
O serviço de
inteligência do Reino Unido afirma que China deve fornecer equipamentos
militares para a Rússia ao longo deste ano. Pequim negou.
Xi e Putin
já haviam se encontrado em setembro do ano passado, no Uzbequistão, durante um
encontro de líderes regionais.
Mandado
de prisão a Putin
A visita de
Xi acontece quatro dias depois de o Tribunal Penal Internacional, baseado de
Haia, na Holanda, emitir um mandado de prisão contra Vladimir Putin pelo crime
de “deportação ilegal” de crianças da Ucrânia à Rússia.
Moscou já
vinha sendo acusada por organizações não-governamentais, por Kiev e até por uma
investigação da Organização das Nações Unidas (ONU) de sequestrar crianças em
regiões ucranianas tomadas pelo Exército do país e de levá-las para centros de
“reeducação” em território russo. O próprio Kremlin já admitiu o
envio dos jovens ucranianos à Rússia, mas alega tratar-se de órfãos.
O Kremlin
chamou a decisao de “sem sentido”. A Rússia não reconhece a Corte
Internacional de Haia – criada em 1998 e que se reporta apenas aos países que
ratificaram (ou seja, adotaram internamente como lei), o que não é o caso do
governo russo.
Visita à
Ucrânia
No sábado
(18), Putin desafiou esse mandado de prisão e fez uma visita surpresa à
Mariupol, a cidade no sul da Ucrânia fortemente bombardeada por tropas russas e
atualmente controlada por Moscou.
A cidade foi
arrasada por ataques russos logo no começo da guerra. Mariupol era considerada
estratégica para Putin, por ter saída para o Mar Negro e estar próximo à
Crimeia, a península ucraniana invadida e ocupada pela Rússia em 2014.
Em 9 de março de 2022, apenas 15 dias após o início da guerra, uma maternidade da cidade foi atingida por bombardeios russos, de acordo com a Câmara Municipal do município. O Ministério da Defesa da Rússia negou que ordenou o ataque aéreo e acusou a Ucrânia de forjar o bombardeio.
Mas imagens
registraram a destruição e grávidas tendo de deixar o lugar às pressas em pleno
trabalho de parto e carregadas em maca.
Um ano de
guerra
A guerra da
Ucrânia completou um ano no fim de fevereiro, com a perspectiva de seguir se
arrastando ao longo de 2023 e ameaças de Moscou de uma retomada de territórios.
O governo russo também tem dado indícios de uma possível parceria com a China.
Kiev, por
outro lado, tem se apoiado no envio de armas e equipamentos militares por
países do Ocidente, com os tanques alemães Leopard 2, para conseguir expulsar
as tropas russas, que controlam atualmente cerca de 20% do território
ucraniano, no leste do país.