Zambelli nega ter pagado hacker para invadir sistemas do Judiciário
Zambelli nega ter pagado hacker para invadir sistemas do Judiciário
Deputada disse que está à disposição da Justiça.
Publicado em 02/08/2023 - 12:59 Por Lucas Pordeus León - Repórter da Agência Brasil - Brasília
Acompanhada
por alguns colegas de partido, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) negou
ter pagado o hacker Walter Delgatti Neto para invadir o sistema do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ) e de outros tribunais. Ela conversou com a imprensa
nesta quarta-feira (2) na Câmara dos Deputados e disse que está à disposição da
Justiça.
Conhecido
como o hacker da “Vaza Jato”, Delgatti foi preso preventivamente hoje por
decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Já a
deputada Zambelli foi alvo de busca e apreensão e teve a casa e o gabinete
vistoriados pela Polícia Federal (PF).
Zambelli
disse que fez um pagamento de R$ 3 mil a Delgatti para que ele fizesse
melhorias no site dela, além de interligar a página com suas redes sociais. “Eu
pagaria R$ 3 mil para me arriscar dessa forma? Para fazer uma brincadeira de
mau gosto? Porque essa questão do CNJ foi uma brincadeira de mau gosto. Eu sou
uma deputada séria, eu sei o que é certo e o que é errado, e eu acho que não
participaria de uma piada de mau gosto com Alexandre de Moraes”, afirmou a
deputada.
Segundo a
Polícia Federal, o sistema informático do Banco Nacional de Mandados de Prisão
do CNJ foi invadido e um mandado de prisão falso contra Alexandre de Moraes foi
incluído na plataforma do Judiciário. A PF também investiga a inserção de dez
alvarás de soltura no sistema do CNJ em benefício de presos espalhados pelo
país.
Segundo o
despacho de Moraes, a PF informa que Walter Delgatti teria recebido R$ 13,5 mil
“possivelmente como contraprestação pelos serviços prestados, por meio de
interpostas pessoas próximas da deputada federal Carla Zambelli”.
Em
depoimento à PF, o hacker disse que recebeu pagamentos de Carla Zambelli para
prestar serviços cibernéticos, e que a parlamentar pediu que ele invadisse o
telefone celular e o e-mail do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Encontro
A
parlamentar disse que conheceu o hacker saindo de um hotel e que teria
apresentado ele ao presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, e ao
ex-presidente Jair Bolsonaro. Zambelli disse que o hacker queria oferecer os
serviços dele ao PL para participar de uma auditoria nas urnas eletrônicas.
Porém, Zambelli disse que o negócio não foi fechado. “Eu não sabia como ele estava naquele
momento, em que espectro ideológico”, justificou.
Sobre o
encontro com Bolsonaro, Zambelli disse que o ex-presidente apenas queria saber
a opinião sobre a segurança da urna eletrônica devido ao conhecimento de
Delgatti sobre tecnologia da informação. “Por certo, o presidente deve ter
ficado com receio de contratar alguém assim”, especulou a parlamentar, que
acrescentou que não houve mais contato entre Bolsonaro e Delgatti após essa
reunião.
O hacker
Walter Delgatti Neto ficou conhecido por ter acessado o celular do ex-deputado
federal e ex-procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, dando início à série de
reportagens conhecida como Vaza Jato, que revelou os bastidores da Operação
Lava Jato. Os dados revelados por Delgatti reforçaram os argumentos dos
críticos da Lava Jato que acusam a operação de ter se guiado por objetivos
políticos, desrespeitando o devido processo legal e o princípio da
imparcialidade do Judiciário.
Edição:
Lílian Beraldo